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Módulo 2: Vida nos ambientes

Formação continuada em Ciências

POR:
GESTÃO ESCOLAR
Os seres e onde habitam. Foto: Rafael Araujo

A vida dos animais e das plantas depende intrinsicamente do ambiente em que estão inseridos e dos recursos naturais nele disponíveis. Esta sequência de formação, elaborada com exclusividade para GESTÃO ESCOLAR por Luciana Hubner, gerente de Formação Educacional na Abramundo Educação em Ciências, em São Paulo, propõe encontros com os docentes que ajudam os alunos a estabelecer relações entre os seres vivos e seus hábitats.

Objetivo geral
Formar professores do 1º ao 5º ano para ensinar os conteúdos de Ciências, despertando nos alunos o desejo de conhecer e compreender a disciplina.

Objetivos específicos deste módulo

  • Apresentar a investigação como uma etapa central na construção do conhecimento científico e indispensável para aprender Ciências.
  • Criar familiaridade entre os docentes com as estratégias de pesquisa e formulação de hipóteses.
  • Provocar reflexão sobre os conteúdos de Ciências e a forma de ensiná-los.
  • Ampliar os conhecimentos dos professores sobre o conceito de ambiente.

Conteúdos 

  • Organização de atividades investigativas - imagens e criatórios.
  • Uso de instrumentos nas atividades de investigação.
  • Textos científicos em atividades de investigação.
  • Elaboração de planejamento de trabalho.

Tempo estimado
Dois meses e meio, com reuniões quinzenais.

Material necessário
Cópias dos textos citados ao longo do projeto de formação, conjunto de imagens de ambientes (Floresta Amazônica, cerrado, um deserto e uma região gelada) e animais (bicho-preguiça, onça, tucano, cobra, lobo-guará, tamanduá-bandeira, gavião, escorpião, camelo, urso-polar, pinguim e baleia orca), fotos da Mata Atlântica, terra com minhocas, jornal, luva plástica, pinça plástica, placa de Petri ou pratinhos plásticos e lupa.

Desenvolvimento

1ª reunião: Esboço da sequência de trabalho

1 Nessa reunião, os professores vão elaborar uma sequência de trabalho tendo como eixo orientador Vida nos Ambientes. Explique que o trabalho proposto deve garantir aos alunos a aproximação com o conteúdo ser vivo e ambiente - ciclo de vida, diversidade, comportamento animal, resultados da intervenção humana -, sempre trabalhando de forma integrada os conceitos, procedimentos e valores.

2 Leia para os professores e deixe registrado no quadro o seguinte trecho do documento Elementos Conceituais e Metodológicos para Definição dos Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento do Ciclo de Alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do Ensino Fundamental, produzido pelo Ministério da Educação (MEC). Ele servirá de orientação para as atividades.

O eixo Vida nos Ambientes é importante porque os animais e as plantas vivem na natureza relacionados com seus ambientes no que se refere à qualidade e disponibilidade de luz, água, ar e solo. Ao longo do Ensino Fundamental e Médio, essa relação é recorrentemente tratada, em termos crescentes de complexidade. Muitos temas contemporâneos fazem parte desse eixo como o uso de recursos naturais, transformações e cuidados na conservação dos ambientes e da diversidade de vida que os constitui.

3 Destaque os objetivos de aprendizagem.

  • Relação dos seres vivos na natureza - os animais e as plantas - com seus ambientes no que se refere à qualidade e disponibilidade de luz, água, ar e solo.
  • Uso de recursos naturais, transformações e cuidados na conservação dos ambientes.
  • Diversidade de vida que constitui os ambientes.
  • Usos e transformações que ocorrem no solo, na água, no ar.
  • Características da diversidade animal e vegetal e da sua conservação e manejo.
  • Ciclo de vida de animais e plantas.
  • Animais: reconhecimento dos diferentes comportamentos de animais em relação à alimentação, locomoção, reprodução e revestimento do corpo.
  • Plantas: variedades de sementes, dos tipos de dispersão e do desenvolvimento, altura de uma planta, tipos de hábitat e a importância delas na cadeia alimentar, na ornamentação e na cultura.
  • Ambiente natural e ambiente transformado: modificações ocorridas nos ambientes próximos das crianças como resultado da intervenção humana.

