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Vice-diretor: o braço direito do gestor

Ele não é só um substituto e pode ajudar você, diretor, em todas as áreas. Veja como delegar funções e dar autonomia a ele

POR:
Mônica Pina
Penha e Justina compartilham os problemas administrativos e também os pedagógicos. Foto: Diana Abreu
Segurança e parceria Penha (de preto) e Justina compartilham os problemas administrativos e também os pedagógicos

Também chamado de adjunto, substituto ou assistente, o vice é o profissional mais próximo do diretor. No entanto, poucos sabem ao certo suas funções. Representar a escola em eventos externos? Coordenar projetos institucionais? Supervisionar as finanças? Todas essas podem ser atribuições exclusivas dele ou dividas com o diretor, dependendo da experiência de ambos, do tamanho da equipe de funcionários e das necessidades da escola. O problema é que a relação da dupla quase sempre é improvisada: "As redes de ensino dificilmente orientam os gestores e estabelecem parâmetros de trabalho integrado", afirma Heloísa Lück, diretora educacional do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap), em Curitiba.

Essa falta de clareza se deve, em parte, ao fato de a função não existir em todas as redes. As Secretarias de Educação geralmente identificam a necessidade de uma equipe gestora maior de acordo com a quantidade de alunos e turnos. Portanto, com a expansão de programas de ensino integral, a presença desse profissional deve aumentar. GESTÃO ESCOLAR mostra como estabelecer uma boa relação de trabalho entre diretor e vice e as características de um bom postulante ao cargo - você pode ter de nomear um.

Perfil profissional é parecido com o do diretor

Em determinadas redes, a dupla é eleita; em outras, nomeada. E há casos em que o gestor, independentemente de como chega ao cargo, indica o assistente ao assumir. Qualquer que seja a forma de acesso, a boa convivência e a confiança mútua são fundamentais. "Os dois profissionais precisam compartilhar ideais e visões sobre a Educação", afirma Claudia Coelho Hardagh, coordenadora do curso de pós-graduação em Gestão Escolar do Centro Universitário Senac, em São Paulo. Ao selecionar esse parceiro, o gestor deve considerar a formação, a competência, a experiência e a capacidade de trabalho em equipe - e não só o relacionamento pessoal (leia o quadro abaixo).

A indicação da assistente era uma das preocupações de Penha Casotti Flores em 2012, quando assumiu a direção da EMEF Ezequiel Fraga Rocha, em Aracruz, a 83 quilômetros de Vitória. Experiente como professora, coordenadora e vice, ela chamou Maria Justina Gambarti Alves, que atuava como coordenadora pedagógica. A decisão garantiu a tranquilidade de que Penha precisava para estrear no cargo: "Por serem novas para mim, as questões administrativas são desafiadoras e tomam muito do meu tempo. Com Maria Justina ao meu lado, sinto-me segura pois sei que ela acompanha com atenção o trabalho pedagógico."

Se por um lado a experiência pode ajudar na divisão das tarefas, por outro diferentes responsabilidades precisam ser assumidas com o novo cargo. A própria Justina reconhece que o seu dia a dia precisa de ajustes: "Ainda estou muito ligada à supervisão da formação docente, mas vendo a Penha atribulada, percebo que preciso fazer mais", conta (veja quadro na próxima página). Apesar de trabalharem juntas há vários anos, elas procuram um entrosamento cada vez maior. "Passamos a nos reunir mais somente nós duas para melhor resolver as pendências", conta Penha.

