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Por que e como intervir na prática do professor

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
A observação constante da sala de aula permite o coordenador pedagógico perceber se algo precisa ser mudado na prática do professor (Foto: Manuela Novais)

A observação constante da sala de aula permite o coordenador pedagógico perceber se algo precisa ser mudado na prática do professor (Foto: Manuela Novais)

Um dos papéis fundamentais do coordenador pedagógico é melhorar a prática do docente em sala. Para fazer isso, além de fomentar a reflexão sobre conhecimentos teóricos nas reuniões de formação, ele deve ter sensibilidade suficiente para identificar as necessidades da equipe escolar e saná-las.

É claro que atingir esse objetivo não é fácil e, com a observação constante das aulas, sempre percebemos algo que precisa ser mudado. Mas como realizar uma intervenção se, muitas vezes, os professores se mostram incomodados com ela?

Em geral, depois que eu identifico algum aspecto problemático, faço as seguintes perguntas: Preciso intervir imediatamente? É uma questão que se aplica a apenas um ou a vários professores? Devo elaborar um plano de formação? Independentemente da resposta, planejo minhas próximas ações com calma.

Na maior parte das vezes, opto por realizar uma formação com toda a equipe. Só realizo uma intervenção mais direcionada se o problema for mais urgente. Nesse caso, me apoio no que observei em sala, no planejamento do próprio docente ou em algum registro que ele fez. Aí, compartilho com o professor os elementos observados, nomeio a questão e proponho que pensemos juntos em possibilidades de resolução.

Um exemplo prático

Durante uma reunião de pais da turma do 4º ano, na escola em que trabalho, os familiares reclamaram da cobrança que estava sendo feita aos filhos para memorizar algumas contas de multiplicação e divisão. Segundo eles, era a primeira vez que as crianças tinham contato com aquelas operações matemáticas. A docente responsável se justificava, dizendo que acreditava que a prática estava correta, porque os alunos precisavam saber a tabuada de memória e o conteúdo fazia parte do currículo da série.

Naquele momento, só consegui pensar no seguinte: “Como a tabuada havia chegado às mãos dos alunos e como esse conteúdo foi evoluindo ao longo dos anos anteriores? O que pensam e sabem os professores sobre a evolução dos conhecimentos dos estudantes em relação ao campo multiplicativo?”. Como eu ainda não era coordenadora da escola no ano anterior, disse aos pais presentes que analisaria o que disseram e analisaria com a professora da turma se algo deveria ser alterado

Após a reunião, comecei a observar o que se passou com essa turma do 4º ano nos anos anteriores e como esse conteúdo foi tratado até então. Com base nisso, resolvi realizar duas intervenções. A primeira delas foi imediata e teve o objetivo de repensar que tipos de ações precisavam ser feitas antes de a professora cobrar a memorização da tabuada, como atividades que propõem momentos de resolução de problemas.

A outra intervenção foi a longo prazo e se baseou na observação de sala de aula, do caderno dos alunos e do que sabem os professores sobre a evolução do conhecimento matemático nos campos multiplicativo e aditivo. Depois da análise do currículo atual da escola, montei um plano de ação com uma série de momentos individuais e formações coletivas. A intenção era refletir sobre quais conteúdos matemáticos deveriam ser trabalhados em cada série dos anos iniciais do Ensino Fundamental e qual deveria ser o papel de cada professor nesse processo.

O resultado desse trabalho está sendo um longo estudo da organização curricular para que os professores tenham clareza do que devem ensinar. Nesse momento, meu papel é acompanhar essa ação na rotina com mais observações, continuar prestando atenção na fala dos colegas e dos pais e ler registros, planejamentos e materiais que circulam em sala.

E vocês, como costumam intervir quando detectam algo que precisa mudar na prática pedagógica da sua escola? Vocês concordam com a estratégia que utilizei?

Abraços, Eduarda