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Módulo 3: O meu corpo e o dos outros

Formação continuada em Ciências

POR:
GESTÃO ESCOLAR
Projeto de formação Ciências. O meu corpo e o dos outros. Foto: Tamires Kopp

As crianças formulam conceitos sobre a ciência e sobre seu mundo antes que eles sejam formalmente ensinados na escola. E esses saberes precisam ser o ponto de partida para a construção de conhecimentos científicos. No entanto, é comum que o ensino dessa disciplina não seja realizado dessa maneira. Apesar das orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a abordagem do eixo temático deste módulo é comumente realizada de forma compactada e desconectada, sem tratar o corpo como um sistema integrado. A sequência que você confere a seguir, elaborada por Luciana Hubner, consultora pedagógica da Abramundo Educação em Ciências, em São Paulo, visa reverter esse quadro e oferecer oportunidade para os professores conduzirem as aulas de uma maneira que os estudantes associem os conceitos anatômicos ao funcionamento do corpo deles.

Objetivo geral
Formar professores do 1º ao 5º ano para ensinar os conteúdos de Ciências, despertando nos alunos o desejo de conhecer e compreender a disciplina.

Objetivos específicos deste módulo

  • Compreender que a investigação é uma etapa central na construção do conhecimento científico e indispensável para aprender Ciências.
  • Romper com visões simplistas sobre o ensino de Ciências e com exposições demasiadamente escolares distanciadas da orientação investigativa.
  • Elaborar estratégias que permitam aprendizagens em um contexto de prática social.
  • Elaborar propostas dentro de um modelo de resolução de problemas.
  • Conceber novas situações a ser desenvolvidas em uma sequência didática com vistas ao aprofundamento na compreensão de um conceito ou na ampliação de práticas investigativas.

Conteúdos 

  • Ensino e aprendizagem do uso de tabela e registro em Ciências.
  • Elaboração de planejamento para o trabalho com leitura de textos científicos e os conceitos de saúde e alimentação saudável.

Tempo estimado
Dois meses e meio com reuniões quinzenais.

Material necessário
Cópias dos textos citados ao longo do projeto de formação, rótulos de alimentos industrializados (um para cada grupo de quatro professores) e material de pesquisa ou computadores com acesso à internet.

Desenvolvimento

1ª reunião: Reflexão inicial sobre o tema e a organização da sequência

1 Nesse encontro, os docentes irão ordenar as etapas de uma sequência de trabalho sobre o eixo Ser Humano e Saúde na página 100 do texto de referência que integra o documento de Direitos de Aprendizagem, do Ministério da Educação (MEC)

. Distribua cópias ou projete com o DataShow a tabela abaixo. Leia os itens listados e converse sobre que trabalhos eles têm realizado com esses temas.

Eixo estruturante ser humano e saúde
Objetivos de aprendizagem
1º ano
 
2º ano
 
3º ano
 
Construir noções acerca do corpo como um sistema integrado.
 
 
I
Nomear diversos sistemas do organismo humano (nutrição e sustentação).
I
A
C
Relacionar os sentidos às funções de interação do corpo com o ambiente.
I
A
A
Associar manifestações do nosso corpo às formas de expressão relacionadas com os sentimentos.
I
A
A
Reconhecer as alterações e transformações nos seres humanos durante suas fases de desenvolvimento.
I
A
A
Identificar os cuidados com a saúde, relacionadas à alimentação, higiene pessoal, vacinação, prática de exercícios, lazer e descanso.
I
A
A
Identificar cuidados com a saúde e o bem-estar relacionados a medidas coletivas como: coleta de resíduos, tratamento da água e esgoto.
I
A
A
Relacionar uma dieta saudável a um bom funcionamento do corpo e manutenção da saúde.
I
A
A
Reconhecer e respeitar as diferenças individuais de etnia, sexo, idade e condição social.
I
A
A
Reconhecer a sexualidade como um processo inerente ao ser humano, cujo desenvolvimento se inicia desde o nascimento e permanece ao longo da vida.
I
A
A
Entender a importância da preservação e cuidado com o próprio corpo, tanto no campo da saúde quanto no da sexualidade.
I
A
A

Legendas I- Introduzir; A- Aprofundar; C- Consolidar

2 Divida os professores em grupos e entregue para cada equipe as três etapas da sequência abaixo recortadas em tiras. Peça que leiam e proponham uma ordem para a realização das atividades, justificando a escolha feita. Informe que elas são parte de uma sequência didática realizada com o 5° ano. Ressalte que todos deverão ler cada uma das etapas tendo em mente duas questões: quais conhecimentos o sujeito precisa ter para poder cumprir o que é proposto e quais condições de aprendizagem são criadas em cada etapa de trabalho.

