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Os desafios de organizar as visitas de campo na Educação Infantil

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
Diante da insistência dos pais em acompanhar seus filhos nas pesquisas de campo, a escola teve que criar regras para organizar a logística do passeio e garantir os objetivos pedagógicos. Foto: Gabriela Portilho

Diante da insistência dos pais em acompanhar seus filhos nas pesquisas de campo, a escola teve que criar regras para organizar a logística do passeio e garantir os objetivos pedagógicos. Foto: Arquivo pessoal/Leninha Ruiz

Quem não se lembra dos passeios que fez quando era criança? A ida ao zoológico, a museus, a exposições culturais… Em geral, boa parte das pessoas só visita esses lugares quando a escola leva. Mas é claro que esse não é o único argumento que nos faz colocar essas atividades no planejamento do ano letivo.

As saídas da escola precisam, antes de tudo, ser significativas. É importante que as crianças aprendam com a experiência de ver “in loco” o que está sendo objeto de pesquisa, por exemplo, nas aulas do eixo de Natureza e Sociedade. Nada como se impactar com o real tamanho da girafa, ver o elefante se alimentando e as brincadeiras dos macacos num passeio ao zoológico, não é mesmo?

Nos últimos anos, no entanto, organizar esses passeios foi ficando cada vez mais complicado, porque os familiares têm se sentido mais inseguros em deixar seus filhos participarem. Muitos ainda enxergam suas crianças como bebês que ainda não devem sair sem eles e temem os perigos das estradas cheias de carros, ônibus e caminhões e aumento da violência das cidades.

As tentativas de atender às famílias e aos objetivos pedagógicos

Durante algum tempo, apesar da insistência dos professores e da minha em realizar o passeio apenas com os pequenos, visto que tínhamos objetivos pedagógicos específicos, alguns pais continuavam pedindo para acompanhar seus filhos, pois, segundo eles, além de ser uma oportunidade de passear, ficariam mais tranquilos. Com nossa constante negação, vimos que foi caindo o número de crianças que participavam. Por isso, decidimos organizar passeios que permitissem a ida dos responsáveis.

Foram várias as tentativas de organização. Uma delas foi agendar o passeio em um sábado, assim a família toda poderia participar. No entanto, isso entrava em conflito com o foco da nossa pesquisa de campo, porque muitos iam com o objetivo de apenas ter um momento de lazer. Além disso, ainda tínhamos muita dificuldade de organizar toda a logística para atender um número tão grande de participantes e acontecia de famílias não voltarem no horário combinado, irem para a lanchonete ou desviar a rota para fugir de um chuvisco.

Por essas razões, voltamos a planejar o passeio para um dia de semana e limitamos a um acompanhante adulto por criança. Dessa forma, cada professor conseguiria acompanhar sua turma e fazer as intervenções planejadas para a pesquisa de campo. Essa ação facilitou muito, porém, as reclamações não pararam. As famílias continuaram insistindo que gostariam de levar irmãos, avós, tias, mesmo sendo durante a semana.

Estabelecendo novas regras para os passeios

Como queríamos assegurar o maior número de alunos nas visitas, consideramos as solicitações das famílias e retomamos o assunto na escola.

Depois de muitas trocas de ideias com os professores, com a diretora da escola e alguns familiares, resolvemos contratar uma empresa especializada em excursões e que conta com monitores que organizam não só as crianças, mas também os pais, utilizando apitos, coletes de identificação e técnicas de agrupamento. Assim, não tivemos mais problemas com famílias que se desgarravam do grupo e só retornavam bem depois do horário combinado para a saída.

É claro que precisamos levar em consideração que o preço do passeio aumentou depois dessa decisão. No entanto, a segurança oferecida pela empresa e o profissionalismo na organização do passeio convenceu as famílias a aceitar. Aliás, nenhuma criança nunca deixou de participar por não ter como pagar, pois sempre reservamos parte do lucro das festas e outras arrecadações da escola para custear os pequenos que não poderiam pagar.

Para assegurar os propósitos didáticos, cada professor se comprometeu em sempre fazer uma reunião com os pais ou responsáveis que participarão antes do passeio. Nesse encontro, ele passa toda a orientação do que precisa ser observado em campo, entrega um roteiro para cada um juntamente com um bloquinho para que anotem alguns dados sobre as características dos animais. Essas informações serão utilizadas para a roda de conversa e para a elaboração dos textos informativos em sala de aula.

Até o momento, essa prática tem dado certo, porque fica claro para as famílias que o objetivo da saída é fazer pesquisa de campo e não passear por passear.

E na sua escola, como vocês organizam as visitas de campo com as crianças?

Um abraço, Leninha