Como o diretor pode incentivar a formação leitora de professores que não gostam de ler?
Rosimari Santana Da Silva, de Andaraí, Bahia
Não podemos esquecer que nem todos os docentes, durante seus anos de escolaridade, vivenciaram situações que contribuíram para a formação deles como leitores. Esse é, portanto, um cenário que requer cuidado. Você está preocupada com razão, porque o diretor é um agente social que pode promover transformações. E é importante ter um professor leitor, afinal ele é um modelo e, portanto, potencial incentivador para crianças e jovens. Você vai, então, precisar aumentar as experiências leitoras desse educador.
Primeiro, acho necessário analisar os horários de planejamento dos docentes, porque esse é um dos espaços que poderão contribuir para essa formação. Portanto, organize com o coordenador pedagógico a reserva de momentos cujo objetivo seja alimentar e ampliar o repertório literário do grupo de professores. Algumas ações são possíveis:
- fazer, junto com o coordenador (interessante também incluir os docentes), o levantamento do acervo de livros, filmes e revistas existentes na escola e que possam servir de apoio às atividades no horário de trabalho coletivo (HTPC);
- organizar rodas de leitura e assegurar um tempo para que todos conversem sobre as impressões que tiveram. Os gestores podem apresentar livros ou pedir que, a cada encontro, um dos professores traga algo que gostaria de compartilhar. O ideal é variar os gêneros trabalhados;
- dar indicações literárias e estimular a troca desse tipo de informação entre os participantes do grupo. Incentive também o empréstimo de obras;
- propor estudos sobre as situações didáticas de leitura que os docentes pretendem preparar para os alunos.
Aqui você também encontra um projeto institucional sobre o tema. E esta reportagem traz sugestões sobre como oferecer na escola um ambiente leitor para todos.
Para completar, deixo dois trechos que mostram a importância da leitura para os alunos, mas que podem muito bem ser estendidos aos educadores:
(…) A escola não pode compensar as injustiças e as desigualdades sociais que nos assolam, mas pode fazer muito para evitar que sejam incrementadas em seu interior. Ajudar os alunos a ler, com que se interessem pela leitura, é dotar-lhes de um instrumento de aculturação e de tomada de consciência cuja funcionalidade escapa dos limites da instituição. (…)
Trecho de O Prazer de Ler, Isabel Sole Gallart
(…) “Todas as pesquisas coincidem num fato muito simples: a criança que esteve em contato com leitores antes de entrar na escola aprenderá mais facilmente a escrever e ler do que aquelas crianças que não tiveram contato com leitores(…) Há crianças que ingressaram na língua escrita por meio da magia( magia cognitiva desafiante) e crianças que entram na língua escrita pelo treino de habilidades básicas. Em geral, as primeiras se tornam leitoras; outras têm um destino incerto”.
Passado e Presente dos Verbos Ler Escrever, Emília Ferreiro, Cortez Editora, 96 págs., 26 reais
E você, como faz para estimular a equipe docente a ler?
Abraços, Maura
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