Etapa A 
Após socializar e discutir a diferença de quantidade de líquido ingerido no dia anterior, o professor destaca o que pode ser observado como padrão - ingestão de líquido - e o que foi variável - quantidade. Incentiva os alunos a levantar os motivos para a diferença de quantidade de líquido ingerida e conversa com a turma sobre os possíveis motivos dessa diferença (hábito, realização de exercício ou esforço físico etc.).

Agora, ele distribui um texto com informações sobre a importância da água para o corpo. Informa que deverão ler e destacar informações sobre a necessidade de ingestão de água e a quantidade recomendada. Socializa as informações que destacaram pedindo que comparem a quantidade indicada e a ingerida por eles durante o dia. Encerra a aula explicando e relacionando atitudes de respeito e cuidado pelo próprio corpo e o equilíbrio dinâmico característico do corpo humano.

Etapa B 
O professor pede aos alunos para analisarem as diferentes tabelas que distribuiu. Cada um deve contar que informações a tabela possui e dizer de que maneira obteve tal dado. O docente desenha no quadro uma tabela com três colunas e algumas linhas e explica que uma tabela é um quadro que organiza dados em colunas e linhas para fins de comparação, expondo de modo fácil e que deixa a leitura mais rápida. A organização de informações geradas pelos dados de experimentos, por exemplo, é mais fácil quando as mesmas estão dispostas em tabelas. Ele explica que uma tabela tem título, um corpo com linhas e colunas e uma fonte, indicando o responsável pelas informações. Informa que essa forma de registro é bastante utilizada por pesquisadores e cientistas.

Após a explicação, o educador orienta todos a desenhar no caderno uma tabela com duas colunas e algumas linhas. A primeira linha/primeira coluna - ação/horário. Explica que deverão anotar, a partir do momento que saírem da escola até o retorno no dia seguinte, as ações realizadas como alimentar-se, ir ao banheiro, beber água, tomar banho, brincar, dormir etc., escrevendo nas linhas a ação e na coluna o horário. Informa que podem incluir linhas se necessário. Alerta que deverão trazer a tabela preenchida no dia seguinte.

Etapa C 
Reunidos em grupos, os alunos analisam os dados de suas tabelas, marcam com lápis amarelo as ações que realizaram em comum e com o azul as que apareceram apenas na tabela de um ou dois participantes. Cada grupo socializa as ações marcadas em amarelo e as anota na tabela coletiva no quadro. O professor solicita que procurem explicar os motivos dessas ações estarem presentes nas anotações de todos. Depois, ele complementa as teorias da turma explicando que há algumas ações que são padrão, comuns para a espécie humana, e necessárias para a manutenção saudável do corpo, mas que também apresentam variações individuais. Orienta-os a construir outra tabela com o título: Quantidade de água/líquido ingerida durante o dia. Informa que, como tarefa de casa, deverão anotar nas linhas dessa tabela o tipo de líquido e na coluna a quantidade ingerida (em copos).

3 Peça que cada grupo compartilhe como organizou a sequência. A ordenação adequada é: etapa B (O professor pede aos alunos para analisarem as diferentes tabelas que distribuiu...), etapa C (Os alunos analisam os dados de suas tabelas...) e etapa A (Após socializar e discutir a diferença de quantidade de líquido ingerido...). Durante a discussão chame a atenção para o fato de a primeira ação necessária ser aprender a construir uma tabela para poder coletar e anotar os dados que irão discutir na etapa seguinte. Incentive-os a observar que a primeira coleta de dados é mais ampla e que o uso da marcação por cores permite perceber que temos semelhanças, mas também diferenças. Converse sobre quais poderiam ser as características encontradas entre os estudantes de uma mesma faixa etária e classe. E incentive que relacionem a sequência analisada aos objetivos de aprendizagem do MEC. Destaque o fato de a tabela ser uma forma de registro muito utilizada na ciência. Discuta o encaminhamento proposto, ressaltando a contribuição da análise de modelos de tabelas para a aprendizagem das características e da função delas.

