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A difícil decisão de reter – e o que fazer com os retidos

POR:
Joelma Souza
No próximo ano, ofereceremos suporte aos alunos retidos e promoveremos a maior cumplicidade entre a família e a escola

No próximo ano, ofereceremos suporte aos alunos retidos e promoveremos a maior cumplicidade entre a família e a escola

Terrorismo: o termo, aparentemente estranho à Educação, surgiu em uma reunião de diretores, aqui na cidade de Itapetininga (SP). Meus colegas a usaram para se referir ao que alguns professores faziam com os alunos dentro da escola. A principal “arma de destruição em massa”, claro, seria a ameaça de retenção.

Com esse termo ecoando na minha cabeça, fui para casa e resolvi pesquisar melhor seu sentido. Descobri que terrorismo vem do latim “terror” e significa “causar medo, coagir, combater ou ameaçar pelo uso sistemático do terror”. Ao buscar essas referências, me lembrei de que, no tempo em que eu estava na escola, o bom professor era aquele que reprovava seus alunos. Não tinha discussão. Ele reprovava e ponto. O “terror” vivido pelos alunos era tão intenso que calafrios percorriam pelo corpo todo. Você também se recorda dessa época?

Felizmente, hoje vivemos uma nova perspectiva sobre o modo de avaliar. Nós, professores, contextualizamos a avaliação no fazer do aluno, ou seja, em tudo o que ele desenvolveu dentro e fora da sala de aula, em sua capacidade criadora e em suas devolutivas dentro desse processo de conhecimento que o levaram a obter determinado resultado. Seu desempenho, portanto, leva todos esses fatores em conta. Ainda assim, alguns alunos acabam retidos.

Sei que o assunto é controverso e o que vou expor aqui é minha opinião sobre o tema. Eu não utilizo a palavra reprovação, porque o seu significado é de exclusão e de rejeição. Em vez dela, prefiro retenção, que conota o tempo de espera, parar por um tempo para resgatar. Portanto, não vejo a retenção como um bicho papão, mas como uma nova oportunidade, ou seja, começar de onde parou. No entanto, nem sempre a retenção é a melhor alternativa para um aluno com dificuldades, porque estas poderão se arrastar por um período, se desenvolverem em problemas mais graves que levarão ao fracasso escolar e, consequentemente, ao abandono.

O que fazer com os retidos

Foi seguindo essa visão que eu, os professores e os monitores da minha escola realizamos o conselho de classe na última sexta-feira, sobre o qual refleti com vocês na semana passada. Nesse momento, discutimos toda a vida escolar das crianças que não conseguiram avançar na série/ano. Para isso, revimos os detalhes das atividades feitas por ele, pelo professor e pela escola durante o ano letivo, considerando os investimentos realizados, desde a melhoria dos ambientes até a integração dos pais no processo de aprendizagem, por exemplo. O que deu certo e o que deu errado? Como poderemos ajudar essas crianças no próximo ano?

Depois dessa discussão, definimos algumas ações. Para o início do ano que vem, decidimos fazer uma avaliação diagnóstica dos alunos que foram retidos neste ano. Assim, já nas primeiras semanas de aula, ofereceremos suporte a essas crianças, com aulas direcionadas às dificuldades apresentadas neste ano.

Também resolvemos realizar uma reunião com cada família para promover a cumplicidade com a escola. Considero essa parceria fundamental! Para alunos que possuem muita dificuldade de aprendizagem, utilizaremos uma ficha de acompanhamento de sondagens e encaminhamentos para que especialistas nos ajudem e pediremos aos pais que assinem um termo de compromisso para dar essa assistência.

Na minha escola, comprometimento de todos será a palavra-chave de 2014!

Espero que vocês tenham obtido resultados significativos neste ano, mesmo que algumas retenções tenham acontecido! Para superar as dificuldades e seguir adiante, o importante é que a conscientização de grupo leve em consideração o resultado que se espera para o próximo ano.

E para você, diretor, como foi o último conselho de classe com sua equipe?

Um grande abraço, Sonia Abreu