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Colunas Ética na escola

Confira os artigos de Terezinha Azerêdo Rios, doutora em Educação, a respeito das dúvidas e dos desafios enfrentados pelos gestores no dia a dia da escola

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Terezinha Azerêdo Rios
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Escola: lugar para todos

Dialogar com a comunidade sobre os direitos das crianças e jovens é contribuir para que ninguém fique para trás, aluno da escola ou não

POR:
Terezinha Azerêdo Rios

Para discutir questões relacionadas ao trabalho docente e ao direito à Educação, muitas escolas, grupos de educadores e professores recorrem ao filme chinês Nenhum a Menos (1999), dirigido por Zhang Yimou. É emocionante a história de Wei Minzhi, uma garota de 13 anos que substitui o professor em uma escola rural com a missão não só de ensinar mas de garantir que nenhum aluno abandone os estudos.

O título do filme é categórico. O que ele enuncia está expresso nos princípios da ética: o bem comum, o direito de todos à participação efetiva na sociedade e aos bens nela construídos.

É nosso dever que as crianças e os jovens estejam na escola e se mantenham interessados pelo que ali se oferece: socialização, conhecimento, vivências, convívio com a diferença e diversidade. Temos de fazer o que for necessário para que ninguém fique à margem, não só das salas de aula mas também da sociedade da qual faz parte. A dúvida é: o que temos a ver com a vida e a Educação daqueles que não têm acesso a esses espaços?

Eventualmente, muitos gestores podem pensar que já cumprem seu dever por estarem atentos aos problemas que ocorrem Entre os Muros da Escola - outro filme, este francês, dirigido por Laurent Cantet em 2008, que também tem como tema o direito à Educação. Porém, eles devem se lembrar de que a escola é um bem público e, portanto, instituições públicas e privadas devem acolher os que ainda não têm acesso a ela e intervir nos processos de inclusão de pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade.

Há muitas escolas que fazem parceria com outras entidades da sociedade civil e colaboram na organização de ações que estimulam a solidariedade e orientam o encaminhamento das crianças e dos jovens ao ensino básico. E o que mais podemos fazer quando nos deparamos com um deles fora da sala de aula, vítima de violência doméstica ou sexual ou submetido ao trabalho infantil?

A escola pode ajudar oferecendo à comunidade informação de boa qualidade, orientando e disponibilizando o contato do conselho tutelar, da promotoria e defensoria pública da infância e juventude, mantendo um diálogo constante com o posto de saúde e o centro de assistência social da região. Essas atitudes fortalecem a construção da vida boa para todos, o exercício da solidariedade, a superação dos preconceitos e da discriminação, a abertura de espaço para as diferenças e a negação das desigualdades.

Formar cidadãos, de forma responsável e comprometida, do ponto de vista ético, é proporcionar a ampliação das potencialidades dos sujeitos, colocar ao alcance deles os bens culturais, e desenvolver o espírito crítico para que eles possam intervir e transformar a comunidade.

O gestor deve saber que não basta não desistir de um só aluno. É preciso contribuir para que a sociedade não desista de nenhum ser humano que a ela pertence. Isso pode soar forte, pretensioso ou idealista, mas é necessário frisar que a desistência está intimamente relacionada com a desesperança. E isso é muito sério! A esperança é o motor da vida. Não se trata de aguardar que o movimento venha de fora ou que a iniciativa seja tomada pelos outros. O compromisso é de todos, ou seja, de cada um. O verbo a ser usado não é esperar. É esperançar!