Olá,
Em um dia de sol escaldante visitando escolas da Caatinga, no nordeste do Brasil, me deparei com uma cena que me fez refletir pelo resto da vida! Uma das escolas não tinha mais água disponível. Gestores e professores se revezavam para trazer uma garrafa de casa com o líquido. No meio da manhã, com um calor insuportável, todas as crianças formaram uma fila, pacientes para beber o único gole de água a que teriam direito.
De volta a São Paulo, passei pela Marginal do Tietê e o mau cheiro e a poluição reforçaram minha inquietação. O que parecia distante de boa parte do Brasil, a crise hídrica, nos alcançou e ocupa, hoje, muito espaço na mídia e nas salas de aula. E a criançada não hesita em perguntar, deixando muitos pais e professores numa saia justa: afinal, a água vai ou não acabar?
Seria impossível acabar com ela, já que a natureza continua seu interminável serviço ambiental de renovação natural. Mas, a água boa para beber, potável, essa corre sério risco se a humanidade continuar a desmatar regiões de nascentes e poluir todos os estágios do seu ciclo. Especialmente nas cidades, pois ela circula em todos os cantos, é essencial na produção e pode ser contaminada por todas as atividades humanas!
Algumas escolas implementam ações de economia, como fechar a torneira e controlar vazamentos. Isso já é um avanço, mas é necessário refletir também sobre questões mais complexas para fazer a diferença no currículo e na atitude. Um exemplo dessa complexidade é a quantidade enorme de água potável que se perde na rotina das nossas escolas e das nossas casas sem que a gente veja.
Você já ouviu falar em água virtual?
A água virtual é aquela que você não vê, mas é usada em toda a cadeia produtiva dos bens de consumo. Só para dar um exemplo, aquela xícara de café que esfriou na sala dos professores e foi para o lixo ou pelo ralo, jogou fora 140 litros de água potável usada em sua produção. A mesma água que poderia fazer a diferença nas famílias de tantos alunos, da Caatinga, das margens do Tietê, do Brasil e mundo afora.
Com tudo o que já vi e ouvi sobre esse assunto, decidi me tornar uma multiplicadora desse conceito, ministrando palestras e cursos sobre a importância de desligar o piloto automático do consumo e se ligar no elemento essencial para a vida. Você pode se inspirar nessa ideia para trabalhar o tema aí na sua escola assistindo, por exemplo, este vídeo aqui.
E aí, você já tinha ouvido falar sobre isso? Conseguiu implementar ações para uma nova visão da preservação da água? Conte para a gente abaixo, nos comentários.
Na próxima semana, vou relatar uma atividade prática sobre água virtual que fez a diferença no currículo das escolas de São Sebastião, no litoral de São Paulo.
Bom trabalho e até segunda.
Andrée