Nos últimos anos, com a necessidade de dar autonomia ao aluno e torná-lo um leitor-produtor, o termo redação foi substituído pela expressão produção textual. O objetivo dessa proposta é formar pessoas capazes de se comunicar por escrito e adequar seus textos a diferentes contextos, propósitos e tipos de leitores, além de organizar o discurso sem desconsiderar as características específicas do gênero que está produzindo.
Para que as crianças se tornem produtoras, é necessário que elas tenham acesso a uma grande diversidade de textos, participem de situações coletivas de produção e também de momentos individuais. Essas atividades devem fazer parte do cotidiano da sala de aula e precisa estar presente desde as séries iniciais em diferentes modalidades organizativas: projetos didáticos, atividades permanentes ou sequências de atividades.
Desenvolver trabalhos com produção de texto é uma dificuldade para muitos professores. Muitos deles alegam que os alunos têm dificuldades, que não conseguem escrever e que as produções apresentam muitos problemas. Outros aplicam a atividade apenas para trabalhar com ortografia, pontuação e uso de parágrafos, enquanto as características de gênero textual acabam passando despercebidas. Dessa forma, a produção é utilizada mais como um diagnóstico do que como uma estratégia para ampliar o conhecimento dos alunos sobre a linguagem e a interpretação de texto.
Ao perceber essas inquietações e justificativas dos docentes, elaborei um roteiro de ações que o coordenador pode utilizar levando em conta a seguinte questão: O que os professores sabem sobre produção de texto?
1) Antes de uma reunião sobre o tema, peça que eles planejem uma atividade de produção de texto para a sala em que atuam, sem especificar o gênero e a modalidade organizativa. Com isso, o docente poderá explicitar seus conhecimentos prévios sobre o assunto.
2) Oriente os professores a aplicar a situação didática de escrita em sala de aula, pois ela será tematizada. Para analisar o material produzido pelos docentes, marque uma data para entrega do planejamento, aplicação em sala de aula e registro da atividade.
3) Organize um roteiro de apoio para ajudar o educador com o registro da prática, com questões como: Que tipo de texto foi proposto? Que ações foram desencadeadas para que os alunos produzissem? A turma apresentou dificuldades em que aspectos? Quais dificuldades você encontrou para realizar a atividade em sala de aula? Em seguida, peça que eles avaliem os resultados e identifiquem as necessidades de aprendizagem dos estudantes.
4) Analise os registros do professor e a produção dos alunos, considerando o foco da produção (o que, para que e para quem), o que os alunos sabem e o que precisam aprender e verificando se as condições didáticas para a produção foram garantidas. Depois, organize reuniões para tematizar esses aspectos.
5) A cada encontro, organize um documento com a equipe para registrar as reflexões.
6) Selecione bons textos que sirvam como material teórico para discutir sobre os conteúdos envolvidos na produção de texto e as condições didáticas que precisam ser garantidas para garantir a aprendizagem.
7) Ao final da formação, proponha um novo planejamento para ser aplicado em sala e verifique os conhecimentos adquiridos ao longo do processo.
Esse trabalho de formação nos dá subsídios para direcionar a reflexão e aos poucos modificar as práticas docentes. Propor atividades e auxiliar os professores a desenvolvê-las com mais regularidade garante que os estudantes sejam mais autônomos e se tornem verdadeiros produtores de texto.
E os professores da sua escola, o que sabem sobre produção de texto?
Abraços
Eduarda