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Desafio: ajudar o professor na inclusão de um aluno com deficiência – Parte 3

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
Para ajudar uma criança com deficiência, é necessário reestruturar os objetivos, sem deixar, no entanto, de aproximá-los das expectativas de aprendizagem da turma

Para ajudar uma criança com deficiência, é necessário reestruturar os objetivos, sem deixar, no entanto, de aproximá-los das expectativas de aprendizagem da turma

Nas últimas semanas, venho compartilhando com vocês uma experiência que tive com a professora Janaína, que me pediu ajuda para incluir uma criança na turma na qual era responsável. Pedro (nome fictício), um menino com deficiência, que, até o momento que ficou na escola, não havia sido diagnosticada, não participava das atividades com os colegas, o que preocupava Janaína em relação a sua aprendizagem.

Para encontrar encaminhamentos adequados à criança, passei a observá-la na sala e no pátio (leia o post da semana passada aqui). Depois, fui conversar com a professora sobre as possíveis abordagens. E é isso que conto para vocês hoje.

Após a observação, o que o coordenador pedagógico pode fazer?

Quando nenhuma abordagem parece dar certo, é hora de nós, coordenadores, propormos encaminhamentos novos aos professores.

Assim como pedi a Janaína que estimulasse Pedro a desenhar com ela fora da sala de aula, propus também que ela o levasse sozinho ao parque (onde ele se recusava a brincar) e o encorajasse a utilizar alguns equipamentos, enquanto uma estagiária cuidava da turma em sala.

No dia em que Janaína e eu nos reunimos para conversar, ela relatou como deu certo propor essas atividades diferenciadas, explicando-as diretamente para Pedro e mostrando como ele poderia fazer. No parque, por exemplo, ele já estava brincando no gira-gira. Em sala, no entanto, Pedro só explorava os materiais, mas não reconhecia a escrita de seu nome. Também não conseguia participar das atividades orais, como contagem e roda de conversa.

Se havia dificuldades até nessas atividades rotineiras, como seria possível ele alcançar as expectativas de aprendizagem previstas para a turma de 5 anos?

Para ajudar Janaína, conversei muito com ela sobre a reestruturação dos objetivos, considerando os saberes de Pedro até aquele momento. Os primeiros a serem atingidos seriam os seguintes: fazê-lo participar dos diferentes momentos da rotina, sentar na roda para ouvir histórias e fazer as atividades de escrita ou arte na mesa ou no chão junto com a turma. Mesmo que por muito tempo o menino fizesse apenas algumas marcas no papel, o objetivo principal nesse ponto era fazer com que ele se sentisse parte do grupo e realizasse as mesmas tarefas que o colega.

Também era visível para mim que precisávamos falar objetivamente com o menino, colocando com certa firmeza o que era para ser feito. Afinal, a experiência de Pedro no âmbito familiar era fazer só o que ele queria.

Quais foram os resultados desse trabalho?

Não tem sido fácil fazer com que Pedro seja incluído em todas as atividades da turma. Muitas vezes, ele sai correndo e desafia a professora, mas Janaína continua sendo afetiva e firme.

Também ficou mais claro para ela que é preciso estabelecer objetivos diferenciados para o menino, mas que não deixasse de aproximá-lo das situações didáticas e das expectativas de aprendizagem da turma. Então, enquanto todos estão fazendo as pesquisas sobre alimentos para o projeto de Natureza e Sociedade, por exemplo, ele fica separando as imagens do que nós podemos ou não comer, ou usa letras de plástico enquanto os colegas praticam a escrita.

Depois de todo esse trabalho, a professora já compreende algumas palavras que Pedro fala e continua sendo firme quando pede a ele que diga o que quer e não apenas aponte. Alguns dias, ele fica muito bravo com isso, mas a mãe nos contou que, em casa, ele mostra que já aprendeu várias palavras.

Pouco a pouco, estamos conhecendo quais são as possibilidades de aprendizagem de Pedro. Mas, para chegar até onde chegamos, foi necessária a observação atenta e o conhecimento dos objetivos gerais da Educação Infantil, desde as turmas de 2 anos. Só assim foi possível propor encaminhamentos diferenciados para o menino.

Vocês querem saber onde Pedro está agora? No final do ano, ele foi para o Ensino Fundamental. Lá, ele continua sendo acompanhado de perto pela professora, pela estagiária que acompanha a turma de 1º ano e pela professora da sala de recursos, além da coordenadora pedagógica da escola.

E vocês, coordenadores, já tiveram que fazer muitas adaptações curriculares para incluir uma criança com deficiência? Como vocês trataram o assunto com o professor da turma? Penso que, se mais pessoas compartilharem suas experiências, poderemos ampliar nosso fazer pedagógico!

Beijos, Leninha