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Indisciplina e gestão da sala de aula

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
Maria Inês Miqueleto, coordenadora da EE Profª Maria Aparecida dos Santos Oliveira, em conversa com alunos em sala da aula.

Procuro deixar claro aos meus professores quais casos de indisciplina devem ser resolvidos em sala de aula e quais precisam ser encaminhados aos gestores

O termo indisciplina costuma ser bastante associado ao ambiente escolar, mas tenho para mim que a questão da indisciplina é social. Não acontece somente na escola ou na sala de aula. Diariamente, nos deparamos com comportamentos inadequados praticados por pessoas de diferentes faixas etárias, das mais variadas profissões, e em ocasiões distintas (no trânsito, no trabalho, na rua).

Penso que a indisciplina na escola e na sala de aula deve ser discutida coletivamente e compartilho com a ideia de Celso dos Santos Vasconcelos a respeito da construção da disciplina consciente e interativa nesses ambientes. O autor aborda a importância da ética e da construção da autonomia como forma de diminuir a incidência de casos de indisciplina.

Na minha escola, aplicamos este conceito conversando, dialogando com a criança a respeito do acontecido, para que ela “pense” sobre a ação. Conversar individualmente com o aluno, que teve algum ato de indisciplina dá bastante resultado, aliás, são estes momentos que nos levam a compreender, muitas vezes, determinados comportamentos e assim, fazermos as orientações necessárias.

É comum que os professores se deparem com problemas disciplinares em seu cotidiano e em seu espaço de trabalho, ou seja, na sala de aula. E nós coordenadores, como podemos ajudar os professores no enfrentamento desse problema? Cabe a nós darmos a solução para a questão da indisciplina na sala de aula? Não se trata bem disso, pois esta é uma questão para pensarmos no coletivo da escola.

O papel do coordenador no combate à indisciplina

Não podemos resolver os problemas de indisciplina na sala de aula, mesmo porque não é nossa função, mas penso que podemos e devemos ajudar os professores no enfrentamento desse problema. Como? Proporcionando a eles a discussão de algumas questões:

- É necessário identificar os tipos de indisciplina que acontecem na sala de aula. Há casos e casos, certo? Um mais graves, outros menos. Por isso, é necessário conhecer diferentes formas de conduzi-los. Por exemplo, alunos que não fazem tarefa ou alunos faltosos precisam de um tipo de orientação. Alunos que agridem verbalmente e/ou fisicamente os colegas, de outro. Os que rabiscam as carteiras, de um terceiro modo. Fazer os professores perceberem que são vários os atos de indisciplina e não dá para tratá-los do mesmo modo é o primeiro passo.

- O professor é o gestor da sala de aula. Cabe a ele gerir todo o processo de ensino e aprendizagem dos alunos, além de cuidar do relacionamento interpessoal dele com as crianças e delas entre si. O professor, como um bom comunicador e formador de opinião, deve se preocupar com as questões de indisciplina de sua turma e, em diálogo com os alunos, formar atitudes (de respeito, solidariedade, companheirismo) positivas e favoráveis para o bom relacionamento de todos e, principalmente, para que o ensino se transforme em aprendizagem.

Quando o professor deve encaminhar casos de indisciplina para a direção da escola?

Não são todos os problemas que precisam ser encaminhados para a direção. Se assim acontecer, pratica-se a “síndrome do encaminhamento”, ou seja, atos corriqueiros são encaminhados à direção da escola.

É tarefa dos gestores deixar claro aos professores quais são essas situações. Por exemplo, crianças que fazem comentários maldosos dos colegas (discriminação racial), que não acatam as orientações dos professores. É comum crianças cometerem os mesmos atos de indisciplina por mais de uma vez. Quando isso acontece é hora de encaminhar para a direção. Chamar os responsáveis para trabalharem em parceria com a escola é uma estratégia que precisa ser praticada incansavelmente.

A importância dos registros

Não dá para encaminhar alunos que praticaram atos de indisciplina, na sala de aula, à direção sem descrição do ocorrido. Na minha escola, os professores não me chamam para resolver problemas de indisciplina na sala de aula. Temos um combinado. Quando o caso é grave, ele deve encaminhar o aluno para a direção da escola. Este é acompanhado por um funcionário juntamente com o registro do ocorrido. Esse registro é simples e garante que quem vai cuidar do caso compreenda o que aconteceu e tome as providências. Disponibilizo  aqui  nosso registro padrão. Temos um lugar em que todos os registros de indisciplina ficam arquivados, possibilitando, assim, saber o que aconteceu para passarmos aos pais e ao Conselho Tutelar caso seja necessário chamá-los.

E vocês coordenadores, como tratam com seus professores a questão da indisciplina na sala de aula? Vocês abrem espaço para essa discussão?

Um beijo, Maria Inês