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A diferença entre formar e informar

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink

Nos encontros de formação, é necessário considerar o conhecimento dos professores. Só assim será possível fazê-los ampliar seus conhecimentos

É sabido que um dos principais papéis do coordenador pedagógico é a formação dos professores, mas quando estamos de fato formando e não apenas informando?

Já participei algumas vezes de alguns encontros de “formação” que não atenderam às expectativas do grupo que participava. O formador parecia conhecer os conteúdos, tanto na teoria como na prática, mas mesmo assim não conseguiu cumprir o seu papel.

Procurei analisar o que havia ocorrido comparando com as formações que já fiz, analisando as que foram boas e as que podiam ter sido bem melhores se eu tivesse considerado alguns princípios.

Elenquei 3 pontos que acredito serem fundamentais:

1) Ter clareza dos conhecimentos prévios do grupo sobre o conteúdo em questão, tanto teóricos como na prática.

2)Problematizar e envolver o grupo.

3)Prever uma sistematização dos conhecimentos e não um momento de passar resumos e informações.

Mas o que de fato significa cada um dos itens acima?

No que diz respeito aos conhecimentos prévios, o formador precisa ter realmente claro o que o grupo de professores com o qual ele está trabalhando já sabe. Para isso, o coordenador precisa responder algumas perguntas: que conhecimentos os docentes possuem da teoria que será trabalhada? Quais os autores quem conhece? Como aplicam os conhecimentos na prática de sala de aula?

Para tanto, é preciso criar estratégias para diagnosticar os saberes. Isso pode ser feito de diversas formas – lendo os registros e observando a prática (o que é mais comum) ou solicitando que os professores explicitem seus saberes por meio de uma atividade, que pode ser uma situação problema que gere discussões em grupos que serão compartilhadas com os colegas, por exemplo.

Aqui na escola, como estou muito próxima dos professores e de seus fazeres em sala de aula, tanto observando como lendo e refletindo junto sobre seus planejamentos, analisando as atividades que propõem, geralmente conheço o que sabe cada professor.

Problematizar e envolver o grupo, pelo menos de uma perspectiva construtivista, não é ficar falando, explicando e lendo resumos no Power point. É preciso prever etapas em que o grupo tenha que refletir, discutir dialeticamente, resolver problemas, propor encaminhamentos e avançar em seus conhecimentos.

O formador precisa conhecer muito bem o conteúdo (para isso é preciso ler muito, discutir com os pares, consultar autores, pesquisar) e saber quais os objetivos de cada encontro. Apenas com um objetivo claro é possível encaminhar as discussões e fazer as perguntas mais apropriadas para que o grupo chegue ao cerne do que se quer que aprenda. Os saberes e os bons argumentos do formador são fundamentais.

Na hora de sistematizar os conhecimentos, de nada adianta o formador entregar uma apostila, texto ou resumo dos conteúdos em questão. A internet está aí para isso! É preciso que o grupo construa junto e organize o que aprendeu. Só assim saberemos se os conteúdos realmente foram compreendidos e poderemos retomar os pontos que não foram assimilados ou em que os professores tiveram dificuldades.

Já começa errando o formador que acha que vai esgotar um assunto em poucas horas, ou que vai ensinar tudo. É claro que precisa haver um esforço de estudo e planejamento por parte dos coordenadores, mas isso não é suficiente. Na hora da reunião de formação, o grupo de professores não pode ficar só ouvindo e vendo tudo passivamente.

Se o encontro se configura como espaço de reflexão coletiva, os participantes têm problemas a resolver e precisam mobilizar seus conhecimentos prévios para apontar soluções, escrever orientações (para eles próprios), elaborar um plano de ação ou planejamento, então a formação estará acontecendo (acesse aqui algumas estratégias formativas).

O papel do coordenador pedagógico na formação é mobilizar os saberes do grupo, interligar as pessoas para que os diferentes saberes circulem e assim potencializar o conhecimento de todos, assegurando que culmine nos conteúdos e objetivos do encontro explicitados em forma de variados registros, a sistematização dos conhecimentos do que aprendemos.

E então? Os encontros de formação que você planeja estão envolvendo os professores? Conte para nós!

Um beijo, Leninha