Complementando o tema do post da semana passada, agora quero dar um exemplo de como o trabalho com pontuação foi levado para a sala de aula seguindo as orientações da formação que realizamos.
A pontuação é um importante recurso para o estabelecimento da coesão e coerência textual. Através desse sistema, o texto é fragmentado de forma hierárquica para melhorar a compreensão do leitor.
No entanto, muitas pessoas acreditam que os sinais gráficos devem se vincular ao ritmo da fala, prática que tem origem em uma tradição de muitos séculos atrás. Na Antiguidade, quando os livros eram copiados à mão e lidos em voz alta, o próprio leitor fazia as suas marcas para guiar a leitura. Com o objetivo de estabelecer um sentido para o que estava lendo, ele os pontuava de acordo com a ideia que queria transmitir.
Isso se reflete ainda hoje na aprendizagem das crianças. Elas são expostas às produções escritas desde os primeiros anos de escolaridade, mas a pontuação é um conteúdo que aparece tardiamente. Até perceberem os usos e funções no interior dos textos, elas passam pelas seguintes fases:
1. Como a pontuação não é observável, não aparece nos trabalhos dos alunos;
2. Os pontos finais e vírgulas são colocados de maneira não convencional e repetitiva;
3. Passam a utilizar a pontuação de acordo com cada gênero discursivo.
Antes de chegar ao domínio do uso desses recursos, os estudantes precisam interagir com o objeto de conhecimento, construir e reconstruir hipóteses a respeito de seu funcionamento e aprender a refletir sobre ele. Ao conversar com os professores durante as formações, percebi que essas ideias não estavam muito claras para eles. Muitos pensavam que o ensino se baseava em uma transmissão de regras do uso de sinais (o ponto servia para descansar, a vírgula para dar uma ‘respiradinha’ e a exclamação e a interrogação para marcar a entonação).
Com base nessa constatação, planejamos o que seria feito em sala de aula.Realizamos as seguintes ações para as turmas do 4º e do 5º anos:
- Análise de produções dos alunos para identificar as necessidades de aprendizagem: quais os sinais mais e menos utilizados e com que frequência apareciam;
- Pesquisa e estudo de diversos materiais impressos;
- Elaboração de estratégias para transformar a pontuação como algo identificável para os alunos, como estimular a observação dos sinais em diferentes gêneros e os efeitos estilísticos de diversos autores;
- Planejamento de sequências didáticas e propostas de redação em duplas;
- Aplicação da revisão coletiva de textos produzidos pela classe;
- Sistematização das discussões realizadas durante as aulas.
Após essas atividades, os docentes utilizaram os registros para avaliar a aprendizagem das turmas. Entre eles estavam planilhas com anotações referentes ao uso da pontuação, gráficos da evolução das produções e um portfólio com os textos de cada um. Esse estudo nos trouxe bons resultados, pois melhorou tanto a escrita dos alunos quanto as metodologias utilizadas em sala de aula.
E na sua escola, como os docentes trabalham com a pontuação?
Abraços,
Eduarda