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Como ajudar o professor quando surgem questionamentos na reunião de pais

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
Quando surge algum questionamento na reunião de pais, temos que deixar claro que existe um planejamento e um acompanhamento de cada professor e de cada criança (Foto: Gabriela Portilho)

Quando surge algum questionamento na reunião de pais, temos que deixar claro que existe um planejamento e um acompanhamento de cada professor e de cada criança (Foto: Gabriela Portilho)

Final de semestre é momento de apresentar às famílias o resultado do trabalho realizado e explicitar as aprendizagens das crianças, certo? Essa pauta é comum em todas as escolas e costuma ser bastante esperada pelos pais.

Num desses encontros com os responsáveis da turma de 5 anos, no entanto, aconteceu uma situação bem complicada com uma das professoras, a Ana.

A pauta estava preparada e escrita na lousa, o portfólio e as pastas de produções de cada criança estavam cuidadosamente organizados nas mesas e os murais com as pesquisas coletivas publicadas em diferentes tipos de textos informativos também estavam expostos. Tudo estava indo bem, até chegar o momento de apresentar o gráfico das aprendizagens em relação ao sistema de escrita (clique aqui para ver um modelo) e explicar o quanto a turma avançou.

Nesse momento, a avó de um aluno, aposentada com muita experiência em alfabetização, questionou: “Professora, a senhora poderia me explicar por que não corrige as palavras escritas erradas e que têm letras faltando nas atividades do meu neto e de muitos outros alunos? Onde já se viu uma escola deixar fixar esses erros!”.

Ana já havia percebido que a avó tinha conversado com outros pais, olhando os portfólios das pessoas que estavam próximas a ela. Nessa hora, um pai falou que também não compreendia porque o filho escrevia daquela maneira na escola, pois, quando ele fazia atividades em casa a seu lado, ele escrevia todas as palavras corretamente.

Educadamente, a professora falou que, na reunião de começo do ano, havia explicitado o processo que todas as crianças percorrem na construção dos seus saberes e que tais erros só mostram como cada uma está refletindo sobre o sistema de escrita.

A avó não se convenceu e continuou falando da falta de exercícios de coordenação motora, de cópia e de outras atividades que foram muito usadas antigamente, quando ainda não compreendíamos como as crianças aprendem.

A professora tentou explicar colocando alguns exemplos de escrita na lousa. Alguns pais contribuíram com a explanação, relatando suas experiências com outros filhos que já haviam frequentado a escola e estavam alfabetizados. Apesar dos esforços, nada convencia a avó de que havia um planejamento  por trás do processo adotado pela escola e muitas pesquisas que avalizavam o que estava ocorrendo com seu neto e os colegas.

A essa altura, alguns pais já estavam impacientes. Por isso, Ana falou que concluiria a reunião apresentando as avaliações dos outros eixos (ainda faltava falar de Arte, Movimento e Matemática), mas que, ao final, poderia explicar melhor o processo de alfabetização para quem ainda tinha dúvidas.

Alguns familiares já haviam me alertado sobre o que havia ocorrido e sugerido que eu fosse auxiliar a professora no final da reunião. Rapidamente, peguei meu computador com o material do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (você pode encontrar vídeos do PROFA clicando aqui) e um cartaz que tenho com amostras de escritas das diferentes fases e fui para a sala da Ana.

Como o coordenador pedagógico pode intervir nessa situação

Pedi licença para a professora para que eu conduzisse a reunião com os pais que tinham dúvidas sobre o processo de alfabetização. Disse a ela que ela poderia continuar dando atenção aos demais que queriam saber sobre outros aspectos.

Convidei o grupo para sentar num canto da sala e passei trechos do vídeo Construção da escrita – primeiros passos (clique aqui para ver a primeira parte), que explicita como as crianças constroem hipóteses sobre a escrita, fazendo questão de mostrar todo o percurso.

Fiz questão de deixar claro que sabíamos o que estávamos fazendo e que existe um planejamento e um acompanhamento de cada professor e de cada criança. Ainda mostrei os gráficos do ano anterior e me coloquei à disposição para outras dúvidas.

Os pais gostaram de compreender melhor e fizeram muitas perguntas. A avó também foi respeitosa e ficou surpresa por toda atenção e material que apoiava nossa prática, mas, sinceramente, acho que, mesmo assim, não consegui convencê-la. Com muito jeito, pedi a ela que agendasse um horário particular para falar mais sobre o assunto, pois a pauta de cada reunião era elaborada considerando o que já foi abordado nos encontros anteriores e esse assunto já havia sido discutido no início do ano.

E você, coordenador, já passou por uma situação assim com pais ou responsáveis pelas crianças? Conte-nos como se saiu!

Um abraço, Leninha