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Como elaborar boas pautas para as reuniões pedagógicas

Uma pauta estruturada ajuda a planejar o tempo e é uma aprendizagem para o coordenador

POR:
Aurélio Amaral
Aparecida e Flávia. Foto: Marcio Vasconcelos
"Passei a conduzir melhor as conversas,
direcionando as perguntas aos professores
para a reflexão sobre os principais 
problemas didáticos apresentados. Não 
perdemos mais o foco."

Aparecida Batalha (à esq.), coordenadora 
pedagógica da EM Tomé Torres Fernandes, 
em Arari (MA)

"Ao analisarmos as pautas dos coordenadores,
eu e a supervisora Janaína fazemos perguntas
e sugestões para que eles avaliem se as 
estratégias formativas estão atingindo 
os objetivos da reunião."

Flávia Silva, supervisora da Secretaria de 
Educação de Arari (MA)
Ana e Dóris. Foto: Tamires Koop
"Eu dava pouca atenção aos objetivos da
reunião e geralmente definia a pauta com 
base apenas nas demandas dos professores. 
Agora, todos os encontros têm um 
encadeamento e as atividades trazem 
metas claras de aprendizagem."

Ana Iracema Scherer (à dir.), coordenadora 
pedagógica da EMEF Presidente Nilo Peçanha, 
em Novo Hamburgo (RS)

"Antes estudávamos coletivamente referências
teóricas, porém não sabíamos como usá-las.
Hoje, as intervenções feitas pela Ana sempre
remetem a situações que vivenciamos 
em sala de aula."

Dóris Dettenborn, professora do 2º ano 
da EMEF Presidente Nilo Peçanha

Conduzir os encontros de formação de professores é uma das atividades que mais aparecem na rotina do coordenador pedagógico. Mas como garantir que eles de fato contribuam para melhorar a prática da equipe? O segredo para fazer reuniões cada vez mais eficientes é planejá-las com cuidado, prevendo todos os momentos - inclusive os de intervenção dos participantes. E a melhor maneira de fazer isso é elaborando uma boa pauta, que nada mais é do que um roteiro no qual devem constar os objetivos, os conteúdos que serão tratados, as estratégias propostas e os materiais necessários (veja um modelo na próxima página).

Poucas pessoas dão importância a essa preparação. Porém formalizar em um documento esses itens tem vários propósitos. Primeiramente, a pauta evidencia a atuação do coordenador pedagógico na formação continuada docente. O arquivo desses registros é imprescindível na construção da memória coletiva da instituição e certamente vai servir de referência para os próximos formadores que ali vierem a atuar e também para outras escolas da rede. Dessa forma, o trabalho dos profissionais mais experientes vai auxiliando na formação dos iniciantes.

Além disso, o planejamento contribui para a melhor utilização do tempo dedicado à formação. Imagine, por exemplo, deixar uma reunião inconclusa por haver conteúdos demais para o tempo previsto ou ter de interrompê-la para fazer cópias de um material que deverá ser consultado. Tudo isso se resolve ao detalhar o passo a passo do encontro.

A pauta tem um papel ainda mais significativo. "Redigi-la é um momento de aprendizagem para o próprio coordenador", afirma Débora Rana, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10 na categoria Gestor. As pautas elaboradas por Ana Iracema Scherer, coordenadora pedagógica da EMEF Presidente Nilo Peçanha, em Novo Hamburgo, a 42 quilômetros de Porto Alegre, não entravam em grandes detalhes até dois anos atrás. Ao começar a colocar no papel a descrição de cada etapa, ela passou a buscar mais referências teóricas, analisar o encadeamento da reunião com o objetivo da formação, estimar com mais precisão a duração das atividades e prever os passos seguintes com base nos conhecimentos que queria construir com a equipe. Isso contribuiu para o melhor trabalho dos docentes, como é o caso de Dóris Dettenborn, professora do 2º ano (leia os depoimentos nas imagens).

Esse processo reflexivo continua inclusive na execução da pauta, momento no qual são incorporados os acontecimentos e as observações que alteram o documento inicial. A análise comparativa da reunião prevista e da efetivamente realizada dá pistas sobre se as estratégias formativas foram bem exploradas e ajuda na preparação dos próximos encontros.

Supervisores e outros coordenadores ajudam no planejamento

Tudo isso, é verdade, dá certo trabalho. Portanto, o apoio da rede de ensino é fundamental. Graças aos encontros com as supervisoras Flávia Silva e Janaína Sousa, Aparecida Batalha, coordenadora da EM Tomé Torres Fernandes, em Arari, a 167 quilômetros de São Luís, obteve orientação para incorporar a elaboração da pauta à sua rotina. Contar com a participação de outros coordenadores da escola ou da rede - e até do diretor - é uma boa maneira de trocar experiências. De qualquer forma, a definição do foco de cada encontro com os professores exige ter em mãos o projeto de formação da escola - documento que descreve as necessidades dos professores com base nos registros deles, nas observações de aula e na análise de desempenho dos alunos.

