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Como o professor faz intervenções pedagógicas com todos os alunos e atende às especificidades de aprendizagem de cada um?

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink

Organizar a turma em grupos definidos a partir dos saberes das crianças é fundamental para que a situação didática aconteça

Era essa a questão de duas professoras em nossas reuniões de planejamento para 2013.  A resposta: planejando e organizando a turma em grupos definidos pelo professor que, a partir dos saberes das crianças, define quem vai sentar com quem para que a situação didática aconteça.  Dessa forma, o educador pode intervir em um grupo específico enquanto os demais fazem a atividade com autonomia.

Na Educação Infantil, um dos grandes objetivos é a conquista da autonomia. Desde muito pequenas, incentivamos as crianças a pegar o jogo e guardar, usar os materiais de Artes Visuais adequadamente, limpar e organizá-los para deixar para o colega utilizar. Sendo assim, os pequenos se tornam capazes de realizar muitas atividades sem a ajuda de um adulto e essa condição é fundamental para que o professor possa focar suas intervenções em um determinado grupo que necessita de mais atenção naquele momento.

Um exemplo prático – aconteceu na minha escola

Pedi para a Profª Andreia Amorim, que é bem experiente, relatar como aconteceu uma situação didática na sua classe (infantil 2), cujos objetivos eram avançar na contagem termo a termo e quantificar.  Foi assim:

- 12 crianças estavam em 3 mesas (4 em cada) brincando de jogo de percurso com 50 casinhas no “caminho” (tabuleiro, 1 pino da cada cor para cada criança e 1 dado). Nesse grupo estavam as crianças que já sabem fazer a contagem termo a termo entre 20 e 50, e em cada mesa havia 1 ou 2 crianças que sabiam o jogo e poderiam ajudar os colegas;

6 crianças estavam em 2 mesas (3 em cada) com o jogo de preenchimento de 30 casas (cada criança tinha o seu tabuleiro e 1 dado, no meio da mesa um pote com muitas tampinhas), na sua vez a criança joga o dado e preenche as casinhas com as tampinhas conforme o número que tirou no dado. Nestes grupos estavam as crianças que fazem a contagem termo a termo entre 10 e 15 e apenas algumas quantificam, ficando uma em cada mesa;

No chão, próximo à lousa e mais afastada das mesas, estava a Andreia sentada em círculo com 8 crianças brincando com tampinhas coloridas e a história do Leprechaun (descrito no post de 23/10/2012 sobre os jogos de matemática no infantil 2, veja aqui). Nesse grupo estavam as crianças que não contam termo a termo. O desafio aqui é participar da brincadeira e, com a ajuda da professora, contar as “pedras preciosas” que ganhou.

Claro que às vezes as crianças dos outros grupos solicitavam o auxílio da professora, ocorriam pequenos conflitos e muitas vezes jogavam errado. Andreia falava com elas, pedia para uma ou outra criança voltar para o seu grupo, mas  seu objetivo era intervir com o 3º grupo enquanto os demais participassem do jogo, assegurando que a atividade continuasse acontecendo nas mesinhas (mesmo que com alguns equívocos). Afinal as crianças aprendem na interação com os colegas e não só com as intervenções do professor.

Ela relatou que no próximo dia dessa atividade acompanhará e intervirá junto às 6 crianças cuja contagem está entre 10 e 15 enquanto os demais vão brincar com outra configuração de organização de agrupamentos.  Cada uma das 8 crianças que ainda não fazem a contagem termo a termo estará num grupo onde os outros 2 ou 3 sabem e poderão ajudá-la e assegurando que o jogo aconteça.

A atividade proposta não precisa ser do mesmo conteúdo para todos os grupos, pode ser uma atividade de leitura de nomes dos colegas com metade da turma e a outra metade brincando com jogos de encaixe ou modelagem (atividades que fazem com autonomia e índice muito baixo de conflitos entre as crianças). O importante é que o professor saiba que ora ele vai estar junto fazendo intervenções e registrando numa pauta os avanços daquele grupo e ora não estará, os pequenos participarão com os colegas de outra atividade, havendo sempre um revezamento do grupo que está junto ao professor.

Quanto mais se conhece os saberes e afinidades das crianças mais fácil fica para organizar grupos que funcionam bem. É muito comum algumas crianças na sala de aula fazerem a tutela de outras, pode ser muito bom se o professor souber direcionar e não permitir que se tornem dependentes, quem tutela também aprende muito quando  ajudar ou ensina  um colega.  O tutelado também sai ganhando, pois pode aprender muitos procedimentos e compreender um jogo, participar mais ativamente com a ajuda de um colega e aprender.

As professoras que estavam com dúvidas compreenderam como se faz e, com ajuda, minha e das colegas,  poderão planejar as situações didáticas de maneira mais ajustada.  E na sua escola as professoras também se ajudam?

Um beijo, Leninha.