Uma professora que voltou para sala de aula recentemente, após atuar por 6 anos como assessora adjunta na secretaria de Educação de seu município, veio me pedir ajuda para elaborar os planejamentos para a turma de 4 anos. Ela estava em dúvida de quais encaminhamentos seriam mais adequados. Tivemos o seguinte diálogo:
Eu – A coordenadora pedagógica de sua escola não está te ajudando? Ela seria a pessoa certa para fazer isso, porque eu não conheço os projetos nem sua turma.
Ela – A coordenadora é bem inteligente, sempre leva muitos textos para lermos nos horários de trabalho pedagógico coletivo (HTPCs) e faz grupo de estudos sobre os pensadores da Filosofia, Educação e Psicologia. Além disso, ela elabora vários documentos para a Secretaria de Educação. Por isso, ela é muito ocupada.
A resposta me surpreendeu e, na hora, pensei “como assim?”. Estudar a teoria e não fazer relação com a prática na sala de aula? Ficar elaborando documentos e não acompanhar o que acontece nas turmas da escola na qual é responsável? Insisti:
– Ela te mostrou os planejamentos dos anos anteriores? Explicou como é a rotina e quais são os objetivos e conteúdos a serem desenvolvidos na sua turma?
Depois da conversa, entendi que a coordenadora em questão faz o que chamamos de atuação de gabinete: fica na sala dela o dia todo e não acompanha a prática dos professores, nem atua como parceira mais experiente do docente. Já estamos em meados de março e, até agora, ela não havia ido às salas de aula nem uma vez, mesmo depois de a professora ter solicitado apoio porque queria discutir a integração de uma aluna com deficiência.
Como deve ser a atuação do coordenador?
Atuar como coordenador é ser responsável pela formação dos professores e apoiá-los na sua prática, ajudando-o a olhar para a turma e incentivando a troca de saberes com os colegas. Apenas ler textos teóricos sem relacioná-los com o trabalho pedagógico não ajuda em nada o docente. A formação deve se pautar, portanto, com base no que é preciso acontecer na sala de aula e como está ocorrendo de fato e na observação das aulas com o intuito de conhecer para poder ajudar. Só assim será possível conhecer as crianças, observá-las nas atividades, conhecer as didáticas de cada área de conhecimento e discutir as intervenções e os encaminhamentos mais apropriados para cada atividade, tudo isso amparado pelo estudo e pela constante busca de aperfeiçoamento do coordenador.
Em relação à Secretaria de Educação, certamente ela solicitará documentos, mas esse trabalho não deve tomar mais de uma ou duas horas diárias na rotina.
Você concorda? Como vê o papel e a atuação prática do coordenador pedagógico?
Um abraço, Leninha