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Assim não dá! Premiar alunos por boas notas

Ao atribuir recompensas àqueles que atingem médias altas, a instituição tira o foco do aprendizado

POR:
Marina Melo
Assim não dá! Premiar alunos por boas notas. Olavo Costa

Troféus, certificados, passeios e filmes. Esses são alguns dos recursos utilizados para presentear quem vai bem nas provas. Entretanto, ao associar boas notas a premiações pode-se inibir o aprendizado e a valorização do conhecimento. Cipriano Carlos Luckesi, especialista neste tema, ressalta que o caráter classificatório das avaliações escolares brasileiras contribui para a cultura de recompensas. "A premiação não sustenta a aprendizagem de todos, apenas exalta os que ficam nos primeiros lugares de uma escala classificatória. Dessa maneira, ela nem diagnostica nem intervém para a busca da melhoria", afirma.

Para evitar que isso ocorra, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, definiu que a avaliação do aluno seja realizada de maneira contínua e cumulativa, priorizando os aspectos qualitativos sobre os quantitativos e os resultados ao longo de um período em vez das notas finais. Rita Gallego, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), acrescenta que o desempenho do estudante também é avaliado em atividades do dia a dia, que não valem nota. Com elas, o professor consegue caracterizar as dificuldades apresentadas. E após essa análise são propostos encaminhamentos para cada aluno. "As atividades avaliativas precisam ser entendidas como momentos de aprendizado e não somente de tirar notas", diz Rita. "Os gestores são primordiais para que essa mudança de perspectiva aconteça. É importante realizar estudos que discutam a função da avaliação e levar em conta a formação dos docentes, a faixa etária atendida e as concepções institucionais."

Na EM Augustinho Brandão, em Cocal dos Alves, a 221 quilômetros de Teresina, os professores são orientados a elaborar provas que incentivem a argumentação e o raciocínio. "Evitamos o uso de questões de múltipla escolha. As perguntas devem fazer o aluno pensar", comenta Antônio Cardoso do Amaral, diretor adjunto da instituição.

Com o resultado em mãos, os docentes realizam uma correção comentada para reforçar com a turma os aprendizados contidos ali. O professor lê cada uma das questões e pede aos estudantes que falem as respostas dadas. Então, o educador retoma quais informações deveriam ter sido contempladas nas resoluções e os adolescentes reelaboram as respostas, anotando as novas conclusões. Luckesi lembra que a devolutiva precisa ser em forma de diálogo. "Esse momento tem de ser um convite ao crescimento, não pode envolver desqualificação ou exclusão. O educador é um parceiro do aluno nesse processo, não um juiz que dá sentenças", salienta.

Além das avaliações bimestrais, a equipe da EM Augustinho Brandão usa outras estratégias para identificar as dificuldades da classe. "Todos os dias, cada turma dispõe de pelo menos dois horários de estudo em que os professores acompanham o trabalho com os monitores", conta Amaral. Com base nesses encontros, os docentes planejam o suporte necessário para cada aluno e evitam que eventuais problemas surjam apenas na hora da prova.

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