Quem está se sentindo exausto e sem energia levante a mão? Levante a mão também quem não vê a hora de chegar o momento de esquecer o relógio, tirar o sapato e perambular descontraidamente pela casa? Certamente esses não são apenas desejos meus, mas de TODOS nós! E são totalmente justificáveis. O ano praticamente acabou, mas ainda há tanto por fazer, não é mesmo? É por isso que defendo, nesse momento, mais do que em todos os outros, que nossas ações sejam orientadas pela cautela! O cansaço excessivo pode ser um grande inimigo na hora de tomar decisões importantes e resolver dilemas, portanto, ser cauteloso torna-se ainda mais necessário.
Julguei importante trazer essa reflexão porque ao encerrarmos o ano escolar precisamos avaliar o desempenho individual e coletivo dos alunos e os projetos e as ações da escola. São conselhos de classe, conselhos de escola, atendimento às famílias etc. É uma tarefa que exige muito de cada um de nós, no momento em que mais nos sentimos física e mentalmente fragilizados. Por isso, corremos o risco de lançar mão de resoluções que nos permitam encerrar o mais rapidamente possível uma discussão, mas que nem sempre são as mais justas ou coerentes.
Nesse contexto, muitas vezes, ouvimos argumentos defendendo –equivocadamente – a equidade como justificativa para privilégios e que resultam empráticas como acréscimos absurdos de notas ou, ao contrário, a inflexibilidade absoluta a composição do resultado final dos alunos. Equidade, segundo o dicionário, é “reconhecer imparcialmente os direitos de cada um”. No ambiente educacional, isso significa oferecer, sistematicamente,alternativas e estratégias diferenciadas que possam dar a possibilidade para que todos os alunos avancem em seus conhecimentos. É algo, portanto, que deve estar presente todos os dias do ano.
Se durante todo o ano a equidade estiver presente na prática da escola, a probabilidade do desempenho acadêmico de todos ser satisfatório é muito maior – embora não necessariamente garantido. Por outro lado, se o foco for recuperar nota apenas daqueles que estão com resultados ruins, com recursos como provas complementares e apresentação de tarefas ou trabalhos extras, podemos dizer que houve apenas chances – ou privilégios – para que a média final fosse positiva. E aqui privilégio quer dizer “direito ou vantagem concedido a alguém, com exclusão de outros”.
A Educação que transforma deve buscar garantir a todos a construção do conhecimento em diversos níveis – físico, social, lógico –, respeitando as diferenças (e a partir delas). Isso é equidade! É algo mais amplo do que apenas “criar oportunidades de complementação de notas”, oferecendo, portanto, privilégios. O ideal é que se olhe para o processo de aprendizagem ao longo do ano, oferecendo para todos os estudantes apoio pedagógico que dialogue com suas necessidades e permita o avanço. Dessa maneira, não haverá necessidade de, nos últimos momentos, recorrer a recursos que só deem a alguns a possibilidade de recuperação. Ao menos, o resultado, seja ele qual for, estará livre de uma hipocrisia pedagógica que não combina com a Educação que tanto desejamos.
Que a mesma cautela esteja presente também nas relações profissionais, quanto ao horário de trabalho dos docentes e funcionários nesta época do ano. Dispensar alguns com o argumento de estar agindo com equidade por se tratar de alguém que tenha cumprido bem o seu papel, me parece mais com oferecer privilégios, desconsiderando, assim, o desempenho e envolvimento dos demais. Essa é uma prática recorrente em inúmeras escolas, o que, lamentavelmente, pode comprometer seriamente o sentimento de pertencimento da equipe como um todo. Concorda comigo? Se sim, muita cautela nessa etapa final!
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Cumprimentos mineiros e até a próxima sexta-feira!
Flávia Vivaldi