Eles deverão selecionar um ou mais objetivos para pautar a escolha das atividades e a organização da sequência de trabalho, seguindo a seguinte estrutura:

  • Objetivos de aprendizagem.
  • Conteúdos.
  • Etapas do trabalho (no mínimo 4).

A sequência deve contemplar o uso de:

  • Imagem.
  • Criatório.
  • Instrumentos simples e próprios das Ciências
  • Texto científico.

4 Durante a elaboração, percorra os grupos, ajudando-os a pensar e organizar as atividades. Provoque-os a avaliar se elas:

  • Favorecem a aprendizagem dos conteúdos e objetivos descritos.
  • São consideradas possibilidades de apoio a construção dos conceitos trabalhados e não como meras atividades manipulativas.
  • Permitem a construção de conhecimentos conceituais fundamentais e para o desenvolvimento de competências científicas.

Coordenador Recolha as produções para analisá-las mais detalhadamente. Tenha como referência as orientações das reportagens sobre modalidades organizativas e projetos didáticos. A coerência, o encadeamento significativo entre uma etapa e outra e a possibilidade de ampliação dos conhecimentos em cada etapa são alguns dos pré-requisitos importantes. Ao avaliar as produções, tenha como diretrizes as três questões colocadas acima.

5 Nos próximos encontros, os docentes vão voltar a trabalhar nessa sequência. Organize as apresentações dos grupos e peça que eles tragam, na reunião seguinte, pelo menos três exemplos de imagens que utilizariam na atividade com os alunos.

2ª reunião: Investigação com uso de imagem

1 Inicie a reunião pedindo aos grupos que apresentem as imagens selecionadas, explicando o porquê da escolha e como as utilizariam. Esteja atento à qualidade das imagens e às condições de aprendizagem que elas permitem. Não faça intervenções durante as apresentações.

2 Organize os professores em grupos, entregue para cada um deles um conjunto de imagens (imprima tocando nos ícones ao lado) e peça que relacionem os animais ao seus respectivos ambientes. Oriente-os a observar com atenção as características de cada imagem. Peça que anotem aspectos que lhes chamem a atenção.

3 Durante a socialização, os grupos devem justificar as escolhas. Chame a atenção para as semelhanças e as diferenças entre as propostas de agrupamento. É provável que os professores apontem as estruturas corporais como critério de seleção. Certas características de um animal representam vantagens para sua sobrevivência em determinado ambiente. Essas vantagens podem conferir maior eficiência na obtenção de alimento ou na fuga de predadores, permitindo que ele viva mais tempo, reproduzindo e aumentando a chance de sobrevivência de sua espécie. Questione, por exemplo, se um animal que vive no deserto pode viver na floresta e o da floresta na região gelada.

Coordenador Segundo a teoria do naturalista frânces Jean-Baptiste Lamarck (1744 -1829), os seres vivos desenvolvem determinados órgãos de acordo com suas necessidades de sobrevivência. Imaginava-se que os organismos se transformavam com o propósito de se adaptar ao meio - o que não é verdade. Se um organismo não apresenta características adaptadas para a vida em determinado ambiente, ele morre. Para evitar confusões sobre o conceito, evite expressões como "esse ser vivo se adaptou ao ambiente" e prefira outras como "esse ser vivo tem características, ou seja, adaptações, que lhe permitem viver nesse ambiente".

4 Após a socialização, comente as características que os seres vivos possuem que lhes permitem viver no ambiente, apesar das limitações impostas. Relacione a grande ou pequena diversidade de seres vivos às condições a que estão expostos, destacando que aspectos como clima e disponibilidade de água e de alimento limitam a diversidade.

5 Projete uma fotografia da Mata Atlântica. Explique que se trata de um importante bioma brasileiro. Peça que descrevam a paisagem da floresta, as características, semelhanças e diferenças. Garanta que observem detalhes da imagem, que percebam que a floresta não é composta de cobertura vegetal homogênea. Questione-os a respeito dos animais que consideram habitar essa floresta e em quais locais eles vivem e das condições observadas que permitem a vida. Explique que na floresta a quantidade de água, de luz e a temperatura média favorecem a grande biodiversidade local.

