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5º módulo: avaliação das produções textuais

Formação continuada em produção de texto

POR:
GESTÃO ESCOLAR

Estimular os estudantes a se expressar por meio da palavra escrita para que possam se tornar autores de textos de qualidade em diferentes gêneros é um dos desafios da escola. E uma das etapas mais importantes do processo de produção é a avaliação. A tarefa exige interesse, atenção, aprofundamento, preparação e reflexão. Nesse momento, é essencial definir critérios para que o educador possa planejar intervenções, rever procedimentos e coordenar o processo de revisão junto com os autores, permitindo que eles avancem no aprendizado. A análise dos textos criados pelos alunos e do trabalho do próprio professor é o tema deste módulo do projeto de formação de produção textual, produzido com exclusividade para a revista GESTÃO ESCOLAR por Maria Cristina Zelmanovits, pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), de São Paulo.

Objetivo geral
Formar professores do 1º ao 5º ano para trabalhar com a produção textual escrita.

Objetivos específicos deste módulo
- Analisar os textos dos alunos com base em critérios definidos.
- Planejar intervenções relativas às produções.
- Avaliar o próprio trabalho.

Conteúdos 
- Condições para a avaliação das produções escritas.
- Avaliação dos textos dos alunos.
- Revisão do trabalho proposto.

Tempo estimado
Um mês (quatro reuniões de duas horas cada uma).

Material necessário
- Cópias do texto O que É Preciso Levar em Conta Quando Se Avalia os Textos dos Alunos?, de Maria Cristina Zelmanovits, e da tabela deste encarte.

Desenvolvimento

1ª reunião: Leitura e reflexão 

Coordenador, o módulo anterior se encerrou com a revisão de propostas de escrita realizadas ou em fase de elaboração ou com a sugestão de novas propostas. Após os esforços realizados por seu grupo de professores, essas ideias devem estar em andamento. Os estudos e as análises deste módulo podem ocorrer independentemente da etapa do trabalho em que se encontram as turmas. Embora a proposta focalize produções individuais, é possível utilizá-la também nas coletivas.

Comece pedindo ao grupo que explicite os procedimentos geralmente utilizados para avaliar os textos produzidos pelos alunos: todas as produções são lidas? Eles costumam fazer anotações sobre o que observam? Comunicam aos alunos essas análises? Planejam situações de revisão com base nas conversas com os alunos sobre os textos? Distribua cópias do texto O que É Preciso Levar em Conta Quando Se Avaliam os Textos dos Alunos?. Durante a leitura, individual ou em voz alta, é recomendável que o grupo utilize procedimentos de estudo, como grifos e anotações. Após a leitura, promova a socialização das impressões e retome trechos para discussão, como o relativo à concepção dos alunos como autores, a ideia de que só é possível avaliar o que foi ensinado e a parte que destaca a necessidade de planejar intervenções. Finalize avisando o grupo que nos próximos encontros serão trabalhadas questões relativas aos critérios que norteiam a avaliação dos textos.

2ª reunião: A relevância dos critérios 

Inicie as atividades lendo o texto abaixo e distribua uma cópia da tabela para cada professor.

Escritores mais autônomos
Maria Cristina Zelmanovits

Pesquisas em produção de texto têm mostrado a importância de o professor avaliar a escrita dos alunos com base em critérios definidos. Além de evitar impressões genéricas, os critérios permitem que o professor oriente, de forma mais objetiva, o processo de revisão junto aos alunos. Nos níveis iniciais, o professor precisa ajudá-los a se apropriarem paulatinamente dos procedimentos e conhecimentos implicados em uma revisão. Para tal, precisará planejar intervenções ajustadas às questões observadas nas produções. Tendo sucessivas chances de contar com o apoio de um leitor mais experiente, os próprios alunos, conforme avançam na escolaridade, começam a assumir, de forma cada vez mais autônoma, o papel de revisores dos próprios escritos. Isso é possível quando eles já têm internalizado um repertório consistente de critérios com base nos quais conseguirão verificar o que levaram ou não em conta no momento de escrever.

Tabela 1 - Avaliação do gênero conto de fadas

Critérios O que observar Adequado Aprimorar
1. Título É convidativo à leitura e adequado?    
2. Adequação discursiva

a. A organização geral obedece à uma ordem narrativa?

b. Há descrição de lugares e personagens
(uso de adjetivos)?

c. Palavras e expressões próprias dos contos
foram utilizadas?

   
3. Adequação linguística

a. As vozes do texto (narrador e personagens) se intercalam de forma organizada e bem marcada?

b. O uso de tempos verbais e indicadores de espaço ajuda o leitor a se situar durante a leitura?

