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O que priorizar nos planejamentos das turmas de 2 e de 3 anos?

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
Ter experiência com as turminhas de 2 e 3 anos conta muito no momento de elaborar atividades bacanas. Foto: Gabriela Portilho

Ter experiência com as turminhas de 2 e 3 anos conta muito no momento de elaborar atividades bacanas. Foto: Gabriela Portilho

Enquanto os professores estão às voltas com a adaptação das crianças na rotina escolar e mapeando seus saberes, estou separando os materiais para auxiliá-los na elaboração dos planejamentos de sequências, projetos e atividades permanentes do primeiro semestre.

Ao longo dos anos, venho observando que a experiência com as turminhas de crianças bem pequenas conta muito no momento de elaborar atividades bacanas. Claro que a experiência vale em todas as turmas, mas cada uma é bem diferente da outra. Junto aos maiores, de 4 e 5 anos, por exemplo, percebo que as próprias crianças já sabem o que e como fazer nos encaminhamentos das situações didáticas, ao passo que os mais novos precisam de várias orientações e modelos de como fazer.

E é por isso que o professor experiente tira de letra, porque, como ele conhece bem as características da faixa etária, ele antecipa cada momento da rotina, explicita cada procedimento. Mas, se você é novato e está lendo este texto, minha sugestão é ficar de olho, pedir dicas para os veteranos e observar muito as crianças.

Para ratificar o que falei acima, me lembrei da história que a Cláudia, professora veterana nas turmas de 3 anos na escola na qual eu trabalhava como coordenadora, conta para os pequenos não se esquecerem de tampar as canetas hidrocores. A história é a seguinte: “Cada canetinha tem uma roupa e um sapato e todas elas querem sempre estar com sapatinho no pé para ficarem mais bonitas. Vamos procurar os sapatinhos de cada uma delas? Quero ver quem consegue!”. Essa historinha simples e singela mobiliza as crianças na busca pelas tampinhas, o que é muito mais bacana do que ficar só chamando a atenção delas.

O planejamento na turma de 3 anos

Agora, vou contar quais atividades podem fazer parte do planejamento das turmas de cada faixa etária, a começar pela de 3 anos.

Um dos objetivos para as crianças com essa idade é aprender os procedimentos que encaminham para a autonomia. Por isso, o faz de conta é uma atividade que deve estar sempre presente na rotina, porque permite que a criança tenha comportamentos que vão além de sua faixa etária ou experimente agir de uma maneira e tente entender por que algumas situações ocorrem.

Num encontro de formação com professores, organizei um quadro para nortear quais são os conteúdos prioritários de cada eixo para o primeiro semestre. A partir deles, os professores elaboraram os planejamentosm tendo como princípio norteador o brincar e o faz de conta, assim como a repetição das atividades.

A turma de 2 anos

O primeiro semestre dessa turma é recheado de aprendizagens no âmbito da formação pessoal e social, afinal, a característica mais marcante é a transição do período de total egocentrismo para a gradual percepção e interação com o outro. O desenvolvimento da fala também merece muita atenção, já que o contraste entre as próprias crianças é bem grande. Uns falam de tudo e muito corretamente, enquanto outros mal balbuciam.

Portanto, o foco dessas turmas está nas atividades permanentes nos diferentes momentos da rotina para que aprendam os procedimentos de uso dos materiais, vivenciem a interação com os colegas e adquiram progressiva autonomia para brincar e fazer escolhas.

As sequências de oralidade, movimento, música e artes visuais também recheiam a rotina com diversas atividades exploratórias que se repetem muitas vezes, já que a concentração das crianças é bem mais curta. Repetir é um procedimento que assegura a aprendizagem e é muito importante para os pequenos. Quem já não viu uma criança querer ouvir a mesma história por dias e dias seguidos?

Outro ponto para se prestar atenção é a organização do espaço. Os cantos devem ser delimitados com tapetes, e a sala deve ter estantes baixas para brinquedos e materiais. Isso é determinante nessa faixa etária, e os professores precisam ter consciência de que as crianças vão transitar pelo local.

Por exemplo, mesmo quando todos se achegam ao professor para participar do momento da caixa surpresa, é natural que, sem mais nem menos, uma ou mais crianças se levante e vá até o canto da leitura folhear um livro, deitar num tapete ou entrar em uma caixa… Nesse caso, o professor continua a atividade com os que permaneceram, ao mesmo tempo em que fica de olho nos que escaparam.

Neste ano, já elencamos alguns conteúdos para o primeiro semestre dos pequenos e já começamos a escrever os planejamentos. Você pode ver um exemplo da turma de 2 anos, clicando aqui. Ele foi feito para uma creche de São José dos Campos, em São Paulo, sob a orientação da coordenadora Cássia Maria Vieira.

Certamente, os planejamentos serão uma hipótese de trabalho cuja confirmação se dará na relação e observação diárias do professor com sua turminha. É o olhar atento e sensível às necessidades de aprendizagens que fará a diferença numa rotina clara e estruturada para os pequenos, não é mesmo?

Um abraço, Leninha