6 A imagem, em seus diversos suportes, assume um lugar importante, desempenha um papel facilitador na explicação de conceitos e serve como recurso para a comunicação das ideias científicas. Peça que os docentes destaquem detalhes que chamaram a atenção, como as cores, o enquadramento e a escala, e peça também que busquem outras evidências: há, por exemplo, indícios de que a imagem foi modificada? Indique que analisem, novamente, as imagens trazidas com base nesses novos critérios. Proponha ao grupo montar um banco de boas imagens que podem ser utilizadas nas atividades com os alunos. As imagens devem ser isentas de estereótipos, acompanhadas de título, legenda e crédito (quando necessário), adequadas à finalidade de estudo e, preferencialmente, trazer a escala e a cor real.

7 Encerre a reunião apresentando suas observações da análise das atividades de uso de imagem das sequências elaboradas. Devolva as sequências e peça que, caso necessário, reescrevam a atividade proposta.

3ª reunião: Investigação com uso de criatórios

Prática de trabalho com ser vivo

1
Comece uma discussão sobre como os professores têm trabalhado em sala o tema seres vivos. Pergunte se é dada aos alunos a oportunidade de compreender que os seres vivos convivem e estabelecem vínculos de interdependência tanto entre eles quanto em relação aos diversos fatores físicos presentes no ambiente em que habitam, como a água, a luz e o solo.

2 Projete ou entregue a cada um a descrição do trabalho com o minhocário.

O professor propõe à turma montar um minhocário. As crianças adoram a ideia e sugerem utilizar o aquário que está vazio no armário. Em outra aula, o professor traz um saco de terra para iniciar a montagem, combina com os alunos onde irão colocá-lo e transfere a terra para o aquário. O professor leva os alunos para o parque para procurarem minhocas. Por precaução, traz de casa um pote contendo terra e algumas minhocas. Os alunos voltam para a sala um pouco frustrados por terem encontrado apenas duas minhocas. O professor acolhe o grupo e entrega seu pote com minhocas para que as transfiram para o minhocário e pergunta o que precisarão aprender para poderem cuidar delas. Nas próximas aulas, traz livros e material para pesquisa: o que comem, como vivem e como se reproduzem as minhocas. O docente organiza uma escala de ajudantes para cuidar do minhocário e alimentar as minhocas. Diariamente, os alunos analisam e regis- tram no bloco de anotações aquilo que observam. O jardineiro da escola é convidado para conversar com os alunos sobre minhocas e cuidados com o jardim. Para finalizar o estudo, os alunos confeccionam cartazes com desenhos, imagens e informações sobre minhocas para colocar no mural externo e socializar com os alunos de outra turma.

3 Apresente as questões para análise.

a) O que os alunos aprendem com essas atividades?
b) O que o professor acredita ensinar? Como ele acredita que se aprende esse conteúdo?
c) Que indicações daria ao professor para ajudar a transformar a atividade com o minhocário em situação que permita aos alunos observar os processos de desenvolvimento do organismo e estabelecer sua dependência em relação a três fatores ambientais básicos: água, luz e solo.

4 Encerrado o tempo determinado para a atividade, socialize cada um dos itens discutidos.

  • Discuta as condições de aprendizagens criadas pelas atividades descritas no texto do minhocário.
  • Explorar o espaço externo.
  • Antecipar possíveis problemas.
  • Trazer materiais que garantem o alcance do desafio proposto.
  • Orientar e apoiar a realização das atividades.
  • Apresentar foco/questões para nortear a pesquisa.
  • Organizar grupos para a observação.
  • Registrar, socializar e divulgar conhecimentos adquiridos por meio do estudo.

5 É fundamental que o professor tenha clareza dos conteúdos com os quais pretende trabalhar, o que espera que os alunos aprendam - aqui se faz imprescindível considerar a faixa etária e o tempo de desenvolvimento do trabalho - para, então, definir as atividades mais adequadas. Reforce que a Educação escolar tem o papel de ampliar, e não apenas reproduzir, os conhecimentos que os alunos já sabem, construídos na vivência fora da escola.

Peça que analisem novamente a atividade de criatório proposta na sequência elaborada destacando os aspectos positivos e os que necessitam revisão.

6 Apresente sua análise da leitura dessas atividades. Indique que façam os ajustes necessários na atividade proposta e tragam a versão modificada na reunião seguinte.

