Igualdade de gênero
Reflita com os professores, funcionários e alunos os papéis atribuídos a homens e mulheres e as relações de gênero na escola
POR: Karina PadialOlhe ao seu redor. Quantos professores homens trabalham na escola? Quantas são mulheres? No Brasil, segundo dados do Ministério da Educação (MEC), oito em cada dez docentes da Educação Básica são do sexo feminino. Você já parou para pensar o porquê dessa diferença? A resposta está nos estereótipos de gênero cultural e historicamente construídos, segundo os quais as tarefas de cuidar e ensinar são essencialmente femininas. É desse valor predeterminado - também presente em expressões como "não chore que isso é coisa de mulher" e "futebol é esporte de homem" - que decorre a desigualdade.
Forma parecida de preconceito está presente em comportamentos e práticas que discriminam um sexo ou definem a superioridade de um sobre o outro. É o que acontece, por exemplo, quando as mulheres recebem salários menores mesmo tendo qualificação semelhante ou maior ou são proibidas de votar e estudar, como ainda acontece em alguns países do Oriente Médio. O sexismo, historicamente a favor dos homens, está presente inclusive na nossa língua em que se usa o substantivo masculino quando há referência ao plural ou a ambos os sexos.
Refletir sobre essas assimetrias permite combater as relações autoritárias e questionar os padrões de conduta estabelecidos. "Diariamente, a escola é chamada a lidar com situações de discriminação. Dar as respostas adequadas, a fim de evitar a reprodução dessas injustiças, exige preparo", afirma Daniela Auad, coordenadora do grupo Educação, Comunicação e Feminismo, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Por isso, a pertinência de um projeto institucional que preveja ações relacionadas às práticas de convivência e pedagógicas. Na EEEP Governador Waldemar Alcântara, em Ubajara, a 348 quilômetros de Fortaleza, a coordenadora pedagógica, Simone Feijó de Melo, discutiu o assunto em sucessivos encontros formativos ao longo de 2011, depois de realizar uma pesquisa que identificou casos de preconceito e bullying ligados à questão de gênero: "Realizamos atividades de leitura e produção de textos, discussão de filmes, problematização de situações reais e palestras que nos capacitaram para a elaboração de projetos que contemplassem debates e ações sobre o tema".
Secretarias de Educação e órgãos governamentais ligados ao direito das mulheres e dos homossexuais desenvolvem trabalhos nessa área. A rede municipal de São Paulo tem, a partir deste ano, formação específica para educadores de 13 Diretorias Regionais de Ensino (DRE). Em Pernambuco, a Secretaria da Mulher realiza seminários sobre o tema para os educadores. Foi em um deles, realizado em 2009, que a equipe da EREM Oliveira Lima, em São José do Egito, a 383 quilômetros de Recife, entrou em contato com o assunto e criou um núcleo de estudos de gênero, que conta com professores e 60 estudantes do Ensino Médio. O grupo se encontra quinzenalmente e promove ações envolvendo a comunidade interna (veja abaixo a galeria de fotos das iniciativas). O projeto se tornou referência para toda a rede estadual e venceu duas edições do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, promovido pelo MEC e pela Secretaria de Políticas para as Mulheres.
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- Veja aqui o cronograma de 2013 do Núcleo de Estudos e Formação em Gênero e Enfrentamento da Violência contra a Mulher Maria Vanete Almeida.