Escolha criteriosa

Ao escolher o vice-diretor, verifique se ele tem:

  • Experiência como docente.
  • Formação em nível superior, preferencialmente com especialização em gestão.
  • Boa organização e bom planejamento.
  • Capacidade de monitoramento e avaliação de indicadores de aprendizagem.
  • Espírito de liderança e bom relacionamento com a equipe.
  • Conhecimento da cultura e do cotidiano da escola.
  • Habilidade em gerir recursos e definir prioridades de gastos.
  • Assista ao segundo vídeo da série Como Lidar com a Equipe, com o consultor Antônio Carlos Carneiro:

Confiança e transparência são fundamentais no dia a dia

Carla com Maria Aparecida e Milena, têm autonomia para decidir, uma em cada prédio. Foto: Carlos Eller
Liberdade e confiança Carla (no meio) com Maria Aparecida e Milena, têm autonomia para decidir, uma em cada prédio

As reuniões periódicas são imprescindíveis quando a equipe não compartilha os mesmos horários de trabalho ou fica em prédios diferentes. "Quando atua boa parte do tempo sozinho, a autonomia do assistente acaba sendo maior. Há, portanto, o risco de se criar um clima de competição e de desentendimento. Isso é negativo e deve ser evitado por meio de combinados bem claros", destaca Claudia Hardagh. Os encontros devem acontecer pelo menos uma vez por semana, para avaliar o desempenho do turno ou do segmento de responsabilidade do auxiliar.

Para Carla Érica de Carvalho Fernandes, diretora da EM José Ângelo de Marco, de Governador Valadares, a 324 quilômetros de Belo Horizonte, confiança e transparência são indispensáveis. A escola em período integral, que atende a alunos da Educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental, tem três prédios, ocupados de acordo com a faixa etária das crianças. Carla trabalha na sede e conta com uma vice em cada unidade. Por causa da separação física, a autonomia dada a elas é grande. "Se os pais as procuram para discutir problemas de um aluno, não peço para que me encaminhem o caso. Confio no discernimento delas para tomar a decisão na própria unidade", diz Carla. Vice também na administração anterior, Maria Aparecida dos Anjos Batalha é a mais experiente do trio: tem 25 anos de carreira na Educação. Por isso, ajuda Carla em algumas decisões gerais, como a compra de materiais e a reorganização de espaços. Milena Gonçalves de Oliveira, novata na gestão, aprende com as duas e se prepara para assumir mais responsabilidades. "No começo, ela se sentia insegura para liderar os funcionários e conversar com as famílias. Destaquei sua boa capacidade de articulação e de mediação de conflitos e, aos poucos, ela foi ganhando confiança", explica Carla.

Cargo serve de formação para a direção-geral

A vivência de Milena certamente vai ajudá-la caso queira seguir carreira. "Quem passa pela experiência de assistente tem mais chances de se tornar um bom diretor", afirma Claudia Hardagh. Cabe ao gestor dar devolutivas sobre como uma atividade foi conduzida, mostrando o que pode ser melhorado. Ao voltar de um período de ausência, por exemplo, ele deve fazer um balanço das ações realizadas sob o comando do interino, avaliando se elas estão dentro do combinado.

Além disso, faz parte das atribuições de um líder dar voz a seus colaboradores e relatar resultados e boas ideias. "O espírito de equipe e o reconhecimento são demonstrados em pequenos sinais, como na utilização da expressão 'nós', em vez de 'eu'. Dar a palavra ao auxiliar para que ele explique suas contribuições nos projetos dos quais participou também é importante", explica Heloísa Lück. Uma boa relação entre diretor e vice, portanto, ajuda a garantir uma gestão mais democrática.

Profissional multitarefa

Muitas funções podem ser delegadas ou compartilhadas. Confira:

  • Acompanhar a frequência de alunos e professores.
  • Encontrar soluções para cobrir faltas e substituições.
  • Orientar e acompanhar os projetos institucionais.
  • Participar da elaboração da pauta dos encontros de formação de professores e funcionários.
  • Dar suporte à coordenação pedagógica na avaliação de desempenho dos docentes.
  • Monitorar todas as etapas da merenda, do recebimento dos alimentos ao descarte.
  • Estreitar a relação com as famílias, acompanhando a entrada e a saída dos alunos e atendendo aos pais.
  • Observar a manutenção do prédio e de equipamentos.
  • Checar as condições de segurança do prédio.
  • Tomar decisões na ausência do diretor.

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