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Blog Sustentabilidade na Escola

Dicas, textos e depoimentos sobre como levar as questões ambientais para dentro da escola e para a comunidade

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A cultura local pode ser uma aliada para o incentivo à leitura e à escrita

POR:
Andrée de Ridder Vieira

Ana Cláudia Santos, uma das Educadoras Nota 10 de 2014, trabalhou com os causos da região nas aulas de Língua Portuguesa. Foto: Manuela Novais

Olá,

Dias desses, estava em uma reunião de pais numa escola e me deparei com as mães questionando a coordenadora pedagógica sobre como as notas de alguns alunos do Ensino Fundamental II haviam caído, nas várias disciplinas. O assunto virou um aquecido debate, com várias tentativas de identificar os “culpados”, até que a professora de Língua Portuguesa tomou a palavra. Ela mostrou as provas de Matemática, História, Ciências e outras áreas e as respostas das crianças. Os textos eram marcados por equívocos gerados pela falta de atenção e pela dificuldade em compreender o enunciado e não por problemas com o conteúdo em si.

A qualidade da leitura (e da escrita) das crianças e dos jovens, ou seja, o quanto eles são capazes de ler, mas especialmente compreender e interpretar, faz toda a diferença. Não só na disciplina de Língua Portuguesa, mas em todas as áreas, uma vez que essa maravilhosa e complexa língua é a raiz de tudo o que se faz dentro da escola e na vida.

É preciso pensar em como (re) encantar a turma pelo gosto da leitura. Minha sugestão para esse enorme desafio é que você leve para dentro da sala de aula uma das esferas da sustentabilidade que está presente na história de vida de todo aluno: a cultura local.

Dois exemplos para inspirar você

A revista NOVA ESCOLA do mês de outubro conta o trabalho da professora Ana Cláudia Santos, da EE Padre Paulo (você também pode conhecer outros detalhes neste vídeo), Educadora Nota 10 deste ano. Ela transformou os alunos em contadores e escritores de causos, refletindo sobre as diferenças entre fala e escrita e a produção de textos.

Ao conhecer o projeto dela, lembrei de um outro trabalho que conheci na EM Elizabeth Johnson (antigo Centro de Educação Complementar), em Feira de Santana, a 115 quilômetros de Salvador. Na época, fiquei impressionada com o brilho nos olhos da então coordenadora pedagógica Malena Oliveira Santana de Araújo. Ela relatou como os alunos se encantaram pelo português ao criar livros de cordel, inspirados em poetas da região, em uma ação interdisciplinar de Língua Portuguesa e Arte.

Inicialmente, as oficinas inspiradas em pintores e cordelistas locais foram oferecidas como atividade complementar. O sucesso foi tanto que, no ano seguinte, evoluiu para a rotina da escola e levou o cordel para a sala de aula. O projeto incluiu a pesquisa de obras desse gênero, a criação de cordéis pelos alunos, a leitura em voz alta, a elaboração de ilustrações, a presença de um cordelista para falar sobre o tema e a organização do lançamento de um livro produzido pelo 5º ano.

Malena me contou que um dos aspectos mais impressionantes para ela foi observar alunos que antes ficavam tímidos, e não saiam do canto da sala, e passaram a se expressar com mais naturalidade, mostrando envolvimento com o projeto e desenvoltura com a leitura.

Além do aspecto do reconhecimento e da valorização da cultura local, essas iniciativas colaboraram para ampliar o encantamento desses estudantes pela leitura. Saber ler bem, falar bem e se expressar bem por escrito são habilidades necessárias para gerar autonomia e participação desses jovens na cidadania. Ajudando os alunos a romper fronteiras como essas, favorecemos que eles consigam vencer os riscos da exclusão social.

E aí na sua escola, como você tem encarado esses desafios? Comente a sua experiência para animar nossa rede de trocas e que venha novembro com a serenidade que precisamos para dar conta das tarefas de fim de ano.

 

Abraço,

Andrée