Dando continuidade às nossas sessões pipoca pedagógicas, sugiro nesta semana o filme “Preciosa: uma história de esperança” (2009).
A obra narra a história de Claireece “Precious” Jones, de 16 anos, que sofre as mais diversas privações. Abusada pela mãe, violentada pelo pai e grávida de seu segundo filho, é convidada a frequentar uma escola alternativa, que atende jovens com baixo nível sociocultural e/ou com deficiência, na qual vê esperança de conseguir dar um novo rumo à sua vida. (Fonte: http://www.cineclick.com.br/filmes/ficha/nomefilme/preciosa-uma-historia-de-esperanca/id/16266).
Embora muitos de nós, infelizmente, conheça de perto casos como o da protagonista, é fundamental uma reflexão à luz da teoria. Apesar de vítima de uma educação familiar negligente e caracterizada por inúmeros elementos nocivosà construção de uma personalidade ética e saudável, entre os quais rejeição, humilhação, violência física, sexual e moral, Preciosa, inconscientemente, usa seus devaneios como estratégia de sobrevivência.
A necessidade humana de se sentir valorizada e a busca por uma imagem positiva de si começa a se concretizar para Preciosa por meio do olhar de dois professores. Primeiro, o de Matemática e, depois, a alfabetizadora da escola alternativa. A docente passa a ser uma figura de referência na vida da adolescente que, diariamente, assim como os colegas de classe, tem que registrar, por escrito, seus pensamentos, suas ideias, suas histórias, formando, nas folhas de papel, um diário da sua vida. No início, o diário é visto como uma tarefa, mas, além dos benefícios acadêmicos trazidos pelo exercício da escrita com significado, os registros sistemáticos passam a ajudar na reorganização interna da personagem.
O filme ilustra bem o que é resiliência, do ponto de vista da psicologia. Ou seja, o fato de algumas pessoas terem tudo para dar errado e se deformar (social, biológica e moralmente), mas, no entanto, superam todas as expectativas negativas e traçam outro caminho para si. A história de Preciosa, portanto, endossa a teoria de que um professor significativo pode “ser um modelo de identificação para a criança resiliente”, como afirma María Angélica Kotliarenco, no livro Estado de Arte em Resiliência (52 págs., Organização Panamericana da Saúde, disponível aqui).
A obra também nos remete à profecia autorrealizadora, que exploramos nesse post aqui.
Perceberam o tamanho da responsabilidade que temos sobre o destino de nossos alunos?!
Na próxima semana, teremos nossa última sessão pipoca. Não se esqueça de deixar suas contribuições e seus comentários e dizer qual das sugestões mais mexeu com você!
Cumprimentos mineiros e até a próxima sexta-feira para a “sessão pipoca 3”!
Flávia Vivaldi
Serviço:
Preciosa: uma história de esperança
Lee Daniels, Estados Unidos, 2010, 110 minutos, Playarte Pictures