4 Comente a importância de ensinar a construir esse tipo de quadro e o fato de essa aprendizagem não se dar somente com a observação ou com uma breve explicação por parte do docente. Aponte as condições de aprendizagem que cada uma das etapas favorece com a ampliação do conteúdo abordado. A leitura com um propósito claro - ler para buscar informações - também é um aspecto a ser destacado. Lembre que a quantidade diária de água e a importância dela para o corpo é uma informação presente em textos científicos. Ao propor a busca desse dado com a leitura, permite-se aos alunos ampliar o conhecimento conceitual e compreender a função desses materiais para aprender Ciências.

5 Encerre solicitando que todos leiam as orientações do eixo temático Ser Humano e Saúde nos PCN, grifando objetivos que possam complementar a tabela dos Direitos de Aprendizagem.

6 Explique que, para a próxima reunião, todos deverão desenvolver uma tarefa. Com base nos principais aspectos do eixo Ser Humano e Saúde do PCN (quadro abaixo), refletir sobre quais das atividades que realiza em sala de aula estão ligadas a esses temas e orientações. Todos devem fazer anotações sobre essas reflexões para compartilhar na aula seguinte.

  • Corpo humano como um sistema integrado que interage com o ambiente e reflete a história de vida do sujeito.
  • Compreensão de como o corpo se transforma conhecendo os processos e as estruturas e a relação de cada aparelho e sistema com os demais.
  • Igualdades, aspectos em comum para a espécie humana, e variações individuais.
  • Conhecimento do corpo humano associado ao melhor entendimento do seu próprio corpo.
  • Estado de saúde condicionado e associado a fatores de várias ordens.

2ª reunião: Referências de trabalhos sobre o tema

1 Promova uma breve conversa sobre a tarefa realizada em casa. Comente os trabalhos que os professores têm realizado e a relação deles com os eixos dos PCN e evidencie a possibilidade de uma iniciativa poder abordar mais de uma das orientações do documento oficial.

O intuito desse debate é ajudar os educadores a perceber, cada vez mais, que o planejamento da aula a ser proposta aos alunos deve ser orientado por aquilo que o educador pretende que os estudantes aprendam sobre o eixo temático, ou seja, a expectativa de aprendizagem. Só depois de ter isso bem definido, deve-se olhar para as orientações e tomá-las como referência para potencializar o processo de elaboração do plano de trabalho. Depois, peça que todos apresentem os dados da tabela sobre propagandas, deixada como tarefa na reunião anterior.

2 Projete ou entregue impresso os seguintes trechos extraídos das páginas 51 e 52 dos PCN:

"Cada pessoa, aluno ou professor, apreende em seu meio de convívio, especialmente com a família, um conjunto de ideias a respeito do corpo. É importante que o professor tenha consciência disso para que possa superar suas pré-concepções e retrabalhar algumas das noções que os alunos trazem de casa."

"Todas as conceituações adquiridas fora da escola devem ser consideradas no trabalho em sala de aula."

"O desenvolvimento de uma consciência com relação à alimentação é necessário, considerando-se as demandas individuais e as possibilidades coletivas de obter alimentos."

Discuta quais das informações encontradas na mídia sobre esses temas podem ter equívocos e gerar dúvidas entre os estudantes.

3 Distribua a reportagem Por Que Comemos Isto?, com o relato do trabalho desenvolvido pelo professor José Maria Rodrigues Soares. Oriente todos a ler a experiência, individualmente ou em duplas, e destacar os aspectos que consideram interessantes e possíveis de realizar com a faixa etária com a qual atuam, apontando as adequações necessárias. Promova um debate e mostre a relação entre o que foi realizado pelo docente e os dados coletados na tabela de propaganda de alimentos trazida por eles. Incentive-os a indicar quais orientações do eixo temático Ser Humano e Saúde se relacionam com as aulas de Soares.

4 Organize os educadores em grupos e entregue o rótulo de um alimento industrializado para cada um. Explique que todos deverão ler as informações contidas no material e analisar quais ajudam a orientar o consumo. Devem refletir se aquilo é bom para a saúde ou não e se pessoas com restrições alimentares podem consumir e avaliar se os dados permitem saber o que realmente estará sendo ingerido. Informe que todos deverão construir uma nova tabela, com o nome do produto, a composição dele, o uso industrial de seus componentes e os efeitos para a saúde.

