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Acompanhamento das aprendizagens dos alunos

Projeto desenvolvido pela coordenadora pedagógica vencedora do Prêmio Victor Civita 2011, na categoria Gestor Nota 10, mostra que quanto mais o professor sabe, melhor ele ensina

POR:
Verônica Fraidenraich
Maria Ines Miqueleto Casado. Foto: Calil Neto
A coordenadora pedagógica, Maria Inês Miqueleto Casado, é vencedora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 de 2011, na categoria Gestor Nota 10
Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10

Os recadinhos abaixo foram escritos para os alunos da 4ª série da EE Professora Maria Aparecida dos Santos Oliveira, localizada em Ibitinga, a 370 quilômetros de São Paulo, pela coordenadora pedagógica da escola, Maria Inês Miqueleto Casado. Os elogios se justificam: ao ler as redações da turma, é fácil perceber a evolução. A letra de fôrma e a falta de pontuação, características dos textos das crianças no início do ano, foram substituídas por uma produção de melhor qualidade, feita em letra cursiva e com uso correto de ponto, vírgula e marcação de parágrafos.

Recados aos alunos

 

A produção de textos é um dos itens observados nos diagnósticos bimestrais de Língua Portuguesa que, com os de Matemática, servem de instrumento para Maria Inês acompanhar o aprendizado das classes da primeira etapa do Ensino Fundamental. Outra ferramenta de análise são as observações em sala de aula, seguidas de devolutivas individuais aos professores. Além disso, como a escola realiza simulados das provas do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), a coordenadora tabula em gráficos os resultados desses testes e promove o debate coletivo com os docentes. Todo esse trabalho permite a ela definir os temas que são aprofundados na capacitação em serviço.

As atividades permanentes de formação que Maria Inês iniciou no ano passado são a base do projeto Instrumentos de Acompanhamento das Aprendizagens dos Alunos - que garantiu a ela o título de Gestora Nota 10 deste ano no Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 (leia o projeto). O objetivo era fazer com que a escola atingisse a nota de 4,58 nas séries iniciais do Ensino Fundamental no Índice de Desenvolvimento da Educação no Estado de São Paulo (Idesp) de 2010. A média alcançada - 5,12 - superou as expectativas. "Pelas sondagens e pelos diagnósticos, é visível o avanço não só dos alunos mas também dos professores, que, além de ensinar, têm de saber o que observar nas avaliações", diz Maria Inês. Ela afirma que, ao verificar o processo de ensino e aprendizagem, a intenção é melhorar os resultados e direcionar a pauta da formação e a ação dos professores. Para Cleuza Maria Estronioli de Castro, diretora da escola, o prêmio maior foi constatar o avanço das crianças: "Elas estão mais interessadas e gostam de estudar".

 

A documentação detalhada é um instrumento de planejamento

Em uma ficha, Maria Inês toma nota dos conteúdos trabalhados e os saberes prévios dos alunos. Foto: Calil Neto
OBSERVAÇÃO EM SALA Em uma ficha, Maria Inês toma nota dos conteúdos trabalhados e os saberes prévios dos alunos

A clareza das atribuições de coordenadora chamou a atenção da selecionadora do Prêmio, Débora Rana. "Ela atua como formadora e tem autonomia no uso do material pedagógico - que vem do programa Ler e Escrever, da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo", comenta Débora. Baseado na formação, no acompanhamento e na avaliação, o trabalho se destaca pelos registros bem organizados e articulados à rotina. Para tanto, no início do ano, Maria Inês prepara as pastas que entregará a cada um dos 15 professores, com diversos documentos que são colocados em envelopes plásticos. Esse portfólio reúne dados como: a lista com o nome dos alunos, o horário das aulas, o quadro curricular do segmento, a ficha com a rotina semanal do docente, o registro das leituras diárias feitas pelo educador, as atividades de sondagem e os diagnósticos dessas atividades. A cada dois meses, a coordenadora recolhe as pastas e trabalha sozinha, na biblioteca, durante pelo menos três dias: "Anoto em um caderno o que vou conversar com cada professor e faço um mapa da turma, apontando aqueles que têm dificuldade de aprendizagem e precisam de apoio", explica ela. No fim do ano, esse material é arquivado para os colegas que queiram saber sobre o desenvolvimento dos alunos no ano anterior.

Para fazer a observação em sala de aula, Maria Inês anota em um ficha as atividades propostas, as estratégias adotadas e o uso do material pedagógico. As considerações feitas servem de base para a devolutiva que dará ao docente. No caso dos simulados com as 4as séries, os resultados são transformados em gráficos de desempenho e discutidos com os professores. Há sempre uma preocupação em criar uma relação de confiança com o grupo. "Não tenho medo quando ela entra na sala de aula. Ao contrário, me sinto segura", relata Francine de Traque Somensi Barbosa, professora do 2° ano. O bom relacionamento com a equipe não impede, porém, as cobranças. Sobre o trabalho de um docente com uma turma de aceleração, Maria Inês observou em seus registros: "Como foi feita essa atividade? Cópia? Não senti firmeza. Faltam a data, os objetivos e a análise. Fazer por fazer? Percebo a professora desanimada!" Ela conta que chamou a educadora para conversar e quis saber como poderia ajudá-la: "Acredito que, quanto mais o professor sabe, melhor ele ensina".

A parceria entre a direção e a coordenação foi essencial para a realização do projeto. "Tenho tempo para estudar. O foco do meu trabalho é o pedagógico."

Quem é Maria Inês

"Já que estamos reunidos, deixa eu saber: professor, que livro você está lendo para as crianças?" A coordenadora pedagógica Maria Inês Miqueleto Casado, 44 anos, não quis parar de trabalhar nem mesmo durante a sessão de fotos para esta reportagem. O cotidiano puxado faz parte da rotina. Além das atribuições de formadora na EE Professora Maria Aparecida dos Santos Oliveira, ela dá aulas e coordena o curso de Pedagogia, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ibitinga (Faibi). Graduada e pós-graduada em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), ela é professora concursada e entrou na escola em 2005, onde também foi vice-diretora. Aproveitar 100% do tempo da formação é uma das metas que ela impôs. "Eles dizem que não dá nem para respirar." Se a conversa vai longe, ela dispara: "Vamos rolar o melão?" A expressão não é conhecida, mas a turma entende. É sinal de que o estudo tem de avançar. Alguém vai questionar?

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CONTATO
EE Professora Maria Aparecida dos Santos Oliveira, tel. (16) 3342-7215