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Como economizar água na escola

Envolva toda a comunidade no combate ao desperdício desse recurso começando pela manutenção da rede hidráulica e a conscientização dos usuários

POR:
Raissa Pascoal

Se a água do planeta continuar sendo gasta do jeito que é hoje, em 2025, dois terços da população mundial não terá acesso a esse recurso em forma potável. A estimativa das Organizações das Nações Unidas (ONU) parece absurda, mas se justifica quando lembramos que apenas 2,5% desse liquido existente no mundo são de água doce e menos de 1% do total está acessível ao uso do homem. Em cidades brasileiras como São Paulo, o temor da escassez já bate à porta dos moradores e lembra que é necessário tomar medidas efetivas imediatamente.

E o que a escola tem a ver com isso? "Tudo", segundo Sílvia Sá, gerente de Educação do Instituto Akatu, organização que discute e defende o consumo consciente. É na sala de aula que se dá início à construção de um olhar crítico sobre os recursos naturais. "Quando começamos a trabalhar esse olhar, incentivamos um maior entendimento do papel das pessoas como cidadãs e do que elas podem fazer individualmente ou coletivamente para preservar aquilo de que usufruem", diz. Dessa maneira, a comunidade entende que é preciso cuidar do que há hoje para que não falte no futuro.

Antes de envolver alunos e professores, no entanto, os gestores precisam fazer uma lição de casa. A primeira ação é saber quanto a escola gasta de água. Essa informação pode ser obtida com a análise das contas dos últimos meses ou acompanhando o volume registrado no hidrômetro (aparelho utilizado para medir o consumo) da instituição. Com os dados em mãos, é possível traçar metas de economia (com base nos meses em que se gastou menos) e estabelecer um plano para redução com duas frentes: a análise da estrutura hidráulica do prédio e o incentivo à Educação ambiental de estudantes e funcionários.

Procure por vazamentos e cuide da manutenção dos equipamentos

A economia de água se dá desde as mínimas ações, como fechar a torneira enquanto se escova os dentes ou lava a louça e usar baldes em vez de mangueira para lavar o pátio. Mas o cuidado não pode parar aí. Muito do recurso é desperdiçado por causa de vazamentos. Então, é preciso ficar de olho e pedir a ajuda de todos os funcionários e alunos para identificá-los. Na escola EE Professora Mildre Álvares Biaggi, em São Paulo, por exemplo, a direção conta com a parceria dos funcionários da limpeza que circulam por todo o local para apontar focos de desperdício. "Quando eles identificam algum, me comunicam. Procuro fazer a manutenção rapidamente para que não haja mais perdas", conta a diretora Ana Helena de Almeida Leiva.

Além dos vazamentos, o gestor deve prestar atenção se todos os equipamentos estão funcionando corretamente. Em geral, aparelhos tradicionais podem ser menos eficientes na economia de água. Por isso, se houver recursos, é possível pensar em trocá-los por versões mais modernas, como torneiras com temporizador e bacias sanitárias com volume de descarga reduzido. Conheça outros equipamentos clicando aqui.

Outra possibilidade para reduzir o consumo é construir cisternas para coletar a água da chuva. O que for coletado por elas pode ser utilizado para lavar o chão e regar as plantas. Você pode encontrar um exemplo de como implantar um sistema de reuso de água clicando aqui.

Sem conscientização, não é possível economizar

Garantir a manutenção e o bom funcionamento dos equipamentos da rede hidráulica da escola, no entanto, não é suficiente para diminuir o consumo de água. Outro grande vilão é a falta de consciência das pessoas na hora de utilizar o recurso. Para Silvia Sá, para fazer as pessoas compreenderem a importância de economizar deve-se mostrar o quanto o problema também as afeta dentro e fora da escola. "Como nós, individualmente, estamos cuidando da água, um bem tão necessário que faz parte das nossas vidas diariamente?", questiona. Dessa forma, o ato de observar a utilização desse bem não depende mais exclusivamente do gestor e passa a ser responsabilidade de toda a comunidade.

Mais uma vez, o trabalho começa com o diretor. Ao lado do coordenador pedagógico, ele deve sugerir ações que mostrem que todos podem contribuir de alguma maneira para o esforço de economia. "O objetivo de um projeto é incentivar a realização de várias ações pensadas na resolução de um problema, que, nesse caso, é reduzir a quantidade de água utilizada", diz Sueli Furlan, professora de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) e selecionadora do Prêmio Educador Nota 10.

Nessa hora, ninguém deve ficar de fora. A merendeira, por exemplo, pode ficar atenta à quantidade de água que usa para lavar a louça, o jardineiro pode evitar regar as plantas nos horários mais quentes do dia e os alunos podem se comprometer a sujar o mínimo possível o refeitório, evitando a necessidade de lavá-lo muitas vezes ao dia. Enquanto isso, em sala de aula, os professores de cada disciplina podem propor, cada um dentro do seu currículo e de acordo com a faixa etária de seus alunos, atividades para refletir a questão. Nas aulas de Matemática, por exemplo, os alunos podem ser desafiados a calcular a quantidade de água que a escola gasta. Em Geografia, o professor pode falar sobre a distribuição das bacias hidrográficas no país e na região em que a escola está e discutir o mau uso dos recursos.

Com o envolvimento de toda a comunidade, a pequena economia feita por cada um faz diferença quando se olha para o coletivo. "A escola precisa sempre se perceber como um ator muito importante na construção de hábitos nesses novos cidadãos. Ela também tem o papel de mostrar um estilo de vida mais sustentável", diz Silvia Sá.

Quer saber mais?

Instituto Akatu , R. Padre João Manuel, 40, CEP 01411-001, São Paulo, SP, tel. (11) 3141-0177

Programa de Uso Racional da Água (Pura) , da Sabesp. Tel. 0800-771-2482, email solucoesambientais@sabesp.com.br, site http://abr.ai/1lD4tnB