Brincar, jogar e fazer de conta é da natureza da criança, é a atividade da infância por excelência. Então, a escola deve estar atenta a essas ações, observando e planejando intencionalmente esses momentos. Por isso, o canto de faz de conta deve ser um espaço em todas as salas, do berçário até a turma de 5 anos!
São muitas as pesquisas sobre o brincar… Já sabemos, por exemplo, que por volta dos quatro meses de idade, o bebê já desenvolve a parte lúdica. Sabemos também que brincar é constituir-se enquanto indivíduo, compreender o funcionamento do meio, interagir e socializar com outras crianças, com adultos e com objetos.
Quando brinca, a criança tem um comportamento que vai além ao de sua faixa etária, porque ela representa um papel. Se ela brinca que é a professora, por exemplo, ela imita suas falas e seu comportamento e chega a orientar os colegas como se fosse de fato a personagem. Assim, ela experimenta agir como um adulto. O mais interessante é que ela está ciente de que aquilo é faz de conta.
Representar os papéis de mamãe, papai, bebê ou herói evoca emoções e sentimentos que ressignificam situações boas ou ruins. Assim, de alguma maneira, a criança pode estar apenas experimentando agir daquela maneira ou tentando entender como e por que algumas situações ocorrem.
O papel da escola
É falsa a ideia de que a brincadeira surge espontaneamente e não precisa de intervenção do professor. Ela precisa sim! Para brincar, a criança precisa de informações, de espaço e materiais para apoiar e/ou direcionar a brincadeira. E é papel do docente organizar a área, disponibilizar os acessórios e reservar um tempo para que os pequenos brinquem.
Abaixo, vou listar algumas ações que o coordenador pode sugerir para os professores para que a hora da brincadeira seja coordenada e significativa.
ORGANIZANDO O ESPAÇO
• Delimitar um canto da sala com estantes ou móveis;
• Nas salas de 1, 2, 3 e 4 anos, é interessante que tenham dois cantos simbólicos, cada um com uma proposta diferente, para que tenham mais de uma opção de escolha;
• Organizar o espaço com vários objetos, materiais ou brinquedos que sugiram um tema;
• Os acessórios podem ser confeccionados pelos educadores, comprados pela escola ou obtido através de campanha com os familiares;
• Não utilizar estereótipos desnecessários, como colocar florezinhas e carinhas na decoração de tudo. Manter as características sociais e culturais dos objetos, como é no mundo real.
A HORA DE BRINCAR
• Prever esse momento na rotina diária das crianças, possibilitando que elas escolham do que vão brincar e com quem;
• O momento de atividades diversificadas é uma ótima opção, pois a escolha do que fazer é das crianças e, com várias propostas concomitantes, elas têm mais alternativas e podem se unir em diferentes grupos.
AS INTERVENÇÕES DO PROFESSOR
• Observar as interações e brincadeiras que acontecem, tanto para conhecer os fazeres de cada criança como para alimentar o espaço com materiais ou propostas;
• Se a criança lhe oferecer a comidinha que preparou no canto da cozinha, vale “experimentar” e comentar o que achou;
• Ajudar as crianças a manter o canto organizado depois da brincadeira. A atitude de arrumar é mais eficaz que a fala;
• Ficar atento se não está na hora de trocar o tema do canto. É preciso que haja alternância de propostas ao longo do ano.
Para inspirá-los, deixo aqui sugestões de cantos que podem ser organizados nas salas: cozinha, lavanderia, mercadinho, churrasqueira, quarto do bebê, pet shop, garagem ou oficina de carros, fazenda, consultório médico, heróis (com bonecos, prédios confeccionados de caixas, painel, blocos de construção), padaria, sorveteria, castelo e muitos outros!
E na sua escola, as crianças têm oportunidade de representar quais papéis? Compartilhe conosco os cantos de faz de conta que vocês já criaram!
Um beijo, Leninha