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Colunas Ética na escola

Confira os artigos de Terezinha Azerêdo Rios, doutora em Educação, a respeito das dúvidas e dos desafios enfrentados pelos gestores no dia a dia da escola

TAR
Terezinha Azerêdo Rios
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Para que servem os resultados das avaliações?

Mais do que com rankings, a escola deve se preocupar com a formação de pessoas para o mundo

POR:
Terezinha Azerêdo Rios

Ter a escola classificada entre as melhores da cidade, da região ou do país é motivo de orgulho para qualquer gestor. O trabalho reconhecido gratifica e faz com que se procure ir adiante, aprimorando cada vez mais seus frutos. Por outro lado, compreende-se a preocupação dos diretores cujas unidades não têm desempenho satisfatório. O esforço pela busca de um bom desempenho é aí requerido de maneira especial.

Para além dos resultados e da ressonância deles na comunidade, vale refletir sobre o significado da qualidade que se deseja nos processos de ensino e aprendizagem. Do ponto de vista da ética, um trabalho de boa qualidade é aquele que faz bem, isto é, que vai ao encontro do que é necessário para uma vida plena, para o conhecimento ampliador das potencialidades humanas e da intervenção na construção de uma sociedade igualitária e democrática. Assim, é preciso que os educadores examinem, de um lado, as exigências que se fazem às escolas e os critérios os quais se determina o que é boa qualidade; de outro, os valores que os sustentam e como eles se articulam com as necessidades concretas do contexto social.

Os gestores precisam ficar atentos para não reduzir os resultados dos processos de ensino e aprendizagem apenas ao caráter técnico e ignorar as dimensões estética, política e ética. Para essa reflexão, cabem algumas perguntas: os alunos que dominam bem o conteúdo das disciplinas se relacionam de maneira respeitosa com os demais? Têm consciência da responsabilidade que emerge com a aquisição dos saberes? Vão além da perspectiva pragmática da aprendizagem? Afirmamos que cabe à escola colaborar na construção da cidadania. Temos de pensar, então, o que isso implica quando se fala em escolas de qualidade.

Quero reiterar algo que tenho partilhado em encontros com colegas educadores: o bom ensino é aquele que cria condições para a formação de alguém que sabe ler, escrever, resolver problemas. Isso parece óbvio, mas, como aprendemos com Darcy Ribeiro, o óbvio nem sempre é reconhecido como tal. Por isso, é preciso esclarecer.

Quando dizemos ler, escrever e resolver problemas, estamos afirmando: ler não apenas os livros mas também os sinais do mundo e a cultura do nosso tempo. Escrever não apenas nos cadernos ou computadores mas também na realidade da qual fazemos parte, deixando sinais e símbolos, intervindo em sua significação e ressignificação. Resolver problemas não apenas no espaço da Matemática, mas no amplo universo das questões que desafiam os seres humanos na construção de sua história, no convívio com os outros, nas expressões político-sociais, nas criações artísticas, nas manifestações religiosas e nas investigações científicas.

Aqui, algumas outras indagações nos desafiam: estarão as escolas realizando um bom trabalho nessa direção? Haverá efetivamente uma preocupação com a qualidade social da aprendizagem? O conhecimento adquirido deve contribuir para o reconhecimento, o respeito e a valorização do outro? Vale dizer que só respostas afirmativas farão com que haja sentido em se orgulhar de bons resultados e em procurar buscá-los quando ainda não foram consolidados.

Terezinha Azerêdo Rios

É graduada em Filosofia e doutora em Educação.