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Desafio: ajudar o professor na inclusão de um aluno com deficiência – Parte 1

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
A observação das atitudes de uma criança com deficiência ajuda o coordenador pedagógico a propor encaminhamentos que visem à sua inclusão

A observação das atitudes de uma criança com deficiência ajuda o coordenador pedagógico a propor encaminhamentos que visem à sua inclusão

Hoje começo uma série de três textos que abordam o desafio da inclusão a partir de um caso específico. A experiência que vou contar para vocês aconteceu quando eu ainda era coordenadora pedagógica. Resgatei a história dos meus registros quando fui procurar material para ajudar uma professora em uma cidade para a qual estou indo fazer formação uma vez por mês. Ela tem um aluno com deficiência e está com muitas dúvidas sobre como deve agir para incluí-lo na turma.

Pedro (nome fictício) começou a frequentar a escola há pouco mais de um mês. Ele tem 5 anos. Logo na matrícula, a mãe disse aos funcionários da secretaria que o filho era “doentinho” e que ela demorou em colocá-lo na escola porque sabia que ele daria uma trabalheira para a professora. Segundo ela, o menino só foi matriculado depois que o médico do posto de saúde mandou.

Toda vez que recebemos uma nova criança, solicitamos à família que preencha uma ficha com os dados do seu filho (veja aqui um exemplo). Dessa vez, assim que a mãe fez esse comentário, a secretária nos alertou e eu mesma me incumbi de marcar um horário para que eu e a professora conversássemos com ela e preenchêssemos a ficha juntas. Naquele momento, entendemos que Pedro era uma criança com deficiência, mas que ainda não tinha um diagnóstico fechado.

Quando começaram as aulas, a professora Janaína, da turma de 5 anos, me pediu ajuda para saber o que ela deveria fazer com o menino nos diferentes momentos da rotina escolar. Ele estava dando muito trabalho e não participava de nenhuma atividade proposta, por mais que ela tentasse abordagens diversas, variasse o desafio e escolhesse diferentes crianças para serem seus parceiros. Ela estava bem angustiada, porque, da forma como as coisas caminhavam, ele não estava aprendendo nada!

Por onde começar?

Volto um pouco no tempo. Ao saber que Pedro seria de sua turma, Janaína ficou bem interessada, porque essa seria a primeira vez, em seus dois anos de atuação em sala de aula, que teria o desafio de incluir uma criança na classe.

Durante a conversa que ela e eu tivemos com a mãe, ficou claro que o menino era tratado como um bebê pela família, apesar de já ter 5 anos de idade. Em casa, faziam tudo por ele. Pedro ainda usava chupeta e falava pouquíssimas palavras.

Para ajudá-lo a se desenvolver e a aprender, eu e a professora conversamos sobre adaptação de Pedro à rotina da sala de aula, tendo sempre em vista que ele nunca tinha frequentado um espaço coletivo como a escola.

Como o coordenador pedagógico pode ajudar?

Ao longo dos dias, pedi à professora que observasse as atuações de Pedro em sala e fizesse uma lista para que, depois, discutíssemos o assunto. As observações dela sobre o menino foram as seguintes:

• Ele não participa das atividades e fica sempre andando por todos os cantos da sala;

• A todo o momento, ele tenta abraçar seus colegas, passando os braços pelos seus pescoços e os apertando, como se fossem seus bonecos. Embora queira demonstrar sua afetividade, Pedro fica triste ao perceber que as crianças se mostram incomodadas e tentam escapar dele;

• O menino não senta em nenhuma mesinha, seja para desenhar, brincar de massinha ou com jogos de encaixe;

• Sua fala se assemelha à de crianças de 2 anos. Poucas vezes ele compreende o que falamos e fica irritado porque os colegas não atendem a suas solicitações;

• No parque, Pedro fica sozinho andando de um lado para o outro. Ele não brinca;

• Se a porta da sala ficar aberta, ele simplesmente sai e fica passeando pela escola. É preciso buscá-lo ou pedir a ajuda de algum funcionário da escola para fazer isso.

Depois que Janaína listou suas preocupações, ficou claro que ela estava bastante atenta às atitudes de Pedro e angustiada com seus não saberes e fazeres. Pedi, então, que ela elencasse dois dos itens que mais a preocupavam.

Ela achou que não brincar e não participar de atividades eram os principais.

Naquela semana, propus que nos detivéssemos apenas nesses dois itens para ajudar o menino a ser realmente incluído na turma. Combinamos que eu observaria o Pedro em sala de aula e no parque para fazer sugestões de encaminhamentos.

Conto o resultado das minhas observações na próxima semana.

Enquanto isso, o que acham de compartilhar como vocês ajudam os professores na inclusão de alunos com deficiência? Quais são as maiores dificuldades? Vamos ajudar outros coordenadores com nossas experiências!

Um abraço, Leninha