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Blog Sustentabilidade na Escola

Dicas, textos e depoimentos sobre como levar as questões ambientais para dentro da escola e para a comunidade

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O lixo, a história das coisas e o consumo responsável

POR:
Andrée de Ridder Vieira

O livro de Annie Leonard e o site da exposição Reverta colaboram para ampliar o trabalho sobre reciclagem na escola.

No indicador de sustentabilidade que sugeri, um dos itens considera o uso de materiais e a destinação adequada dos resíduos da escola. E isso me faz pensar sobre como o lixo é um dos temas ambientais mais abordados. Mas, nem sempre isso ocorre com eficiência. Em muitos casos, falta um olhar para outros aspectos além da reciclagem, como repensar os hábitos e diminuir o consumo, gerar menos lixo e reutilizar resíduos para outras funções.

Por exemplo, já vi muitas escolas fazerem projetos de separação de resíduos com os alunos, mas na verdade na sua região ou cidade não havia a coleta do lixo reciclável e muito menos o destino para reciclar todos os tipos de resíduos separados. Daí o risco de gerar uma frustração nos estudantes, ao separar e depois por acaso saber que tudo ia parar no mesmo destino, no aterro sanitário ou no lixão.

Não podemos negar o fato de que, por ser parte da rotina de adultos e crianças, o lixo pode ser uma excelente porta de entrada para as reflexões sobre a sustentabilidade e as nossas atitudes em relação ao planeta. Então vou compartilhar algumas dicas de abordagem para aprofundar essa reflexão.

Ao sair de férias regularmente em uma mesma região de montanhas nos Estados Unidos, a americana Annie Leonard observava a cada ano a diminuição das áreas verdes… e, ao se mudar para a cidade de Nova York, ficou impressionada e incomodada com as imensas quantidades de sacos de lixo acumuladas nas calçadas. De onde saía e para onde iria tudo aquilo? A inquietação a transformou em uma ambientalista ferrenha e, mais tarde, em autora do livro A História das Coisas (The Story of Stuff), em que explica o ciclo de economia de materiais (extração-produção-distribuição-consumo-tratamento de lixo), sinalizando o quão perverso o incentivo ao consumo se tornou nas sociedades capitalistas. Como ela bem observa, nas três últimas décadas, consumimos 33% dos recursos naturais do planeta. E, de todos os produtos comprados nos Estados Unidos, 99% deles vão para o lixo dentro do próximo meio ano! No vídeo dublado em português, ela expõe conceitos como o da obsolescência planejada e da obsolescência perceptiva das coisas. Por ser mais longo (20 minutos) e complexo, pode ser um material interessante para trabalhar com os alunos do Ensino Médio.

Pessoas de qualquer idade ficam impactadas diante da imagem de um aterro, de um vídeo sobre o lixão, ao conhecer o dia a dia de um catador de lixo ou ficar ao lado de uma altíssima coluna que indica quanto um brasileiro descarta por ano. Todas essas possibilidades foram colocadas para o visitante da mostra Reverta, com cunho educativo e interativo, organizada pela Abramundo no pavilhão da Oca em São Paulo. A exposição terminou no início de julho, mas deixa como contribuição um site com números, textos, vídeos e infográficos valiosos que podem ser trabalhados com alunos de várias etapas do ensino. Além de revelar quantas toneladas de lixo são descartadas por dia em vários países do mundo, nas diversas regiões do Brasil, a composição dele em países de baixa e de alta renda (como já comentei anteriormente, no nosso país, mais de 50% é composto de resíduos orgânicos, ou seja um grande desperdício de comida com tanta gente vivendo na pobreza e com desnutrição), a aba de conteúdo O lixo é nosso traz um glossário sobre os tipos de resíduos sólidos, segundo a classificação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.  A aba Ciclo de Vida propõe que você siga o lixo para entender como funciona a indústria da reciclagem e explica os ciclos de vidro, plástico, papel e alumínio. Números sobre reciclagem e reutilização podem ser encontrados na aba Nada a descartar.

Mas é a seção dedicada a Boas Práticas que eu proponho que você olhe com mais atenção e pense de que maneira a sua escola colabora para formar um futuro consumidor consciente. Ali se misturam conceitos e atitudes com recursos práticos como um link para uma lista de cooperativas e postos de entrega voluntária na metrópole paulista. Com base no que está exposto ali, me sinto motivada a pensar em ações simples capazes de mobilizar os alunos. Descobrir se há alguma cooperativa próxima da escola para ser visitada, incentivar os estudantes a entrevistar um catador da região, procurar saber se algum pai ou membro da comunidade escolar possui uma composteira em casa e chamá-lo para explicar a sua rotina à turma. Propor que algumas classes analisem qual o caminho do lixo em sua casa e na própria escola, estimulando os cinco Rs – repensar, recusar, reduzir, reutilizar, e reciclar –, pode ser um bom começo para formar cidadãos mais conscientes. Propor desafios, como o de reduzir o volume de lixo, ou transformar o que foi descartado em objetos úteis para o dia a dia ou até mesmo determinar a vida útil de itens consumidos pela família também pode ser uma experiência diferente e marcante para o aluno e para a comunidade.

Se você já realizou projetos sobre o consumo consciente e a redução de lixo na sua escola e identificou abordagens que tenham dado certo para sensibilizar e mudar o comportamento dos alunos conte para nós!

Até a próxima.