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Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

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Um aluno furtou algo do colega. O que fazer nessa situação?

POR:
Flávia Vivaldi
Criança segura carrinho de brinquedo amarelo. Blog Aluno em Foco Orientação Educacional. Site Gestão Escolar / Nova Escola. Crédito da imagem: SXC.hu

As situações de furto são frequentes e bastante delicadas. Por isso, todo cuidado é pouco ao lidar com elas.

– Por que você roubou o adesivo do Snoopy da sua amiga?, me perguntava a professora.

 A indagação se repetiu muitas vezes. Mesmo nos pequenos momentos de silêncio, eu ouvia a pergunta ecoando na minha cabeça. Ela repetia, repetia. A voz dela ao longe e o corpo tão perto. Eu queria responder, mas não tinha palavras. Desejei apenas fechar os olhos. Dormir. Sumir.

Ela achava meu silêncio insubordinação, mas era pura ignorância minha. Meu olhar era interpretado como afronta, mas era puro pavor. Não tinha palavras. Não escondia o verbo, simplesmente desconhecia.

Diante do meu não dito, ela se enfurecia

 e mais. No fundo da sala, uma voz esganiçada arriscou:

–  Isso é inveja!

Meus olhos se arregalaram. Meu coração disparou. Sentia um misto de tristeza e euforia. Eu era pecadora, mas descobri que o que eu sentia tinha nome.

Inveja.

Eu ainda não sabia que era do humano tal reles sentimento. Me vi excluída, sem par nisto tudo neste mundo. Mas também aliviada. A professora decifrou o hieróglifo. Era isso que eu queria dizer gritar para o mundo:

– Eu não suporto a Gilda ter tudo: canetinhas coloridas, borracha de cheiro, o adesivo do Snoopy. Felicidade.

A professora me fez crer que só eu era errônea nesta terra. Todos eram semideuses, menos eu.

Furto na escola é uma situação recorrente, séria e delicada.

O que fazer com a menina que furtou o adesivo do Snoopy de uma amiga? Como agir em uma situação como essa?

Educador, educadora, queremos MUITO saber o que você faria!

Compartilhe suas reflexões no campo de comentários abaixo. Na semana que vem, vamos expressar nossa opinião dialogando com as colocações de vocês.

Para aquecer esse debate, vale esclarecer alguns aspectos:

  • Há muitos casos de perda ou esquecimentos de objetos que são interpretados como furtos, o que gera muita confusão. Todo cuidado é pouco antes de afirmar: “houve um furto”.
  • É preciso recolher informações sobre a situação e analisá-la antes de qualquer ação que incorra em erros, como acusações em falso.
  • Furtar é diferente de roubar. O furto subtrai algo de alguém, mas sem violência ou ameaça – como é o caso do roubo.
  • As situações de furto na escola devem ser tratadas como situações educativas e não casos de polícia.
  • As crianças e jovens furtam por diferentes razões (conquistar afeto e prestígio, lidar com a raiva…), não sendo possível fazer generalizações.
  • Raramente furtos nas escolas podem ser considerados distúrbios psicopatológicos, como a cleptomania.
  • Muitos furtos são pedidos de socorro.

Boa semana, educador, boa semana, educadora!

P.S.: As expressões em negrito no nosso exemplo (fruto de uma experiência pessoal nossa) foram retiradas ou inspiradas em versos do Poema em Linha Reta, de Fernando Pessoa. Acesse e se delicie com o poema na íntegra.