"A pauta de cada encontro tratará de uma ou algumas dessas necessidades, problematizando os conteúdos e propondo uma articulação com a prática na sala de aula", explica Debora Samori, formadora da Comunidade Educativa Cedac, em São Paulo. Nas reuniões seguintes, outros conteúdos serão destrinchados. A previsão dessa continuidade também deve estar presente na estrutura da pauta.

Bom roteiro

Aqui, o propósito de cada item que compõe a pauta de formação

Secretaria Municipal de Educação de Arari
Reunião de Formação Ensino Fundamental - 1º segmento
13 a 15 de Junho 2011
Identificação
Além de dar um tom oficial ao documento, o cabeçalho ajuda a localizá-lo em caso de consultas para os planejamentos futuros.
Objetivos

- Refletir sobre a prática da leitura em sala de aula com base
na análise de bons modelos.
- Planejar boas intervenções a serem feitas antes, durante
e depois da leitura.
Saberes trabalhados
Deixe claras as metas de aprendizagem, relacionando-as com as estratégias que serão desenvolvidas ao longo da reunião.
Conteúdos
- Leitura e planejamento da leitura pelo professor.
Menos é mais
O excesso pode tornar a formação superficial. Opte por trabalhar somente um tema por vez, dependendo da complexidadade.
Materiais
- Transcrição da situação de leitura pela professora da turma do 2º ano.
- Livro O Nabo Gigante.
- Vídeo da mesma situação de leitura.
- Livro Ler e Escrever na Escola, de Délia Lerner
Lista útil
Definir e especificar os objetos necessários aos estudos faz com que eles sejam providenciados com antecedência.
Desenvolvimento  

- Apresentação da pauta e dos objetivos da reunião - 5 minutos

- Ampliação do repertório cultural - 10 minutos

- Retomada da discussão sobre a leitura em sala de aula - 20 minutos:
- Perguntar aos professores como eles têm encaminhado essa situação didática: que critérios usam para a escolha do livro? Eles planejam as próprias intervenções para antes, durante e
depois da leitura?

- Coletivamente, fazer uma listagem das aprendizagens dos alunos em uma situação de leitura pelo professor, baseando-se nas referências teóricas do livro de Délia Lerner.

Momento cultural
Uma leitura, a apresentação de um vídeo ou uma conversa sobre uma exposição ou peça em cartaz são opções para iniciar a reunião.

Resgate de saberes
Ao retomar as conclusões anteriores, é possível verificar os conhecimentos adquiridos e marcar a continuidade do plano de formação.

- Tematização da prática docente - situação didática de leitura pelo professor - 1 hora:
- Apresentar o livro O Nabo Gigante. Realizar a leitura e entregá-lo ao grupo para que todos conheçam e manuseiem a obra.

- Explicar que um conto de acumulação apresenta repetição de elementos ao longo da história e discutir o porquê dessa nomenclatura

- Distribuir a transcrição do vídeo que será repassado em seguida.

- Pedir para que grifem, façam anotações e, em pequenos grupos, respondam às seguintes questões:

Quais intervenções da professora parecem ter sido planejadas especificamente para a leitura daquele livro? (listar aqui as respostas esperadas)

Quais condições didáticas foram garantidas nessa proposta?

O que parece que a professora fez para se preparar para a leitura?

Que procedimentos deve ter usado para planejar? Discutam os itens que podem ter feito parte do planejamento.

- Exibir o vídeo.

- Dividir os professores em pequenos grupos para que debatam as questões.

- Socializar as conclusões e sistematizar os pontos discutidos.

Olhar reflexivo
Planeje as estratégias para problematizar a prática docente. Tome como objeto de reflexão bons exemplos de situações didáticas.

Previsão das respostas
Antecipe as possíveis reações em função dos problemas didáticos enfrentados. Isso ajuda a pensar em outras possibilidades de abordagem.

Hora de resumir
Planeje momentos de intervenção para amarrar o conteúdo. Sistematize os conhecimentos com base nos registros coletivos.

- Planejamento de leitura pelo professor - 1 hora:
- Entregar os livros de contos. Solicitar aos docentes que façam a análise e escolham um deles para planejar a leitura que farão em sala.

- Entregar um modelo de planejamento e combinar que essa atividade será iniciada nos grupos e continuará nos trabalhos coletivos.

- Socializar o que os grupos produziram e elaborar um só planejamento com base na discussão dos grupos.

Aulas seguintes
Dê tempo para que o grupo prepare coletivamente as aulas. Acompanhe o processo e dê espaço para discutir algumas decisões.

Avaliação e Comentários
Reserve um espaço para indicar se as ações foram realizadas e descrever situações que tenham saído do planejamento.

- Organização da sequência didática para o mês de junho - 10 minutos:
- Retomar com os professores as aulas realizadas e discutir, coletivamente, sobre as próximas aulas, levando em consideração o cronograma.

 

Modelo elaborado com base em uma pauta de formação da Secretaria Municipal de Educação de Arari

Quer saber mais?

CONTATOS
EMEF Presidente Nilo Peçanha, tel. (51) 3593-7792
SME de Arari, tel. (98) 3453-0394 

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