4ª reunião: Investigação com uso de instrumentos

1 Retome a reunião anterior informando que o grupo vai desenvolver uma das etapas da sequência de trabalho com minhocário do cenário. Projete ou entregue impresso a etapa do trabalho que desenvolverão - na reunião seguinte será discutido a que etapa esse fragmento corresponde.

Observação do minhocário

Garantir, em primeiro lugar, que o minhocário contenha minhocas em diferentes fases de desenvolvimento. Preparar o local de observação das minhocas orientando os alunos a organizar uma mesa juntando quatro carteiras, forrando o espaço com jornal (mais de uma folha), colando as pontas na mesa com fita adesiva. Alertar para a importância do uso da luva, explicando o motivo e as regras de cuidado com a saúde.

Disponibilizar as lupas, informando o poder de aumento da lente, e deixar que os grupos explorem e conversem sobre o que observaram.

Em seguida, pedir para cada grupo espalhar com muito cuidado uma porção de terra do minhocário sobre o jornal, procurar as minhocas com o auxí- lio da lupa, separá-las em três pratinhos de acordo com o tamanho e anotar a quantidade em uma nova tabela, lembrando de anotar a data.

Reforçar as orientações de cuidado na manipulação. Percorrer os grupos assegurando que todos partici- pem e auxiliando, se necessário. Caso haja casulos na porção de terra, orientar os alunos a separá-los em um outro pratinho, sem, por enquanto, dar ne- nhuma outra orientação ou informação.

Por fim, solicitar que cada grupo informe quantas minhocas pequenas encontrou. Some a quantidade dos grupos e anote o total na tabela coletiva do mural. Fazer o mesmo para a quantidade de minhocas médias e pequenas.

Repetir a atividade da observação e comparar os dados com os do último dia. As quantidades podem ter aumentado ou diminuído. Questionar as crianças sobre as diferenças encontradas e os possíveis motivos que possam ter favorecido isso. Explicar como observar as minhocas com a lupa, procurando identificar aspectos característicos em seu corpo. Desenhar três quadrados no quadro (minhoca pequena, média, grande) e solicitar que um aluno de cada grupo venha desenhar o animal e identificar as partes que observaram. Conversar sobre as semelhanças entre os desenhos e as possíveis diferenças de nomeação das partes.

Conversar com os alunos a respeito do que foi encontrado na observação: os casulos. Não os chamar pelo nome ainda. Perguntar se alguém sabe o que são e se imagina como eles foram parar na terra. Finalizar a conversa explicando que na próxima aula pesquisarão em livros para saber com exatidão do que se trata.

Pedir para os alunos desenharem no bloco de notas os três grupos de minhocas - pequena, média e grande -, colocando a legenda para identificar o tamanho, nomeando as partes e escrevendo qual poderia ser a função de cada parte. Informar que, na próxima aula, voltarão a trabalhar com essa informação. Ao fim da aula, as porções de terra devem ser devolvidas ao minhocário.

2 Disponha os materiais na sua mesa, separando-os por categorias: potes com substrato e minhocas, lupa, jornal e luvas. Isso servirá de exemplo para os professores organizarem o espaço e os materiais, favorece a autonomia e gestão da sala de aula.

Oriente-os a vir até a mesa buscar os materiais necessários para realizar a atividade. Percorra os grupos orientando, se necessário, o uso correto da lupa.

Coordenador Informe sobre o aumento da lupa. Discuta o uso desse instrumento em sala, a função dele nessa atividade e a importância de oferecer aos alunos oportunidade não só de usar mas de compreender como ele é usado em pesquisas científicas. Verifique se todos conhecem o procedimento de uso. É comum alguns manterem a lupa parada e movimentar, aproximar e afastar, o olho. Caso necessário, informe que para obter uma imagem nítida do objeto é preciso que ele esteja no foco da lente. Para isso, movimenta-se a lupa, lentamente, para a frente e para trás, até que o objeto esteja em foco.

3 Incentive que mexam na terra, desfazendo com cuidados os grãos maiores, separando as minhocas e colocando-as nos pratinhos. É provável que algum professor não se sinta à vontade em mexer na terra ou pegar a minhoca com a mão. Respeite-o, mas lembre-o que está de luva e que o animal não oferece perigo. A atividade favorece a troca de informações e é comum que a sala fique barulhenta. Isso pode ser tematizado por você, no final, como um aspecto positivo da situação de aprendizagem.

