A professora Luciana assumiu uma licença no infantil 3 há algumas semanas. Ela estava bem contente com a turma e se surpreendeu como as crianças já sabiam vários conteúdos de Matemática que estavam no planejamento. Entretanto, quando foi atualizar a pauta de observação individual dos pequenos, ficou perplexa e me disse: “Leninha, não estou entendendo… algumas crianças só conseguem fazer as atividades quando estão em grupo. Quando a proposta é fazer individualmente, não conseguem. Até parece que não sabem…”
Situações como essa são comuns na Educação Infantil. As crianças possuem conhecimentos muito díspares em Matemática. Muitos já têm experiências em jogos e chegam sabendo contar, fazer pequenos cálculos, registrar quantidades e interpretar números, mas outros ainda precisam aprender a recitar a sequência numérica. Diante disso, como nós, coordenadores pedagógicos, podemos ajudar os professores a planejar situações didáticas nas quais todos os meninos aprendam e avancem em seus conhecimentos?
Para responder a essa questão, hoje vou falar para vocês sobre algumas propostas para a turma do infantil 3, com crianças de 5 anos. Para os que procuram informações sobre os mais novos, podem recorrer a dois outros posts em que abordei a Matemática: um sobre os conteúdos na turma de infantil 1 com crianças de 3 anos (acesse aqui), e outro sobre a importância dos jogos no infantil 2 com crianças 4 anos (acesse aqui).
Temos que lembrar que o aprendizado da Matemática pela criança ocorre na medida em que sua ação se torna necessária para que ela resolva uma situação que faça sentido e seja clara. Como, por exemplo, responder uma boa pergunta (quantos pincéis vamos precisar buscar para que cada criança tenha um?), compreender as regras de um jogo ou saber que time ganhou no campo minado (veja o jogo aqui). Além dessas, existem muitas outras ocasiões que envolvem os conteúdos procedimentais, nas quais a criança precisa elaborar estratégias – ainda que provisórias e certamente não convencionais – para resolver uma situação problema.
Voltando ao nosso exemplo inicial… É comum que os docentes de Educação Infantil criem situações que acontecem em grupo e as respostas sejam dadas em coro. Isso deixa a impressão de que todos sabem. Neste ponto, destaco a importância da observação individual dos procedimentos de cada criança e o registro em uma pauta de observação. Essa prática vai garantir que o professor tenha clareza do que cada um sabe e, assim, poderá propor atividades diferenciadas e fazer agrupamentos produtivos.
Quando digo agrupamento produtivo, falo de fazer duplas ou trios que possuam conhecimentos próximos e possam se ajudar. Ora, se o professor colocar uma criança que já sabe contar até 100 e fazer alguns cálculos com outra que só recita os números até 10 e não quantifica não haverá troca. Simplesmente a primeira resolve tudo! É preciso que o agrupamento possibilite interação, colaboração e até discussão para resolver a situação proposta.
Em um momento de atendimento individual com a professora Luciana, elaboramos juntas um mapeamento dos conteúdos que cada criança ou cada grupo de crianças já sabia, quais precisavam aprender e quais seriam os agrupamentos mais adequados. Depois, ajudei minha colega a elaborar atividades adequadas aos diferentes saberes de seus pequenos.
Essas atividades devem ser desafiadoras para a criança, mas não impossíveis! Se ela resolve com facilidade, é porque já sabe. Se não consegue resolver, é porque está além de seus conhecimentos prévios. Nesses dois casos, ela não aprende!
Para ajudá-los nesse trabalho, vou disponibilizar um planejamento de atividades para a turma de 5 anos, com exemplos de possibilidades didáticas e pauta de observação (acesse aqui). Também deixo para vocês o quadro de expectativas de aprendizagens para essa faixa etária que organizei com as professoras da EMEI Profª Maria Alice Pasquarelli, onde eu era coordenadora pedagógica (acesse aqui).
E vocês, coordenadores, como lidam com as diferentes situações de Matemática nas suas escolas?
Um beijo, Leninha