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Um banco de atividades para o substituto deixar de ser um “tapa-buraco”

POR:
Joelma Souza
Professora apresenta atividade para a turma. Foto Gabriela Portilho

Professora apresenta atividade para a turma. Foto Gabriela Portilho

Quando atuei como professora substituta vi esta situação muitas vezes: você é chamado de última hora e tem de passar pelo embaraço de chegar à sala de aula de mãos abanando, sem orientação e sem material de apoio. Na época, um livro didático doado por uma professora aposentada virou meu melhor amigo. Mas, mesmo com muito esforço, fiquei sabendo que docentes efetivos comentavam “essa professora não deu nada para a turma!” após a minha saída.

Compartilhei essa experiência com os docentes que trabalham comigo e muitos disseram que haviam passado pela mesma situação e já ouviram várias vezes que o substituto ou eventual é um “tapa-buraco”. Essa expressão forte é infelizmente proferida por quem ensina e por quem aprende (os alunos).

Pensando no significado mais simples de “tapar um buraco”, lembramos que essa ação requer um nível de conhecimento sobre a quantidade e a qualidade de material a ser utilizado para ser bem-sucedido. Enfrentar uma sala sem ter referências é o mesmo que tentar “tapar um buraco” com terra numa rua de asfalto em dia de chuva. Sabemos que não vai dar certo, não é mesmo?

Refletindo sobre essa comparação, resolvemos formar um banco de atividades e um kit de materiais para garantir que o professor substituto tenha as ferramentas necessárias para atuar. Consideramos que isso é o mínimo a fazer diante dessa situação e, assim, buscamos também garantir que os alunos recebam a formação que lhes é assegurada como direito ao vir para a escola.

Veja como organizamos:

- Os professores efetivos receberam uma pasta para cada série e colocaram nela sugestões de atividades nas áreas de Matemática, Língua Portuguesa e Arte para o substituto. Nessa sugestão, o docente indica como um conteúdo pode ser abordado para, por exemplo, retomar um assunto que a classe já viu de outra maneira. Isso é constantemente atualizado.

- Para as aulas de História, Geografia e Ciências, que pedem estratégias mais elaboradas já que as aulas substituídas se encaixam dentro de uma sequência mais longa, com conteúdos investigativos, optamos por não contemplar propostas. Como trabalhamos do 1º ao 5º ano e os docentes são polivalentes, essas disciplinas são contempladas pelo efetivo da turma.

- Montamos um kit para o professor substituto em uma caixa plástica transparente. Ali, colocamos lápis preto, borrachas, lápis de cor, giz de lousa, apagador, folhas de papel almaço e papel sulfite, apontadores, cola branca, tesouras, réguas e fita crepe nas quantidades necessárias para atender uma classe de 30 alunos. Ao final do trabalho, a caixa é entregue para nossa auxiliar de Educação, responsável pelo almoxarifado, que averigua o que foi utilizado e reabastece o que for necessário.

- O professor eventual também recebe um formulário impresso onde deve registrar os nomes dos alunos presentes e as áreas de conhecimento e as atividades trabalhadas no dia que será entregue no final da aula.

Nossas atitudes colaboraram para que o trabalho dos eventuais ficasse muito mais tranquilo, mesmo quando são chamados em cima da hora. Todos avaliaram como um facilitador para poder dar uma aula que realmente contribua para o aprendizado no dia da substituição. Os alunos se mostraram bem mais seguros e passaram a respeitar mais os substitutos. Até os pais deixaram de reclamar da quantidade de faltas.

E você, como lida com esse tipo de imprevisto no dia a dia?

Um grande abraço, Sonia Abreu