4 Terminado o tempo de observação, identificação e separação das amostras, realize a etapa de socialização e soma do quantitativo dos tamanhos diferentes de minhocas. Pergunte se algum grupo encontrou casulos e, caso isso não tenha ocorrido em todos os grupos, dê um pequeno tempo para observação.

Peça que um participante venha ao quadro, desenhe a minhoca e nomeie suas partes, conforme a atividade proposta anteriormente.

Incentive os demais a colaborarem com suas informações. Ao final, questione sobre o que a atividade cria condições para saber. Informe que na próxima reunião voltarão a discutir esse registro, então, neste momento o que se busca não é a exatidão na resposta.

5 Discuta com a sala o potencial dessa atividade, listando no quadro o que ela permite aprender sobre Ciências. Peça que registrem as observações em seus cadernos, pois elas serão retomadas na próxima reunião. Questione os professores sobre como nascem as minhocas. Peça que pesquisem sobre isso e tragam as informações na próxima reunião.

6 Reorganize a sala. Oriente-os a reunir a terra do jornal e despejá-la na bacia que está sobre a mesa, trazer os pratinhos e despejar cuidadosamente as minhocas na terra, assim como os casulos. Lembre os docentes também de jogar os jornais na lixeira, recolher o excesso de terra que caiu no chão e organizar as carteiras em meio-círculo.

7 Converse e liste no quadro as atividades do dia:

  • Explicação sobre o que iriam realizar.
  • Leitura dos procedimentos a ser seguidos.
  • Distribuição do material e organização para a realização da atividade.
  • Realização da atividade.
  • Apoio e provocações feitas pelo professor/formador.
  • Socialização dos conhecimentos construídos.
  • Nova problematização: como nascem as minhocas?
  • Tarefa para o próximo encontro.
  • Reorganização da sala.

8 Encerre a reunião destacando a importância de todas as atividades listadas para aprender Ciências - conceitos, procedimentos e atitudes científicas. Embora o ensino de Ciências não tenha como objetivo a pura transmissão de informações, isso não significa que ele se descole do conteúdo conceitual, mas a favor de uma intervenção qualificada e fortemente orientada pelo saber fazer ou saber procedimental e do saber ser ou atitudinal, conforme os PCN. Lembre os professores sobre a importância de organizar situações que ajudem os alunos a compreender a Ciência enquanto produto e processo.

5ª reunião: Investigação com uso de textos científicos

1 Inicie retomando a atividade realizada na reunião anterior. Leia, novamente, em voz alta a etapa da sequência de trabalho. Pergunte se esta é a primeira etapa ou se já teriam sido realizadas atividades anteriores. Solicite que apontem quais indícios, informações a descrição da etapa os leva a considerar isso e quais seriam as atividades. O encaminhamento - separar as minhocas, contá-las e anotar em uma nova tabela com a data do dia - é um dos indicadores de que esta não é a primeira vez e nem o primeiro contato dos alunos com o material. A montagem do minhocário durante a aula é outra atividade que provavelmente foi realizada com os alunos. Eles pesquisaram o lugar mais adequado para instalá-lo e estudaram os hábitos alimentares para manter as minhocas vivas e em boas condições. Além disso, aprenderam a fazer uma tabela, entendendo a função dela no estudo científico.

2 Peça aos docentes que, em grupo, elaborem a etapa seguinte à Etapa da Sequência de Trabalho (1ª reunião) distribuída na reunião anterior. Cada grupo deverá ler a proposta e todos avaliarão a coerência, a articulação com a atividade anterior e as condições de aprendizagem e ampliação do conteúdo.

3 Retome o que as crianças aprenderam na etapa anterior:

  • Existem minhocas de diferentes tamanhos.
  • O número de minhocas variou. Pode ter aumentado ou diminuído.
  • O corpo de uma minhoca é constituído de várias partes.
  • Uma nova estrutura foi encontrada na amostra de substrato.

Pergunte aos professores o que os alunos ainda não sabem. Algumas possíveis respostas:

  • A relação entre o tamanho da minhoca e a fase da vida dela.
  • Quais são as fases de vida.
  • O nome das partes do corpo.
  • O que é a estrutura encontrada na amostra de substrato (o casulo).

