Esse importante recurso demora muitos anos para se desenvolver e pode ser perdido em poucas horas. Foto: Shutterstock
Olá,
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) foi a protagonista, no âmbito da Aliança Mundial pelo Solo e em colaboração com os governos e a Secretaria da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação (UNCCD), pela escolha de 2015 para celebrar o Ano Internacional dos Solos (AIS).
Assim como a água é uma causa estratégica, a escolha do tema solo não é mero acaso e tem tudo a ver com o nosso post sobre mudanças climáticas . “De acordo com a FAO, os solos saudáveis estão na base da agricultura familiar, na produção de alimentos e na luta contra a fome e, ainda, cumprem um papel como reservatórios da biodiversidade. Além disso, compõem o ciclo de carbono, por isso que o seu cuidado é necessário para mitigar e enfrentar as mudanças climáticas. É essencial manter um equilíbrio cuidadoso entre a necessidade de preservar os nossos recursos naturais e expandir a nossa produção de alimentos. O Ano dos Solos visa gerar esta consciência,” disse Eve Crowley, representante regional adjunta da FAO.)
Refletindo sobre a nossa realidade, o Brasil tem um dos maiores territórios de terra do planeta e também um grande índice de pobreza, o que levaria muitos, por falta de planejamento e comodismo, a pensar que uma das soluções seria usar mais extensão de “solo” para agricultura e resolver parte do problema da fome que se espalha em muitas localidades. Puro engano, pois o maior desafio está em “como produzir mais, usando menos espaço já ocupado pela agricultura, sendo mais sustentável e ecoeficiente” ao ponto de garantir que o recurso natural da terra e demais elementos naturais como a água e a biodiversidade, e a geração de renda de quem produz se sustentem ao longo dos anos. Por exemplo, a agroecologia, os sistemas agroflorestais e tantas outras técnicas têm ajudado especialmente os pequenos e médios produtores a manter o seu espaço sempre produtivo com conservação ambiental.
Carlos Alexandre, presidente da Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo (SPCS), faz um alerta: “o solo é um recurso de que estamos cada vez mais dependentes. Demora milhares de anos a ser desenvolvido e pode perder-se em horas!” É como se a gente estivesse correndo contra o tempo, com uma ampulheta onde aquela areia é derrubada rapidamente.
Eis aí uma bela oportunidade para você dar um sentido especial ao tema já incorporado no currículo pedagógico. Vamos conhecer algumas ideias?
Solo na escola e no currículo
1) Sensibilização: A Organização das Nações Unidas (ONU) desenvolveu um vídeo em comemoração ao Ano Internacional dos Solos que pode ajudar a chamar a atenção dos docentes (e depois dos alunos) sobre o tema e iniciar um processo de incorporação da temática transversalmente nas disciplinas.
2) Mandala do solo multidisciplinar: Com base no vídeo e em outros materiais de apoio, você pode organizar com os docentes uma reunião de planejamento com um grande disco de papelão em formato de mandala, dividido em partes como pedaços de pizza. Em cada fatia, insira o nome da disciplina. Com o tema solo, cada docente irá escrever em uma das fatias as atividades já programadas sobre o tema. Depois, olhando o conjunto, o desafio coletivo é ver se o que foi planejado de fato irá fazer a diferença no aprendizado dos alunos refletindo numa ação prática e protagonista de mudança de atitude ou de visão. O importante é expandir o conteúdo do livro didático e trabalhar a realidade atual.
3) Vivência prática: Os professores de escolas públicas e privadas de Curitiba e região metropolitana tiveram a oportunidade de realizar visitas monitoradas gratuitas com seus alunos na “Exposição Didática de Solos da UFPR”. Na reportagem deste link e no site você pode se inspirar para criar uma exposição interativa na escola, onde os alunos terão contato com várias atividades ligadas ao solo, desde os tipos e suas texturas até o que ele nos proporciona (alimentos, vestuário, materiais de construção etc).
4) De onde vêm as coisas? Aproveitando a reflexão da vivência prática, em sala de aula você pode sugerir que os alunos tragam várias imagens de objetos do cotidiano (telha, tijolo, fruta, cimento, vaso de cerâmica, casa de joão de barro, areia, entre outros) e criar uma série de situações investigativas sobre a origem desses elementos. Para cada imagem, eles terão de tecer a relação com o solo na sua produção e a nossa dependência desse importante serviço ambiental que o solo nos proporciona gratuitamente.
Para finalizar, sugiro que você veja aqui alguns materiais pedagógicos, desenvolvidos pelo Instituto Supereco, com atividades para os anos iniciais do Ensino Fundamental vinculadas ao tema solo.
Se você tem outras ideias além destas que apresentei, incremente nossa coleção de boas dicas contando como a sua escola insere esse assunto no currículo.
Até o próximo post.
Andrée