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O que é tematização da prática

A análise de experiências concretas documentadas em áudio e vídeo permite a reflexão sobre as situações didáticas e a prática em sala de aula

POR:
Noêmia Lopes

Há uma expressão que sempre provoca um misto de estranhamento e curiosidade quando surge na escola ou durante os cursos de formação oferecidos aos professores: tematização da prática. Por trás do nome intrigante, está uma valiosa estratégia que deve ser explorada pelos coordenadores nos encontros pedagógicos. Mas o que ela significa e que benefícios traz aos docentes e à escola?

Antes de tudo, é preciso entender o que significa: tematizar é olhar para algo e tratá-lo como um tema de reflexão, levantando teorias a seu respeito - é por isso que, por vezes, é chamada de teorização. E por que "da prática"? Porque ela consiste em analisar as atividades didáticas da sala de aula para estudar as teorias que ajudarão os docentes a perceber as intervenções necessárias ao ensino dos conteúdos. Com isso, os professores veem que prática e teoria estão interrelacionadas - uma ligação pouco explorada nos cursos de Pedagogia e nas licenciaturas.

Aulas gravadas são uma estratégia eficiente e ainda pouco explorada

Na década de 1990, os educadores brasileiros começaram a usar gravações em áudio e vídeo, captadas em sala de aula, nas reuniões de formação. Logo, notou-se que renderiam frutos se utilizadas com bons modelos que levassem à reflexão. "Com a tematização, os docentes aprendem a olhar para o que fazem no dia a dia, ao mesmo tempo em que são levados - sempre com a intervenção do formador - a conhecer a teoria que embasa os procedimentos utilizados", afirma Telma Weisz, educadora, pesquisadora e uma das pioneiras na introdução do assunto no Brasil.

Nesse sentido, há três aspectos a estudar: a natureza dos conteúdos, os processos pelos quais os alunos aprendem e os procedimentos usados pelos professores para ensiná-los. Por exemplo, na área de alfabetização, é possível estudar com que concepção de escrita os docentes estão trabalhando (conteúdo), como as crianças constroem a escrita (processos de aprendizagem) e quais situações didáticas podem ser propostas (procedimentos de ensino).

Porém quais atividades gravar ou escolher para levar aos encontros pedagógicos? A decisão depende das necessidades do grupo - ou seja, do que os docentes precisam saber, em um dado momento do planejamento, para que o aluno aprenda. Isso porque, enquanto estuda e tematiza a prática, a equipe compreende o sentido das intervenções didáticas, identifica problemas, pensa em soluções e troca experiências. "Todos crescem juntos, construindo conhecimentos, avançando nas conceitualizações e transformando a prática", afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita (FVC).

O ideal é fazer as gravações na própria escola. Porém, por se tratar de uma novidade, talvez haja constrangimento de um ou outro professor, que pode se sentir exposto, inseguro ou apreensivo com a análise do próprio trabalho. A sugestão, portanto, é iniciar o processo com vídeos captados em outros lugares, investindo na construção de uma relação de confiança com a equipe. Aos poucos, todos perceberão que a ideia é aprender por meio das experiências e se sentirão mais à vontade quando for sugerida uma filmagem. Conheça o passo a passo para você, coordenador pedagógico, realizar tematizações eficientes nos momentos de formação.

Quer saber mais?

BIBLIOGRAFIA
Ensinar: Tarefa para Profissionais
, Beatriz Cardoso, Delia Lerner, Neide Nogueira e Tereza Perez (orgs.), 
406 págs., Ed. Record, tel. (21) 2585-2000, 47,90 reais
O Diálogo entre Ensino e Aprendizagem, Telma Weisz, 136 págs., Ed. Ática, tel. 0800-11-5152, 39,90 reais