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Colunas Ética na escola

Confira os artigos de Terezinha Azerêdo Rios, doutora em Educação, a respeito das dúvidas e dos desafios enfrentados pelos gestores no dia a dia da escola

TAR
Terezinha Azerêdo Rios
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Confiança e ética na escola

É preciso que os pais conheçam e compartilhem os valores da escola para validar a forma como ela resolve os conflitos

POR:
Catarina Iavelberg
Catarina Iavelberg. Foto: Tamires Kopp Nosso Aluno

Catarina Iavelberg é assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação

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Os pais depositam uma série de expectativas na vida escolar dos filhos. Eles não querem apenas que a escola posicione as crianças no mundo do conhecimento. Desejam também que elas sejam educadas em um lugar acolhedor, que ofereça uma convivência de qualidade capaz de ajudar no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. Por isso, os adultos têm cobrado uma atuação firme em casos de indisciplina e comportamentos inadequados, como furtos, brigas e bullying. Afinal, os casos que os estudantes relatam em casa nem sempre deixam claros as providências tomadas e os critérios usados. Isso pode transmitir a sensação de que os professores e gestores não são capazes de solucionar os problemas.

Vejamos uma situação emblemática: uma mãe procura a orientadora educacional ou o educador que costuma atender os pais e conta que o filho tem mostrado medo de ir à escola. A causa é a presença de uma criança que agride os colegas, atrapalha a aula e é desrespeitosa com a professora. Preocupada, ela não só pergunta sobre as providências que serão tomadas para proteger o garoto e garantir o bem estar dele como também quer saber qual o problema com o aluno transgressor - até para que possa ter mais base para dar alguma orientação em casa.

O manejo dessa situação é delicado e envolve várias questões. É claro que a escola não pode ser omissa e precisa atuar firmemente com quem não respeita as regras de convivência e compromete o trabalho coletivo. Por outro lado, ela não tem o direito de expor eventuais problemas pessoais ou de aprendizagem de um estudante - e tampouco permitir que algum tipo de "caça às bruxas" seja desencadeado pelos pais ou pelas crianças. Nesse caso, a única coisa que se pode fazer é atuar educacionalmente e trabalhar para que a comunidade conheça e compartilhe os valores da escola.

Vale lembrar que a boa relação com as famílias tem de ser construída e cultivada por meio de reflexões e ações éticas. Se quisermos que os pais acreditem que nossas atitudes de educadores são as mais adequadas, é preciso fazer com que eles conheçam os valores nos quais se baseiam as decisões. Muitas vezes, o que gera desconfiança é a falta de informação, por isso o investimento em diferentes canais de comunicação - reuniões, eventos, murais, site, blog etc. - é sempre bem-vindo para lembrar à comunidade que os princípios descritos no projeto político-pedagógico estão sempre presentes no cotidiano escolar e no currículo adotado.

Uma boa iniciativa é mostrar aos pais a análise que a equipe escolar faz de alguns comportamentos considerados transgressores ou indisciplinados e quais procedimentos são adotados na gestão dos conflitos. Isso ajuda a traduzir as intenções formativas das diversas ações. Outra intervenção interessante é reunir a comunidade para uma reflexão sobre temas mobilizadores - como saúde, sexualidade, consumo, violência, racismo e drogas -, abordando a sua complexidade e o modo como as crianças e os adolescentes são afetados por eles.

Confiança se conquista com coerência, transparência e eficiência. Se desejamos o apoio das famílias, precisamos estar convictos das nossas ações, pois só assim nos tornaremos confiáveis.

Catarina Iavelberg
É assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação.