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Como usar a dupla conceitualização para entender melhor o ensino e a aprendizagem

POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
(Foto: Manuela Novais)

(Foto: Manuela Novais)

A dupla conceitualização é uma estratégia utilizada pelo coordenador para que os docentes construam conhecimento sobre um conteúdo e também sobre as condições didáticas necessárias para ensiná-lo.

Em certa ocasião, resolvi aplicá-la na escola que coordeno ao notar que os docentes tinham dificuldade em trabalhar com a produção de texto e não conseguiam realizar boas atividades de produção oral. Com base em minhas observações, cheguei à conclusão de que eles não sabiam que papel desempenhavam no momento da produção, quais eram os comportamentos de escritores que os alunos precisavam aprender e como poderiam ajudá-los a produzir versões diferentes dos textos originais.

Levantei então algumas questões: Como organizar uma aula de produção oral com destino escrito? O que fazer quando os alunos apresentam dificuldades em ditar o texto para o professor? Como obter a participação de todos? Quais desafios o docente pode propor para que os alunos compreendam o gênero a ser produzido? Quais são as condições didáticas para que essa atividade aconteça?  Como propor a reescrita de uma história que seja diferente da versão lida pelo professor?

Com base nessas perguntas, planejei uma reunião de formação e propus a reescrita de um conto tradicional que fazia parte do projeto didático do semestre. Para isso, resgatamos alguns conteúdos já discutidos sobre a importância do trabalho com a reescrita e levantamos as dificuldades que os docentes observavam quando propunham a produção oral em sala de aula.

Pedi que eles lessem em casa duas versões diferentes da história Os três Porquinhos , e durante o encontro fiz a leitura de uma terceira versão.  Após a socialização das versões, propus que o grupo produzisse um novo texto coletivo, que seria escrito por mim no papel de professora. A ideia era que os docentes se colocassem no papel de seus alunos. Eles fizeram então uma quarta história e realizei intervenções para mostrar que a atividade era destinada a desenvolver competências nos alunos, e não servir como uma fórmula para ensinar os diferentes gêneros.

Entre as intervenções, destaquei as sugestões de releitura e revisão de trechos, a retomada do roteiro original para recuperar a sequência dos fatos e acontecimentos, a análise da ortografia das palavras e a coesão e coerência do texto. O encontro foi um longo processo de reflexão sobre o que e como fazer para garantir que o leitor compreenda novas versões de uma história.

Posteriormente, realizamos a leitura da produção coletiva e levantamos as estratégias que utilizei para conduzir a atividade, além de outras que poderiam ser aplicadas. Indiquei também a leitura do texto “Situação didática – Produção oral com destino escrito”, do livro Referencial de formação de professores (Cedac e Fundação Vale do Rio Doce, 2002). Por fim, pedi que todos realizassem com os alunos a atividade com o conto que lemos, dentro do contexto do nosso projeto didático sobre narrativas literárias e contos de fadas.

Ao propor uma situação real, possibilitei que eles enfrentassem suas dificuldades, mobilizassem conhecimentos e tomassem consciência do seu papel na prática de produção de textos. E vocês, já realizaram uma situação de dupla conceitualização com os professores? Como foi? Compartilhem!

Abraço,

Eduarda