Olá, diretor,
Nas próximas três semanas, quero conversar com vocês sobre os desafios de ser diretor em cada etapa de ensino. Afinal, pensar em uma escola adequada para uma criança de 4 anos não é a mesma coisa que planejar uma instituição para um jovem de 15, certo?
Começo falando sobre a Educação Infantil. As Diretrizes Curriculares Nacionais afirmam o atendimento em creches e pré-escolas como direito social das crianças; e a Base Nacional Comum Curricular defende que, nos últimos anos, a Educação Infantil vem consolidando uma nova concepção sobre como educar e cuidar de crianças pequenas em instituições educacionais, entendendo o cuidado como algo indissociável do processo educativo.
Entre o direito social das crianças e os deveres dos cuidadores e educadores, como o diretor pode atuar? Sabemos que é necessário assegurar boas condições de atendimento às crianças, sujeitos de direitos. O brincar e o jogar, como afirma Lino de Macedo, são modos de aprender e se desenvolver. Então, como está organizado o espaço na sua escola, para que elas possam ter a oportunidade de brincar e interagir com outras crianças?
O diretor precisa garantir que os espaços interno e externo da escola ofereçam recursos e materiais variados, que permitam à turminha expressar suas emoções, sua imaginação, sua fantasia. Veja nesta reportagem de NOVA ESCOLA como os bebês conseguem aprender na interação com o ambiente. E vale sempre lembrar que, para assegurar um ambiente que favoreça o desenvolvimento de todos, não são necessários grandes investimentos, e sim uma variedade de materiais e alguma criatividade.
As sugestões são inúmeras: as caixas de papelão fazem o maior sucesso entre os pequenos, pois podem se transformar em castelos, mobílias de casinhas, carros e outros tantos que a imaginação permitir. As tampas e panelas usadas de diferentes tamanhos podem ser fixadas em suportes de fácil acesso no parque, pátio ou tanque de areia, para que as crianças explorem os sons. Também é possível organizar caixas ou cestos com objetos variados para que eles possam manusear, apertar, jogar no chão, e transformar as próprias caixas em brinquedos de empilhar, tampar, destampar, encaixar.
Em algumas escolas com mais recursos, os diretores providenciam a pintura das paredes do pátio e de corredores com tinta de lousa, para que as crianças possam rabiscar e desenhar. Outras colocam azulejos que possibilitem o uso de tintas. Até mesmo a simples ideia de encapar uma parede com papel kraft ou cartolina já permite que a turminha se aproprie daquele espaço, deixando sua marca. As variações de possibilidades são essenciais para promover um maior desenvolvimento dos alunos. Veja mais sugestões de organização do espaço nesta reportagem. E veja como as crianças também podem ser protagonistas da gestão democrática neste texto de GESTÃO ESCOLAR.
A orientação de pais e funcionários sobre o processo de aprendizagem dos pequenos também é fundamental. Afinal, todos são cuidadores e educadores, e as crianças aprendem interagindo com o mundo e o outro. Os momentos de reuniões de pais e da equipe são importantes para deixar todos a par das atividades desenvolvidas, da importância do brincar e da exploração de materiais que à primeira vista podem parecer sujeira, como as tintas e a areia.
Diretor, qual é o lugar da brincadeira em sua escola? Como estão organizados os espaços e os materiais? Você percebe que as crianças têm a oportunidade de vivenciar diferentes brincadeiras? E as oportunidades de se expressarem de diferentes formas, estão contempladas? A escola revela o quanto o brincar é valorizado e faz parte de seu projeto político-pedagógico (PPP)? Reflita sobre essas questões e compartilhe conosco nos comentários o que você faz para garantir o livre brincar na Educação Infantil. Um abraço, Maura