5 Socialize algumas das tabelas feitas e converse com os professores sobre o que essa atividade permitiu que aprendessem. Pergunte o que eles descobriram sobre cada alimento, quais informações foram novas e quais desconhecem a função e sentido. Questione, também, se já realizaram atividade semelhante com os alunos e, caso alguém tenha feito, qual foi a reação. Caso nunca tenham feito, pergunte se consideram válido propor algo semelhante à classe deles e porquê. Aproveite para conversar sobre o sentido de usar fontes de pesquisa para ampliar conhecimentos e obter informação para resolver um problema. Ressalte que, em ações como essa, a melhor maneira de obter informação sobre aquilo que não se sabe e a terminologia que se desconhece é perguntando a um especialista ou buscando em outras fontes escritas. Portanto, em sala de aula, o docente pode levar a turma a essas investigações complementares.

6 Sugira a leitura da entrevista da educadora argentina Delia Lerner para NOVA ESCOLA.

3ª reunião: Investigação com imagens

1 Providencie revistas que possam ser recortadas ou computadores com acesso à internet. Peça que os grupos selecionem um conjunto de imagens que possa ser analisado pelos alunos e em que eles possam separar aquelas que reflitam situações saudáveis e não saudáveis.

2 Durante a atividade, caminhe pela sala para observar os indicadores que utilizam para a classificação e as ideias que apresentam sobre o conceito de saúde e sobre o uso de imagens em aulas de Ciências.

Coordenador É interessante que as seleções incluam imagens de pessoas muito magras, anoréxicas, obesas, com obesidade mórbida e aparentemente saudáveis. Ressalte que a discussão se torna mais interessante se todos os estudantes tiverem imagens iguais. Assim, as possíveis diferenças na classificação enriquecem a análise.

3 Durante a socialização, discuta as diferenças de classificação que aparecerem. Problematize os critérios que cada grupo utilizou na separação das imagens. Discuta o fato de a aparência ter sido tomada como um critério de classificação e lembre que isso também pode ocorrer ao realizar a atividade em sala de aula. Explique que classificação é um dos conceitos estruturantes da ciência e que a subjetividade deve ser evitada. Portanto, para separar imagens saudáveis e não saudáveis deve-se considerar um conjunto de características relevantes e possíveis de ser compreendidas por todos.

4 Distribua ou leia para todos a apresentação do volume Saúde dos PCN (páginas 65, 66 e 67). Reforce que saúde e alimentação saudável são temas tradicionalmente presentes no trabalho de Ciências com turmas do Ensino Fundamental. Entretanto, as estratégias adotadas não têm se revelado suficientes para garantir a abordagem dos conteúdos relativos aos procedimentos e às atitudes necessárias à promoção da saúde. Isso mostra que o acesso à informação não promove a mudança de hábitos e a adoção de comportamentos favoráveis ou desfavoráveis à saúde. Informações isoladas como a pirâmide alimentar, comumente afixada no mural da sala ou no refeitório da escola, não têm efeito na construção de valores e na aquisição de hábitos e atitudes. O mais importante, então, é trabalhar uma visão ampla de saúde, analisando as mudanças históricas, as diferenças geográficas e socioculturais, as preferências individuais e as necessidades de cada indivíduo relacionando-as a ritmos e hábitos de vida, tendo em vista as práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde.

5 Distribua para cada grupo uma cópia do plano de aula O que é um prato bem-feito?. Peça que leiam a sequência proposta, discutam e respondam o que essas propostas permitem que os alunos aprendam. Deixe que socializem as respostas e destaque que as duas atividades criam condições para a turma aprender a medir o índice de massa corporal e a tomar consciência do que estão consumindo, refletindo sobre o cardápio pessoal de cada um.

6 Entregue aos grupos o texto indicado na sequência, que ensina a medir o índice de massa corporal (IMC).

Incentive que cada professor calcule o seu índice. Construa uma tabela no quadro e anote o IMC daqueles que se sentirem à vontade em revelar. Faça a tabulação para levantar quantos estão com peso baixo, normal, sobrepeso e obeso classe I, II e III, segundo as definições da Organização Mundial de Saúde (OMS).

7 Lembre que, de modo geral, no trabalho com este eixo, o corpo humano não é visto de forma integrada. Discuta quanto, algumas vezes, expõe-se o tema pautado no repasse de informação com uma abordagem moralista e até simplista. Volte a conversar sobre a classificação inicial das imagens e os conceitos de saudável e não saudável utilizados para separá-las. É muito provável que só tenham sido considerados conceitos subjetivos, como aparência e estética. Explique que no Brasil, segundo a OMS, o índice de crianças obesas e desnutridas é bastante alto, principalmente nas classes sociais menos privilegiadas. Reforce que o objetivo do trabalho nesta área deve ser que os alunos entendam a saúde como um estado de bem-estar físico e mental. A meta é ajudá-los a adquirir interesse pelo cuidado com o corpo e reconhecer a si mesmos como agentes responsáveis pelo próprio bem-estar. O trabalho deve ajudar todos a fazer escolhas adequadas e a praticar hábitos saudáveis. Essa é a contribuição e o diferencial que o estudo na escola pode e deve oferecer.