4 Apresente a próxima etapa proposta na sequência.

Pesquisa em textos científicos

Retomar os estudos da aula anterior. Solicitar aos alunos que abram os desenhos com as identificações que fizeram.

Informar que cada uma das partes tem um termo científico, assim como a fase de desenvolvimento.

Organizar os alunos em grupo. Entregar a cada grupo materiais como livros e impressos da internet.

Informar que deverão ler e buscar nessas fontes de informação o termo científico que corresponde a cada uma das partes identificadas.

Socializar as informações coletadas pela pesquisa. Comparar com o que haviam aprendido na aula anterior e agregar as novas informações coletadas na pesquisa. Lembrar os estudantes de agregar as informações novas e modificar parte dos dados que registraram na aula anterior.

Desenhar ou projetar o corpo de uma minhoca no quadro, identificar coletivamente cada parte e a função. Explicar que essas informações não poderiam ser obtidas somente observando as minhocas - o que reforça a função das fontes escritas para o estudo em Ciências.

Retomar o que descobriram sobre os casulos observados e separados na aula anterior. Complementar com informações necessárias. Informar que as minhocas nascem de casulos, estruturas formadas no clitelo e que contêm ovos em seu interior. Alguns podem apresentar pequeno furo, que corresponde ao orifício por onde as minhocas recém-nascidas saíram.

Caso a pesquisa não traga a informação, explicar que a diferença entre os tamanhos das minhocas está relacionada à fase de vida: casulo, minhocas jovens e minhocas adultas.

5 Converse sobre o uso dos textos científicos na atividade. A proposta ajuda os alunos a entender sua função para o estudo e investigação científica e saber que há informações que a simples observação não alcança.

6 Oriente os docentes a analisar em grupo as sequências elaboradas, observando o encadeamento entre a atividade com texto científico e as atividades anterior e posterior. Peça que analisem a possibilidade de aprendizagem criada pelo uso do texto.

Apresente as observações de sua análise.

7 Apresente sua análise da leitura dessas atividades. Indique que façam os ajustes necessários na atividade proposta e tragam a versão modificada na próxima reunião.

8 Se houver tempo, leia o trecho do relatório da 13° edição do Prêmio Educador Nota 10 na reunião. Caso contrário, indique-o como leitura complementar.

A ciência possui métodos e teorias, processos e produtos. Os processos da ciência provêm da forma como os conceitos e teorias são construídos, enquanto seus produtos são seus conceitos, teorias, fatos e artefatos tecnológicos. Assim, o conhecimento em Ciências não pode ser atribuído somente aos conhecimentos de seus conceitos e fatos. Dessa forma, é fundamental que os alunos, durante sua vida escolar, desenvolvam gradativamente um entendimento da natureza das explicações, modelos e teorias científicas, bem como das práticas utilizadas para gerar esses produtos. É importante que durante o processo de escolarização, os alunos aprendam a descrever objetos e eventos, levantar questões, planejar e propor soluções, coletar e analisar dados, estabelecer relações entre explicações e evidências, aplicar e tes- tar ideias científicas, construir e defender argumentos e comunicar suas ideias.

No ensino de Ciências por investigação, os estudantes interagem, exploram e experimentam o mundo natural, as atividades não devem ficar restritas a manipulação ativista e puramente lúdica.

Relembre que, na primeira etapa analisada, o professor traz novas perguntas aos alunos. Situações-pro- blema orientam e acompanham todo o processo de investigação, o que permite a construção de novos conhecimentos do que está sendo investigado. Nessa perspectiva, o professor desempenha o papel de guia. Ele propõe e discute questões, contribui no planejamento de investigação dos alunos, orienta no levantamento de evidências, auxilia no estabelecimento de relações entre evidências e explicações teóricas, possibilita a discussão e a argumentação entre os colegas, promove a sistematização do conhecimento.

Ao conduzir atividades investigativas, o professor precisa garantir um ambiente rico de trocas verbais em sala de aula por meio de um intenso e comprometido trabalho colaborativo.

9 Indique que voltem a analisar e fazer os ajustes e alterações necessárias na sequência Proponha que elaborem as atividades subsequentes e coloquem-nas em prática.