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Colunas Ética na escola

Confira os artigos de Terezinha Azerêdo Rios, doutora em Educação, a respeito das dúvidas e dos desafios enfrentados pelos gestores no dia a dia da escola

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Terezinha Azerêdo Rios
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Um espaço acolhedor para alunos e comunidade

O respeito pelo aluno também está em atitudes simples, como chamá-lo pelo nome e recebê-lo no portão da entrada

POR:
Terezinha Azerêdo Rios

O respeito e a solidariedade, princípios éticos, revelam-se nos pequenos gestos do cotidiano, em todos os espaços sociais. O reconhecimento da existência dos outros, na atenção e no acolhimento que damos a eles, proporciona alegria e estimula ações positivas. Na escola, a atitude receptiva dos gestores aos que fazem parte da comunidade gera benefícios nem sempre percebidos, mas que conduzem a resultados gratificantes, principalmente relacionados ao desempenho dos estudantes.

Ainda que se diga que tem diminuído o interesse pela escola e que a Educação que nela se oferece não vai ao encontro das necessidades e dos desejos dos que a frequentam, para boa parte das famílias e dos alunos esse é um espaço respeitado e em relação ao qual se cria uma expectativa de aprendizagem e crescimento. Em algumas localidades, a escola representa, mesmo, o único lugar em que é possível ter uma experiência cultural e comunitária mais abrangente. Preparar-se para essa vivência constitui quase um ritual: roupa limpa, cadernos bem cuidados, mochila arrumada. Mas os gestores têm para com a escola a mesma preocupação? Será que eles se organizam para receber seu público de modo acolhedor, preocupando-se não apenas com o trabalho relacionado ao conteúdo das disciplinas mas também com gestos e palavras que expressam cuidado e respeito?

Por exemplo, ouvir com atenção as observações que os estudantes fazem e, por vezes, recepcioná-los no portão de entrada. Da mesma forma, tratá-los pelo nome, ficar alerta a mudanças de comportamento e fazer comentários positivos quando eles superam uma dificuldade. Todas essas são atitudes importantes, ainda que possam parecer irrelevantes para alguns educadores, não raro absorvidos pelas múltiplas tarefas diárias.

Gestos, algumas vezes, dizem mais do que palavras. Uso sempre o exemplo de minha mãe, que gostava muito de receber as pessoas em nossa casa. Ela se preocupava em enfeitar os espaços, espalhar vasos de flores e usar xícaras bonitas para servir o café - que era, em geral, acompanhado de uma deliciosa broa de fubá.

O café e a broa de dona Zizi eram famosos: parece que a conversa ficava mais animada e o ambiente mais aconchegante quando eles eram servidos. Eram parte de um jeito de acolher que fazia as pessoas se sentirem bem-vindas e quererem voltar àquela casa. E não eram necessárias faixas de boas-vindas na porta nem que minha mãe saísse dizendo às pessoas, por meio de palavras, que gostava de recebê-las. Ela falava com os gestos. Era o carinho expresso no sorriso, no afago com as mãos, no café com broa.

Penso que algo análogo acontece quando a equipe gestora está atenta ao acolher a comunidade e estimula essa atitude entre professores e funcionários, provocando, com isso, uma reação de natureza semelhante nos alunos e nas famílias. Isso não é algo romântico, embora possa ser difícil de ocorrer no cotidiano (às vezes, duro e esgotante) da escola ou das relações familiares e comunitárias. Mas é um desafio que vale enfrentar. Pela satisfação individual, do professor, do gestor e do aluno e, sobretudo, pela possibilidade de contribuir para o bem de todos - às vezes, esquecido, mas fundamental na vida social.

Terezinha Azerêdo Rios
É graduada em Filosofia e doutora em Educação.