8 Pensando e considerando o que foi discutido e aprendido nesta reunião, solicite que revisem as propostas e práticas que têm desenvolvido e as tragam modificadas no encontro seguinte. Quando entregarem, recolha, analise e faça uma devolutiva posteriormente.

9 Indique como leitura complementar o artigo Obesidade e Desnutrição: Males Que Afetam Nossas Crianças.

4ª reunião: Pesquisa e leitura direcionadas

1 Se for possível, é interessante realizar este encontro em uma sala que tenha ao menos um computador por grupo com acesso à internet. Caso contrário, providencie material de pesquisa. Retome os pontos principais da reunião anterior. Informe que agora vocês voltarão a pensar sobre a promoção de saúde e hábitos saudáveis. Explique que realizarão uma atividade similar a muitas que poderiam ser propostas aos estudantes: trabalharão na construção de um cardápio ideal para pessoas descritas em uma ficha, com características (sexo, idade e condições físicas) diferentes. Durante a realização da tarefa, todos deverão buscar informações e trocar impressões sobre o que aprenderam com a leitura dos textos.

Paciente 1 Ana Maria Pedroza
Idade: 23 anos
Sexo: feminino
Problema de saúde diagnosticado: doença de Crohn
Hábitos: sedentária

Paciente 2 Miguel Artemis
Idade: 4 anos
Sexo: masculino
Problema de saúde diagnosticado: diabetes
Hábitos: não observado

Paciente 3 Antonio Gouveia
Idade: 63 anos
Sexo: masculino
Problema de saúde diagnosticado: doença renal
Hábitos: sedentário

Paciente 4 Ana Julia Pederneira
Idade: 8 meses
Sexo: feminino
Problema de saúde diagnosticado: doença celíaca
Hábitos: não observado

2 Apresente cada paciente chamando a atenção para os aspectos que devem ser considerados na construção do cardápio. Sorteie as filipetas e distribua para os grupos. É provável que os detalhes de algumas doenças não sejam conhecidos. Essa escolha foi intencional para que a situação se apresente como um problema a ser resolvido pelos professores. Uma boa situação-problema deve fazer sentido no campo de conhecimento das pessoas envolvidas, mas não pode ser resolvida apenas com o que já se sabe. Ela deve se basear nisso para construir novos aprendizados. Também é conveniente que o problema seja rico e aberto e que coloque o sujeito diante da necessidade de tomar decisões que lhe permitam escolher procedimentos ou caminhos diferentes (Douday, 1986; Inhelder, 1992. In Emilia Ferreiro, Delia Lerner e Marta Kohl de Oliveira. Piaget-Vigotsky - Novas Contribuições para o Debate. Editora Ática.)

3 Acompanhe a realização da pesquisa e a construção dos cardápios caminhando entre os grupos. Quando todos terminarem, solicite que cada equipe apresente o paciente, as características da doença e o cardápio elaborado.

4 Lembre que o propósito da pesquisa estava claramente colocado pela situação apresentada (construir um cardápio com base nas características do paciente). Saliente que o fato de ter uma pergunta autêntica atua como guia e motivador dos esforços intelectuais que precisarão ser realizados para cumprir a tarefa. Os bons cientistas buscam perguntas boas, interessantes e contestáveis. Nas aulas de Ciências, tal qual na ciência profissional, é importante fomentar nos estudantes a arte de levantar questões que conduzam a investigações.

Nesse sentido, a maneira como as dúvidas são apresentadas também é muito importante. Uma pergunta gera um processo de exploração que se converte em observação, troca, experimentação e, muitas vezes, outros questionamentos. Portanto, ao encontrar uma resposta, novas perguntas se abrem. Esse é o jogo e o encantamento de estudar Ciências.

5 Encerre a reunião indicando a leitura dos textos É Essencial Ensinar a Ler Textos de Ciências e Foco na Pesquisa Científica, de Ana Maria Espinoza.

