Olá, diretor,
Esta semana, quero refletir sobre a maneira como os espaços da escola são decorados. Muitas vezes, o prédio é enfeitado para diferentes fins, a partir de gostos pessoais da gestão e dos professores, ou de referências que a equipe acredita que façam parte do universo dos estudantes.
Dessa maneira, se perde a oportunidade de os espaços serem utilizados para que os alunos possam se expressar, por eles mesmos, nas mais diferentes linguagens: desenho, pintura, colagens, música, montagens, esculturas e outras manifestações artísticas. O gosto pessoal do diretor pode se refletir nos objetos presentes em sua sala, mas para os espaços comuns, devem prevalecer produções que façam sentido para toda a comunidade escolar, principalmente para os estudantes.
Convido você, diretor, a percorrer os diferentes ambientes da instituição, observando: Há produções dos alunos expostas? Há quanto tempo elas estão ali? Qual o seu estado de conservação? O que revelam sobre os aprendizados? Sabemos que o produto final é uma parte importante do aprendizado, que deve ser valorizado, como aparece nesta reportagem. Os produtos revelam a identidade das crianças ou são todos iguais? Estão expostos em lugares que possibilitam a apreciação e a valorização pela comunidade? Os materiais e os suportes utilizados são sempre os mesmos?
Diretor, que tal propor aos professores e coordenadores uma discussão sobre como vocês estão promovendo aos alunos a experimentação e a descoberta de diferentes maneiras de se expressar? Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para as Artes podem ser boas referências onde se apoiar nessa discussão.
É possível, por exemplo, com a ajuda do professor de Artes e de artistas da comunidade, organizar uma pintura dos muros da escola, decorados com obras dos próprios alunos, como fez a Escola Estadual Patriarca da Independência, em Vinhedo, no estado de São Paulo. Vale ressaltar o cuidado que se deve ter ao propor a cópia de produções de artistas, assim como a pintura de desenhos estereotipados que não contribuem para ampliação de referências e de repertório dos alunos. O ideal é que eles vejam os muros como possibilidades de criação e expressão sobre sua personalidade e sua relação com a escola.
Sabemos que as exposições são uma das maneiras de promover o exercício da sensibilidade, da aproximação com a cultura, da troca de repertório pelos alunos. Então, que tal aproximar esse universo da escola? Ao rever as atividades promovidas durante o ano letivo, pense em visitas a espaços culturais da cidade e do entorno, que podem trazer relevância para as aprendizagens dos alunos e referências visuais para a decoração da escola. Também é interessante organizar, com toda a comunidade, uma exposição de arte na própria escola, considerando as diferentes linguagens e as diferentes maneiras de expor as produções: pendurando pelos espaços, colando em tecidos coloridos, pelas paredes, no chão e até no teto.
Os alunos também podem se envolver no cuidado com o acervo, pensando em possibilidades de manter os espaços sempre organizados e atualizados: de quanto em quanto tempo as produções serão trocadas? Qual será o critério de escolha? Quem vai cuidar da manutenção? Eles têm condições de participar de todas essas decisões, junto com a gestão, os professores e os funcionários.
Diretor, como é a decoração da sua escola? Você já fez alguma atividade em conjunto com os alunos, para valorizar suas produções? Conte sua história nos comentários!
Um abraço,
Maura