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Cuidar e educar: o papel do professor na Educação Infantil

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
Formação de professores: estudo de caso para discutir o cuidar na pré-escola

Formação de professores: estudo de caso para discutir o cuidar na pré-escola

Há muito tempo, não é novidade para ninguém que, na creche, é preciso que o professor integre as funções de cuidar e educar as crianças. Pelo próprio Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), sabemos que educar significa “(…) propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada”.

Mas lembro a todos que o Ministério da Educação (MEC) divide a Educação Infantil, a primeira etapa da Educação Básica, em creche (0 a 3 anos) e pré-escola (4 a 6 anos), independente se o atendimento é em período parcial ou integral.

Por isso, eu pergunto a vocês… Será que temos realmente consciência de que precisamos cuidar e orientar como se faz o autocuidado também com as crianças de 4 a 6 anos, assim como fazemos na creche?

Já aconteceu comigo, por exemplo, de um professor da turma de 5 anos me procurar para saber quem trocaria a roupa do João, uma criança que havia passado mal e sujado a camiseta e o shorts. O professor demonstrava não estar nada satisfeito com aquela situação e, ainda por cima, ficava reclamando do mau cheiro que havia ficado no canto da sala onde ocorreu o fato. O menino estava perto e ficou muito constrangido e com vontade de chorar.

Diante daquela situação, acolhi a criança e fui conversando com ela, dizendo que eu também já havia me sentido mal e sabia como era ruim. Pedi para uma funcionária limpar a sala e fomos procurar uma roupa limpa que servisse nele na caixa de doações. A caminho do banheiro, perguntei ao João se precisava de ajuda para se trocar. Ele, que já estava mais tranquilo, disse que não era preciso, porque era grande e já sabia como fazer isso sozinho.

O que eu fiz depois desse episódio?

Após a atitude desse professor, ficou muito claro para mim que seria preciso refletir sobre essas e outras questões que eu já havia observado, como, por exemplo: crianças com o nariz escorrendo por muito tempo, turmas lavando as mãos (ou melhor, apenas molhando as mãos) sem orientação do professor e queixas de algumas famílias de que seus filhos ficaram com assaduras por não terem sido limpos adequadamente após usar o banheiro.

Para isso, planejei um encontro de formação para refletirmos sobre o papel do professor em situações como essas que destaquei. Elaborei três histórias (clique aqui para acessar os casos) diferentes para que, em pequenos grupos, os professores analisassem e discutissem quais seriam os encaminhamentos mais adequados.

Cada subgrupo, definido por mim e pela direção da escola, recebeu as histórias, analisou as situações e discutiu sobre as melhores maneiras de agir, considerando os aspectos de identidade e autonomia, o respeito e acolhimento à criança e a viabilidade na rotina da sala de aula. Depois da análise, os professores apresentaram suas conclusões e, juntos, refletimos sobre adequação do que foi exposto aos cuidados com as crianças de 4 a 6 anos.

O resultado da atividade foi excelente, pois foi possível encontrar, coletivamente, encaminhamentos bastante adequados. E, a partir disso, aquele professor do início da história compreendeu melhor como suas atitudes podem constranger e interferir na autoestima dos pequenos.

E na sua escola, os momentos de cuidados já foram pauta de formação?

Um beijo, Leninha