Olá,
Certa vez eu estava fazendo um diagnóstico da Educação ambiental em escolas do sul da Bahia, na zona rural da Serra do Conduru, entre Ilhéus e Itacaré. Conheci uma escola muito precária, sem eletricidade, sem acesso à água, muito menos coleta de esgoto. O telhado estava todo destruído (o que sobrou era habitado por morcegos e seus dejetos) e havia somente uma mesa, poucas cadeiras e quase nem um livro. Mas lá haviam crianças muito entusiasmadas e uma professora muito engajada (era a única educadora do lugar) em ensinar aqueles alunos; além de fazer o papel de diretora, coordenadora, faxineira, merendeira e ser responsável por buscar e levar cada criança para casa, pois havia certos riscos pelo caminho. Prometi voltar com algumas ideias para apoiar o trabalho de Educação ambiental que ela tanto queria desenvolver. Confesso, fiquei quase uma hora no retorno para a cidade pensando em como resolver muito mais do que esse pedido.
Outra vez, recebi um comunicado de um diretor de uma escola particular de São Paulo, onde eu fiz uma palestra num auditório lotado para os alunos do Ensino Fundamental II sobre o uso consciente e responsável da água. Ele estava constrangido em me contar que havia recebido um contato de um pai de aluno. O garoto chegou animado para mudar a rotina da casa, propondo ações de economia de água e ouviu do pai que tinha dinheiro suficiente para comprar um caminhão pipa caso faltasse o recurso.
Fiquei também uma hora refletindo sobre esta atitude e pensei em como meu trabalho vive de extremos, assim como o planeta, que hoje abriga muitas situações insustentáveis. Vivemos num mundo habitado por muitas pessoas ligadas no piloto automático, que não param para pensar na hora da mudança! Também não agem em prol de um equilíbrio comum, poupando recursos naturais e apoiando quem já está fazendo a diferença como a professora da Bahia.
A ONG WWF vem espalhando, por esse mundo afora, o ato simbólico “Hora do Planeta”. Segundo a própria entidade, é um ato em que governos, empresas e a população demonstram a preocupação com o meio ambiente, apagando as luzes durante 60 minutos. E para quem imagina que isso não faz diferença na economia geral de eletricidade, posso dizer que um coletivo agindo simultaneamente durante 60 minutos faz muita diferença. Não só pelas mudanças climáticas, pelas águas e outros recursos que produzem energia, mas principalmente no esforço de parar para refletir, chamar a atenção para os problemas ambientais e sociais que estão por todos os lados.
A próxima Hora do Planeta acontecerá no dia 28 de março, às 20h30. Você pode saber mais sobre a ação no site e se informar sobre como cadastrar a sua escola aqui. Veja que já há adesões de escolas e grupos de Educação para a próxima ação coletiva. Então, participe e divulgue na sua região!
Mas, pensando nos exemplos apresentados e em como nossa realidade é heterogênea, é importante pensar nessa campanha como uma oportunidade para instituir uma mobilização que tenha a cara da instituição em que você trabalha. Vale lembrar, também, que dia 28 de março é um sábado, portanto provavelmente a escola estará fechada. O seu ato pode ser mensal, quinzenal, ou com outra periodicidade. Se não der para parar por 60 minutos, estabeleça um minuto ou mais, mas sempre com um sinal de alerta em um horário combinado com todos os docentes, para falar do assunto, propor ideias de mudança, desenvolver alguma ação no espaço como um mutirão e, se for possível, apagar mesmo a luz! Com o passar do tempo, os alunos ficarão muito ligados na proposta de dedicar uma hora, ou alguns minutos do seu tempo, para o planeta.
Então, conte para a gente que temas têm estimulado a reflexão aí na sua escola. E, lembre-se, se estiver em casa no dia 28 de março, às 20h30, nada de luz acesa por 60 minutos!
Até a próxima segunda.
Andrée