5ª reunião: Coleta e análise de dados

1 Apresente para todos o jogo Quem Realizou o Delito? Peça que tomem nota, pois, depois, vão planejar como fazer algo semelhante com sua turma. A atividade é composta das seguintes etapas:

a) Introdução do caso para a turma: o professor diz que alguém da classe cometeu um delito. A polícia já investigou e coletou alguns dados e evidências. Cabe aos estudantes descobrir quem são os suspeitos.

Para isso, vão realizar alguns testes, coletar dados para comparar com os que a polícia possui e elencar os suspeitos.

b) Apresentação da ficha de caracterização do suspeito (feita antecipadamente com base nos dados de um integrante da classe, que deverá manter segredo):

Nome: desconhecido
Idade: não foi possível identificar
Sexo: não foi possível determinar
Altura: entre 158 e 177 centímetros

Dados coletados:
- impressão digital
- fio de cabelo
- tamanho da caixa torácica expirando e inspirando

c) Investigação em grupos: o docente deve entregar a cada aluno um pedaço de cartolina com os quatro dados coletados antecipadamente. Depois, precisa explicar que eles vão averiguar as características dos integrantes da equipe para poder compará-las com as do suspeito.

2 Organize os professores em grupos e peça que discutam como essa atividade poderia ser operacionalizada com a turma de um deles. Indique que planejem como os estudantes coletariam cada um dos dados para poder comparar com a ficha do suspeito e que antecipem que tipo de dúvidas e dificuldades eles podem ter durante o processo. Avaliem, também, o que os alunos podem aprender sobre o conteúdo corpo humano com essa proposta.

3 Destine algum tempo para que compartilhem suas ideias com os demais. Depois, se necessário, você pode explicar como os dados podem ser coletados seguindo os procedimentos abaixo:

a) Coleta de impressões digitais
Desenhar, em uma folha de papel sulfite, um quadrado para cada integrante do grupo. Recortar um pedaço de aproximadamente 5 centímetros de fita dupla face para cada integrante. Em um papel rascunho, rabiscar com o lápis grafite várias vezes em uma mesma área e esfregar o polegar de quem vai tirar a impressão sobre essa área. Retirar a proteção de um dos lados da fita dupla face e pressionar o polegar sujo sobre a superfície adesiva, sem esfregar. Extrair a proteção do outro lado da fita e colar no papel, deixando a impressão à mostra. Repetir a mesma operação para todos. Para que a fita não grude em outras folhas de papel, deve-se colar um pedaço de fita adesiva transparente sobre cada impressão. Identificar, com nome, o registro de cada pessoa.

b) Coleta de altura
Com uma fita métrica, os alunos podem medir a altura de cada integrante e anotar o resultado no quadrado da folha de sulfite junto à impressão digital. Você pode optar por conversar sobre formas e procedimentos para realizar a medição ou deixá-los livres para decidir como fazer.

c) Medição do tórax 
A pessoa deverá expirar o máximo de ar que conseguir e, com uma fita métrica, um colega mede o contorno do tórax dele na altura do peito. Em seguida, a mesma pessoa deve inspirar profundamente e prender a respiração. A medida do tórax deverá ser novamente realizada. Anote o resultado das duas medidas no quadrado da folha de sulfite de cada um. Comparar a medida do tórax ao expirar e ao inspirar e buscar explicações para a diferença entre as medidas encontradas nas várias pessoas pode ajudar a evidenciar a relação entre entrada de ar e aumento do tamanho do tórax. Se compararem a diferença entre a medida da expiração e da inspiração encontrada em um ou outro perceberão que elas mudam, pois isso depende da capacidade pulmonar de cada um.

d) Análise do fio de cabelo
Retirar um fio de cabelo e colar uma das pontas, com fita adesiva, no quadrado da folha de sulfite de cada integrante. Analisar as características de cada fio e comparar com a do suspeito.

4 Chame a atenção para o fato de nosso corpo apresentar características de estruturas e funcionamento próprias da espécie e compartilhadas por todos os seres humanos. Mas, ao mesmo tempo, o corpo de cada pessoa é único e sempre apresenta alguma característica que o identifica como indivíduo. Essa individualidade não se restringe às impressões digitais. Há, por exemplo, a íris, a parte colorida do olho, e o DNA, que são únicos em cada ser humano.

5 Para finalizar, solicite que os docentes elaborem uma sequência didática, com no mínimo seis etapas, que ajude os alunos a conhecer a individualidade deles e compreender que cada corpo é único. Ressalte a necessidade de encadeamento entre as etapas, conforme o que foi visto e discutido na primeira reunião deste módulo.