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Coleta seletiva na escola

Conheça o lixo produzido pela escola e garanta o descarte correto

POR:
Karina Padial
Coleta seletiva: conheça o lixo produzido pela escola e garanta o descarte correto. Ilustração: Daniel Bueno

O que sua escola faz com os papéis que não têm mais utilidade? E com as latas de alimentos e o plástico das garrafas PET e dos copos de água? Jogar no lixo comum é o procedimento mais corriqueiro, porém está longe de ser o adequado. Implantar a coleta seletiva traz benefícios para o meio ambiente - já que os materiais não terão a natureza como destino final - e para a própria comunidade, que frequentará ambientes mais limpos e agradáveis.

Contudo, não basta espalhar lixeiras coloridas nos corredores para colocar em prática o programa. É preciso um planejamento cuidadoso e, principalmente, um trabalho em equipe para garantir que seus objetivos - conscientizar os alunos e educá-los em um dos muitos aspectos relacionados ao cuidado com o meio ambiente - sejam atingidos. A iniciativa envolve várias etapas, desde a investigação sobre o impacto do descarte inadequado até a divulgação das pesquisas realizadas pelos alunos e dos resultados do projeto, que podem ser trabalhados em diversas disciplinas. "O processo deve ser complementado com outras ações de cidadania, ecologia e higiene para estimular a consciência ambiental de todos", diz Ana Maria Luz, presidente do Instituto Gea - Ética e Meio Ambiente, em São Paulo. A seguir, seis passos para uma coleta eficiente.

1 Formar grupos de trabalho

Convide os diversos segmentos que compõem a comunidade escolar para participar do planejamento e da execução do projeto. Para tanto, organize uma comissão com no mínimo um membro de cada grupo (um gestor, um funcionário, um professor, um aluno de cada turno e uma ou mais pessoas da equipe de limpeza, cujo conhecimento e atuação são indispensáveis). Apresente a proposta e os objetivos nas reuniões de pais, do conselho escolar, do grêmio e nos horários de trabalho coletivo e aguarde que voluntários se apresentem. A coordenadora pedagógica Maria Lucia Nicácio de Sales, do CEI Paulo César Fontelles de Lima, em São Paulo, realizou uma formação na qual discutiu o tema com os docentes e os funcionários e não teve problema em formar a equipe: "As pessoas se interessam em participar quando percebem que vão colaborar para melhorar o espaço da escola e diminuir o impacto provocado pelo lixo".

2 Estudar o tema

A primeira tarefa da comissão é analisar os materiais que compõem o lixo da escola e a quantidade produzida. Pode-se observar como, onde e por quanto tempo os sacos ficam armazenados e quais os itens mais presentes. Em paralelo, os coordenadores pedagógicos vão orientando os professores das diferentes áreas a trabalhar o tema em sala. Os alunos devem levantar e analisar os dados locais e gerais sobre o desperdício de alimentos, processos de destinação final do lixo e seus impactos no meio ambiente e na saúde pública, tempo de decomposição e formas de reciclagem. O resultado das pesquisas servirá de base para o planejamento da ação e ajudará também a convencer a comunidade a se envolver.

3 Definir o descarte

De nada adianta analisar o lixo, separá-lo, orientar os funcionários e convocar a comunidade a participar da ação se os resíduos forem descartados todos juntos. Isso porque, segundo Ana Maria, do Instituto Gea, ao ver que o destino final é o lixo comum, a comunidade escolar se desestimula a seguir com as ações. Segundo Pólita Gonçalves, gerente de Educação Ambiental do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea), antes de colocar o projeto em prática é necessário que a comissão verifique as possibilidades que o município oferece para o recolhimento dos recicláveis. Em algumas cidades, o poder público tem serviço de coleta seletiva em todos os bairros. Na ausência desse recurso, busque empresas e cooperativas de catadores que se interessem pela compra dos itens (eles geralmente se encarregam da retirada).

4 Instalar as lixeiras

Caso uma única entidade recolha todos os tipos de lixo, basta um coletor para os orgânicos e outro para os recicláveis. Já se o destino de cada material for diferente, vale oferecer mais cestos específicos para metal, papel, plástico e vidro. Se não quiser ter custos para adquiri-los, sugira que os próprios alunos façam a adaptação de caixas ou latas. A localização das lixeiras exige atenção. "Vale mapear os lugares onde há maior produção de cada espécie de resíduo para planejar a distribuição", diz Carmenlucia Santos, coordenadora do curso de Tecnologia em Saneamento Ambiental da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Uma lixeira para papel, por exemplo, será mais bem utilizada nos corredores das salas de aula do que na cantina, onde se descartam mais embalagens de plástico e de metal. Maria Lucia, do CEI Fontelles de Lima, optou por não deixar depositórios para recicláveis no fraldário: "Sabíamos que lá a maior parte dos materiais é suja e não pode se misturar aos outros".

5 Divulgar o projeto

O sucesso da iniciativa depende do engajamento de todos. Com apoio dos gestores, a comissão pode planejar um evento de lançamento ou fazer campanha durante uma festa ou atividade já prevista no calendário. É possível organizar encontros para apresentar as etapas e metas para alunos, pais, professores e funcionários. Valorize a participação da equipe de limpeza nessa fase, colocando seus integrantes para apresentar os dados e responder às perguntas da comunidade. Para reforçar a ação, invista em campanhas de divulgação em diversas frentes. Utilize o blog, o jornal da escola e outros meios de comunicação que tiver à disposição, como as emissoras de rádio e TV locais. Aproveite para falar da iniciativa e dos resultados do projeto e compartilhar as conclusões das pesquisas realizadas pelos alunos.

6 Avaliar o resultado

A comissão deve refletir sobre o programa regularmente e ouvir a comunidade para identificar problemas e receber sugestões. Se os cestos vivem lotados, é necessário esvaziá-los com maior frequência. Se há atrasos no recolhimento, deve-se procurar outra entidade que realize esse trabalho. Recomenda-se fazer balanços mensais da quantidade de material coletado, comparar com períodos anteriores e, no caso da venda dos resíduos, divulgar o valor obtido e como ele foi empregado pelos gestores.