   
4. Estilo O autor busca um jeito próprio de reescrever a versão original de um conto?    
5. Convenções da escrita O texto atende às convenções (ortografia, pontuação, acentuação)?    

Como a tabela foi elaborada para contos de fadas, o que mudaria caso o gênero fosse o instrucional (uma receita)? A maioria dos itens da primeira coluna seria mantida. Já os da segunda demandam ajustes:

1. Título O título de uma receita não precisa ser necessariamente convidativo, mas deve ajudar o leitor a saber qual prato será preparado.

2. Adequação discursiva Uma receita deve ter uma organização: nome do prato, lista de ingredientes, descrição do modo de fazer (com a ordem dos passos). Há também palavras e expressões próprias do gênero (utensílios de cozinha e verbos como adicionar e cortar).

3. Adequação linguística O uso dos verbos no imperativo ou no infinitivo é característico.

4. Estilo Copiar uma receita tal qual aparece em um livro é diferente de escrevê-la com as próprias palavras.

5. Convenções da escrita É praticamente o único item a ser mantido em todos os gêneros, levando em conta as possibilidades dos alunos e o que o professor trabalhou em sala.

Vale lembrar que os textos a serem publicados pedem maior rigor na observação das convenções da escrita. No caso de só serem lidos pelos colegas da classe, tem-se maior abertura para respeitar a forma como os alunos conseguiram produzir no momento.

Coordenador, proponha esse mesmo exercício de adaptação com outros gêneros (carta, texto informativo etc.) para reforçar a valorização dos critérios.

Se o professor considerar que determinado critério não foi cumprido adequadamente (levando em conta as possibilidades reais de sua turma), terá de completar a quarta coluna já pensando em intervenções possíveis. Exemplo:

Adequação linguística 
Intervenção: selecionar as partes do texto do aluno em que não é possível saber quem está falando e retomar com ele a forma como isso é feito em contos já lidos com a classe (listar alguns exemplos presentes no texto).


Termine pedindo que, na próxima reunião, cada professor traga seis produções escritas de sua turma. É fundamental que a seleção espelhe diversidade (dois trabalhos de alunos mais experientes em produção escrita, dois de alunos que ficam na média e dois de alunos menos experientes).

3ª reunião: Definição de critérios 

Inicie o encontro pedindo que os professores se agrupem de acordo com os gêneros - todos os que tiverem receitas trabalharão juntos, por exemplo. Em seguida, solicite que cada grupo elabore uma nova tabela com base na distribuída anteriormente, pensando nas adequações ao gênero. Finalizada a tarefa, cada professor deve avaliar as produções que trouxe, seguindo os critérios construídos com o grupo, e produzir novas tabelas, que deverão ser trazidas na próxima reunião. 

4ª reunião: Análise e autoanálise 

Pergunte sobre as dificuldades na realização dos exercícios propostos na reunião anterior. Conforme cada um conte o processo pelo qual passou, incentive os outros a dizer se tiveram os mesmos questionamentos e como conseguiram resolvê- los. Peça que os professores analisem as tabelas preenchidas. É o momento de observar se há sinais de regularidades na avaliação de trabalhos diferentes tanto no campo da adequação quanto no que pede aprimoramento. Verifique, por exemplo, se ocorrem fatos como o de ter 70% dos textos marcados como adequados no item 2b da tabela ou se todos os alunos se equivocaram no campo 3a e assim por diante. Feita essa análise, peça para que cada professor reflita sobre os resultados, considerando a trajetória do trabalho proposto por ele em sala.

Coordenador, das reflexões pessoais surgirão diferentes descobertas, como:

- A maioria dos alunos se equivocou porque determinado aspecto não foi devidamente considerado no planejamento ou na condução do trabalho. Nesse caso, é hora de pensar: se fosse repetir a experiência, o que o professor faria para resolver a questão?

- Acertos no trabalho planejado/proposto. Então vale a tomada de consciência para que ele possa repetir o que fez em outras oportunidades.

- Boas estratégias a serem compartilhadas com os colegas.

- Equívocos a serem socializados para que os outros possam evitá-los.

- Oportunidades de replanejamento dependendo do momento em que se está com a turma.

Concluída essa etapa, peça para que eles exponham os resultados das reflexões e troquem experiências e conclusões. Combine encontros com aqueles que necessitarem de ajuda para a resolução das dúvidas. Organize duplas de trabalho e proponha uma análise das intervenções que cada professor elaborou para ajudar os alunos a resolver questões específicas nas produções. Os mais experientes podem ajudar os colegas, sempre com seu acompanhamento. Se o grupo desejar, esse tipo de trabalho pode ser feito outras vezes.