O que fazer quando a equipe de professores critica e culpa o diretor pela maioria dos problemas gerados na escola?
Marlene Andrade Bergamini, de Maripá de Minas, em Minas Gerais
Marlene, gostaria de iniciar a nossa conversa citando o professor Vitor Paro (que você pode conhecer mais nesta entrevista): “O local em que se realiza a educação sistematizada precisa ser o ambiente mais propício possível à prática da democracia. Por isso, na realização da educação escolar, a coerência entre meios e fins exige que tanto a estrutura didática quanto a organização do trabalho no interior da escola estejam dispostas de modo a favorecer relações democráticas. Esses são requisitos importantes para que uma gestão escolar, pautada em princípios de cooperação humana e solidariedade possam concorrer tanto para ética quanto para a liberdade, componentes imprescindíveis de uma educação de qualidade ”.
A colocação de Paro nos dá algumas pistas sobre a gestão das relações interpessoais que permeia qualquer contexto de trabalho, seja na escola, na área de saúde, no comércio ou em outros. O diretor precisa estar atento ao clima organizacional, pois qualquer problema neste sentido acaba respingando nas salas de aula. Até porque o processo da gestão tem não apenas uma dimensão individual, mas também uma dimensão coletiva e interativa. O grande desafio é promover a articulação entre todos e considerar a diversidade de posicionamentos. Vale lembrar que opiniões diferentes também podem enriquecer o processo de tomada de decisões e favorecer o sentimento de pertencimento, uma vez que a pessoa percebe ter sido ouvida, mesmo que sua colocação ou sugestão não tenha sido acatada pelo grupo.
Mas não dá para fazer gestão de corredor, ou seja, conversas rápidas e fragmentadas. Essa atitude abre espaço para o “telefone sem fio”. É necessário, portanto, criar um ambiente específico para o debate em grupo.
Para tanto, é importante planejar esses encontros e pensar em algumas questões: Qual horário favorece a participação da maioria? Quais serão e como colocar os assuntos em discussão? Quais os materiais ou dados que irão subsidiar, e mesmo provocar, a conversa? Como será feita a comunicação da reunião (informe os docentes sobre a pauta, para que eles se preparem)? Toda essa organização revela o cuidado que os gestores têm com sua equipe.
Outro ponto essencial, e que reflete no clima organizacional, é a realização de reuniões periódicas com cada segmento para que todos possam compreender a importância da sua atuação dentro do processo educativo da escola. Além disso, esses encontros permitem que todos saibam quais ações precisam ser realizadas, como, quando e por quem. São também momentos de avaliação do que está sendo feito e, se for preciso, de replanejamento.
Ao compartilhar informações e decisões, promover uma gestão participativa e criar um bom clima de trabalho, o diretor evita o acúmulo de conflitos mal resolvidos.
E na sua escola, como você resolve os conflitos?
Abraço,
Maura
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