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Blog Aluno em Foco

Questões sobre orientação educacional, ética e relacionamentos na escola

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Debates, assembleias, RPG e outros espaços de deliberação para o Fundamental 2 e o Ensino Médio

POR:
Flávia Vivaldi

Foto: Shutterstock

Em nossos dois últimos posts, aqui e aqui, compartilhamos conceitos sobre Educação em valores e sugestões de práticas morais de reflexividade. Salientamos que além do autoconhecimento, também é fundamental que o aluno conheça, reconheça, considere e respeite a perspectiva dos outros, ou seja, se descentre. Para isso, as ações mais indicadas são as de deliberação, já que, com base em argumentos racionais, elas possibilitam a reflexão sobre o que é correto, mesmo nos casos em que já se tem previamente fixada uma verdade ou um procedimento. É o que acontece, por exemplo, quando uma pessoa age de maneira agressiva e desrespeitosa com outra e esta, então, se valendo de uma atitude que já é habitual nessas situações, rompe a relação,

Nesse sentido, a deliberação moral parte inevitavelmente de um questionamento acerca de algo ainda não contestado ou de algum elemento novo que traz desequilíbrio para seguranças anteriormente estabelecidas, surgindo, então, a necessidade de se elaborar novas respostas.

A deliberação supõe o diálogo e o princípio dialógico deve ser traduzido nas atitudes dos docentes. De que maneira? Primeiramente, estimulando

atitudes pessoais de manifestação positiva e construtiva que contribuam para o entendimento e a solução dos problemas. É importante que isso seja feito de forma a se distanciar do autoritarismo, da prepotência e da coerção e manter o respeito a todos os interlocutores. Outro aspecto a ser considerado como favorável a um diálogo bem-sucedido é a clareza e consistência das informações necessárias para o desenvolvimento de uma atividade.

Dentre as práticas de deliberação mais importantes e presentes nas instituições educacionais destacam-se as sessões de debate,os exercícios de compreensão crítica,as assembleias de classe, a resolução de conflitos e mediação escolar, a discussão de dilemas e os exercícios de role-playing games (mais conhecidos como RPG, que pode ser traduzido como jogo de interpretação de papéis). Vamos olhar para cada uma delas?

• Sessões de debate e exercícios de compreensão crítica: Ações que convidam a turma à análise das inúmeras variáveis que permeiam fatos e situações do cotidiano ou de determinados momentos históricos. Tais práticas acabam por integrar as assembleias.

• Assembleias: Espaços organizados pela escola com o objetivo de garantir aos alunos, professores e funcionários, ou seja, a toda comunidade escolar, oportunidades de diálogo sobre assuntos que se referem à vida daquele grupo e que levem à melhoria da convivência e do trabalho da instituição.

• Resolução de conflitos e mediação escolar: Intervenções feitas pelos estudantes ou pelos educadores nas situações em que há visível divergência de ideias, acarretando em alguns um estado de ‘inflamação’ nos ânimos. Tais momentos demandam por parte dos mediadores uma escuta respeitosa das partes e o reconhecimento dos sentimentos. A busca da solução deve ser delegada aos envolvidos, que são convidados a avaliar se o que concluíram como solução é justo e agrada a todos.

• Discussão de dilemas: Momentos que envolvem o grupo em uma trama em que valores estejam em conflito. Os dilemas podem ser hipotéticos ou reais e a condução da discussão deve garantir que todos possam expor sua opinião. Cabe ao mediador introduzir questionamentos que provoquem nos participantes desequilíbrios cognitivos e morais, garantindo a oportunidade de reflexões e tomadas de consciência. Vale ressaltar que não há espaço para considerar respostas certas ou erradas, mas sim para conhecer e reconhecer perspectivas diferentes.

• Role-playing games: Exercícios que convidam os alunos a vivenciar papéis diferentes e os colocam frente a situações em que suas reações são muito próximas às reais.

É interessante salientar que o tipo de prática, se de reflexividade ou de deliberação, não acontece de maneira isolada: as características e os benefícios da primeira são claramente perceptíveis na segunda.

A amplitude moral contida nas práticas de deliberação as tornam extremamente relevantes nos contextos plurais e democráticos e, por isso, deveriam ser usadas sistematicamente pelas escolas.

Contudo, você pode estar se perguntando: “Como colocar em prática todas essas ações e ainda dar conta do trabalho com o conteúdo?”. Essa pergunta será respondida em nosso próximo encontro.

Gostou das sugestões? Tem dúvidas? Compartilhe conosco, somos parceiros!

Cumprimentos mineiros e até a próxima sexta-feira!

Flávia Vivaldi