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Ajuda de quem já chegou lá

Instituições com bons resultados recebem premiação - desde que apoiem as com notas baixas

POR:
Aurélio Amaral
Como funciona o programa. Ilustração: Mario Kanno

Em uma turma com diferentes níveis de aprendizagem, uma boa estratégia é incentivar os estudantes com mais facilidade a trabalhar com aqueles com dificuldade. Isso porque os colegas se sentem mais à vontade para discutir, expor as dúvidas e, consequentemente, aprender uns com os outros. Nas escolas, a realidade também é heterogênea: algumas fazem uma boa gestão e cumprem as metas de aprendizagem e outras não. Então, por que não promover o encontro entre elas?

Foi o que fez a Secretaria da Educação do Estado do Ceará. Desde 2008, ela premia as 150 escolas públicas - tanto as estaduais como as municipais - com melhor desempenho no Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece), a avaliação externa estadual. No entanto, apenas 75% do prêmio em dinheiro é depositado imediatamente. Para receber os 25% restantes, a instituição deve desenvolver ações de cooperação pedagógica e de gestão - uma espécie de coaching, termo em inglês que significa "assessoramento" - com uma das 150 unidades com os resultados mais baixos (veja o infográfico acima).

O roteiro de assuntos a serem tratados entre elas é definido pelos próprios diretores e professores. "Registramos as práticas de gestão diferentes das nossas, avaliamos quais delas não contribuíam para a aprendizagem e, com base nisso, elaboramos as sugestões", explica Francisco Josimar Menezes, diretor da EEF Macário José de Faria, em Cruz, a 247 quilômetros de Fortaleza, que apoiou a EEIEF Manoel Duca da Silveira, em Acaraú, a 242 quilômetros da capital. A consultoria deu tão certo que, no ano passado, a Manoel Duca foi premiada pelos bons resultados e agora vai apoiar outra escola próxima à capital.

As instituições tiveram sorte. Por estarem próximas uma da outra, elas realizaram seis visitas - o dobro das exigidas pela Secretaria (leia quadros abaixo). Já quando as distâncias não favorecem, o intercâmbio deve ser reforçado por telefone ou pela internet. Durante uma das visitas, Cleide Campos, diretora da EEIEF Adélia Crisóstomo, em Caucaia, na Região Metropolitana, percebeu que o diagnóstico de aprendizagem feito pela EEF José Tomaz de Oliveira, em Tianguá, a 317 quilômetros de Fortaleza, era mais detalhado que o da sua instituição. Cleide pediu a Francisca das Sardas de Oliveira, diretora da Tomaz, por e-mail, as planilhas utilizadas por ela, tirou as dúvidas sobre como orientar a coordenação pedagógica para bem utilizá-las e conversou com ela durante a implantação do novo processo. Na visita seguinte, já foi possível discutir o resultado da experiência.

"O comprometimento da escola nos contagiou. Para nós, ser premiado era uma meta distante. Com esse trabalho, ela se tornou acessível", conta Maria Nágila da Silveira, coordenadora pedagógica da Manoel Duca. O desafio, contudo, é manter os esforços. Nágila admite que, no ano seguinte ao da parceria, a equipe se envolveu menos - e, claro, isso não pode acontecer. "A política perde o fôlego se o estímulo for somente de ordem financeira. O desafio dos gestores será manter a mobilização da equipe por uma Educação melhor independentemente das avaliações externas", diz Idevaldo Bodião, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Foco no reforço
O que a EEIEF Adélia Crisóstomo, em Caucaia, aprendeu com a EEF José Tomaz de Oliveira, em Tianguá:

- Fazer o acompanhamento individual aos professores semanalmente.

- Oferecer aulas de reforço no contraturno com uma professora formada para isso.

- Realizar testes diagnósticos quinzenais para identificar os alunos que precisam de reforço.

- Intensificar o combate às faltas dos alunos, visitando a casa das famílias após a segunda ausência não justificada.

Instituições com bons resultados recebem premiação - desde que apoiem as com notas baixas. Ilustração: Mario Kanno

Atenção à leitura
O que a EEIEF Manoel Duca da Silveira, em Acaraú, aprendeu com a EEF Macário José de Faria, em Cruz:

- Formar turmas menores no 1º e no 2º ano para dar atenção individualizada durante o processo de alfabetização.

- Controlar melhor a frequência dos professores e não abrir exceções em caso de faltas e atrasos não justificados.

- Oferecer opções de brincadeiras no recreio.

- Dar foco às atividades de leitura nas reuniões de formação.

- Incluir no planejamento momentos diários de contação de histórias.

- Fazer reunião de pais no fim da tarde para aumentar a participação das famílias.

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