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Como escolher bem os livros didáticos

Conheça alguns critérios para promover uma seleção consciente das obras que serão usadas nas séries finais do Ensino Fundamental

POR:
Frances Jones
Faça uma boa escolha. Foto: Stockbyte/Getty Images

Atualizado em 07/07/2016

A cada três anos, as escolas da rede pública brasileira passam pelo mesmo ritual: a seleção das publicações que vão complementar os estudos dos alunos e ajudar o professor a ensinar. Esse processo faz parte do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e é organizado por segmento. Em 2016, serão selecionadas as coleções para os anos finais do Ensino Fundamental que estarão em uso em 2017, 2018 e 2019.

Mas o que deveria ser um momento formativo e propiciar uma análise criteriosa das obras nem sempre recebe a devida importância. Não raro, elas ficam expostas na biblioteca, no corredor ou mesmo no refeitório, enquanto os professores definem as que querem usar em sala de aula. Dessa forma, corre-se o risco de escolher uma coleção cuja proposta pouco ou nada tem a ver com as expectativas de aprendizagem da comunidade atendida pela escola.

"O ideal é promover uma discussão aprofundada para que a seleção seja feita de forma democrática e apoiada nas concepções definidas no projeto político-pedagógico (PPP) e no Plano de Educação da rede", afirma Miriam Orensztejn, formadora da Comunidade Educativa Cedac, de São Paulo.

Parece que isso vem ocorrendo: enquete feita no site e nas páginas das redes sociais de GESTÃO ESCOLAR e NOVA ESCOLA mostra que 56% dos professores tomam as decisões com os coordenadores e eles avaliam, antes de tudo, se as coleções das quais gostaram estão alinhadas às demandas dos alunos e dos docentes. Os dados foram colhidos no dia 30 de janeiro.

"Para isso, é importante que a equipe gestora tenha clareza de seu papel em todo o processo", ressalta Suzana Mesquita Moreira, coordenadora pedagógica da Escola Projeto Vida, em São Paulo. Diretor e coordenador pedagógico podem fazer uma pré-seleção dos livros antes de disponibilizá-lo ao corpo docente. "É interessante verificar se os exemplares usados nos anos anteriores atingiram os objetivos", afirma Marta Durante, diretora pedagógica da Escola Santi, em São Paulo (leia outros critérios na próxima página). Também é válido conhecer o ponto de vista dos alunos e perceber se eles se envolveram com as propostas. Um instrumento fundamental para apoiar essa avaliação é o Guia de Livro Didático, publicação distribuída pelo Ministério de Educação (MEC), que traz uma série de dicas e sugestões para ajudar os docentes na seleção.

Na EMEF Faruk Salmen, em Parauapebas, a 645 quilômetros de Belém, o diretor e o coordenador se reúnem com a equipe docente durante dois dias, após o horário de aula, para escolher os livros. Professores mais experientes formam grupos com os novatos. Juntos, eles definem um item do currículo para analisar como ele é trabalhado pelas diferentes coleções, verificando a proposta temática, os conteúdos e as habilidades e competências que o material ajuda a desenvolver. Após o debate, a decisão final é tomada coletivamente. A diretora, Edna Mesquita, diz que participa de todo o processo, procurando deixar clara a sua opinião: "Fico atenta principalmente para verificar se a seleção condiz com a nossa proposta pedagógica. Caso isso não aconteça, meu dever é alertar a todos".

Para que essa experiência sirva de base para futuras decisões, os debates devem ser registrados e acrescentados ao PPP.

Critérios básicos

Confira as dicas para a equipe decidir com segurança:

Coerência com o PPP
Os conteúdos selecionados e a forma como estão distribuídos e organizados ao longo das unidades têm de ser compatíveis com os objetivos de aprendizagem para cada série e disciplina previstos no PPP.

Encadeamento ao longo de um ciclo
A sequência com que os temas são apresentados em toda uma coleção tem de seguir a progressão de aprendizagem planejada pela escola, evitando assim o risco de repetição ou exclusão de algum tema.

Conteúdos ajustados ao nível dos alunos
O livro deve dialogar com o estudante. A linguagem, o vocabulário e a construção das frases acessíveis e compatíveis com a série em questão e as atividades claras ajudam o aluno a entender o conteúdo.

Estratégias didáticas adequadas
A maneira como os temas são trabalhados também precisa estar de acordo com o PPP. Em um experimento de Ciências, por exemplo, é interessante observar se os estudantes são estimulados a formular hipóteses ou ele é usado apenas para demonstrar um conceito.

Valorização da autonomia do aluno
Exercícios repetitivos ou de memorização não são indicados, pois levam a criança a ser um ator passivo na aprendizagem. Por isso, o melhor é selecionar edições com atividades que permitam a aplicação do conhecimento a novas situações.

Estímulo à interação com o mundo letrado
Além de trabalhar os conteúdos propostos, é interessante que as obras promovam uma articulação com conhecimentos em outras publicações e mídias, como a televisão, as produções em vídeo e a internet.

Alinhamento do autor ao projeto pedagógico
Conhecer o currículo do autor, sua experiência profissional e suas opiniões ajuda a avaliar a obra.

Livro do professor
É fundamental que as obras escolhidas sejam acompanhadas de manuais que ofereçam uma complementação ao trabalho em sala de aula. Esse material será mais rico se ele trouxer propostas de trabalho interdisciplinar, textos de aprofundamento e atividades adicionais às do livro do aluno.

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