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Como criar uma APM atuante?

POR:
Joelma Souza

Transparência reforça a parceria com a APM, que pode resultar em melhorias para a escola, como a pintura do pátio e outras áreas. Foto: Renata Cardoso/Arquivo Pessoal

Olá, seja bem-vindo!

A existência da Associação de Pais e Mestres (APM) nas escolas públicas está prevista na legislação, que orienta cada instituição a ter a representação de todos os segmentos nesse colegiado. Mas como contar com uma APM realmente parceira, empenhada na busca por novas conquistas e atuante nas decisões?

A humildade em pedir ajuda e sair do conforto da minha sala de direção foi o primeiro, e talvez o mais importante, passo para construir essa parceria. Nas primeiras reuniões que realizamos, notei que a maioria dos responsáveis não expunha suas ideias. Talvez por vergonha ou receio por estarem reunidos com muitas pessoas. Percebemos, então, que deveríamos procurar outras estratégias para que isso ocorresse.

Então, nos reunimos com os pais de cada turma em dias e horários diferenciados. Explicamos de forma detalhada todos os programas governamentais dos quais nossa escola participava, quais deles geravam recursos financeiros, que produtos poderiam ser adquiridos com aquele dinheiro e quais benefícios cada um deles poderia trazer aos alunos, tanto relacionados ao conforto e bem-estar, como diretamente ligados às situações pedagógicas. Percebemos que, por estar com poucas pessoas, eles se sentiam mais seguros para opinar e questionar, o que nos permitiu saber a posição de cada um sobre o que era tratado.

Após essa primeira fase de discussões, elegemos pessoas para representar cada grupo de pais nas reuniões gerais da APM, que acontecem mensalmente. Eles participam da mesa de discussões com a equipe gestora e os professores. Ali, as propostas são apresentadas e debatidas e as decisões são tomadas e planejadas para serem colocadas em prática. A escolha de representantes, porém, não exclui o convite aos demais familiares para esses encontros. A participação efetiva das famílias nos proporcionou olhares sobre a escola que jamais poderíamos ter sem a presença deles.

No decorrer das reuniões, os pais passaram a se sentir valorizados, pois tiveram a oportunidade de definir as prioridades da escola e de participar da análise de produtos e fornecedores e da decisão de como e quando utilizar os recursos financeiros. Poderia citar vários, mas dois exemplos ilustram como esse trabalho conjunto nos ajudou a transformar a escola: a pintura de toda a instituição e a instalação elétrica dos aparelhos de ar-condicionado.

Nossa escola era pintada apenas com tons de cinza. Em tudo: fachada, corredores, salas de aula e pátio. De acordo com alguns pais, essas cores deixavam um ar “triste e sem vida”. Surgiu então a ideia de pintar todas as áreas, mas ao levantar os orçamentos, percebemos que não teríamos recursos financeiros suficientes. Um grupo de pais e mães que havia trabalhado na construção de casas populares fez a proposta: a APM usaria o dinheiro para adquirir os materiais e todos ajudariam com a mão de obra. A reforma foi um sucesso.

A outra situação veio de uma necessidade mais urgente. Na região em que estamos, 32 graus Celsius é uma temperatura normal e cotidiana. E ainda tínhamos um agravante, pois a escola foi construída com telhas de zinco (aço), que deixam as salas ainda mais quentes. Recebemos aparelhos de ar-condicionado da secretaria de Educação, mas nossa rede elétrica não era segura para a potência dos equipamentos. Então eles foram instalados, mas não podiam ser ligados. E os alunos continuavam no calor intenso.

Decidimos conversar com os responsáveis e explicar o motivo dos aparelhos não estarem ligados. No dia seguinte à reunião, recebemos a visita de dois pais, que são eletricistas e fizeram a proposta de a APM adquirir os materiais elétricos para fazer uma nova rede elétrica e eles, com ajuda, realizariam o serviço sem custo. A APM aprovou a compra e nos reunimos em um final de semana e fizemos as instalações. Hoje os aparelhos estão funcionando com segurança, proporcionando maior tranquilidade e conforto a todos.

E na sua escola, como é a participação dos pais? Eles opinam sobre os recursos financeiros da escola? A APM é participativa? Compartilhe sua experiência com a gente, deixe o seu comentário, suas dúvidas e sugestões.

Um grande e respeitoso abraço, até quarta!

Edicarlos Mellin