O ensino tradicional de Matemática costuma ser feito com base em definições, exemplos e exercícios de fixação, em que o aluno deve saber reproduzir o que foi ensinado. No entanto, esse processo trata os problemas como se existisse apenas uma resposta correta e não garante que o estudante realmente aprenda o conteúdo.
Em uma visão mais recente, o que se busca do aluno não é repetir ou refazer exercícios, mas ressignificá-los em situações novas e criar seus próprios conceitos e estratégias. Considera-se que o problema pode ser resolvido de várias maneiras igualmente válidas, e que a resposta deve ser definida em uma parceria entre o educador e os alunos. Nessa perspectiva, a criança é considerada agente da construção do conhecimento, levando em conta a bagagem que ela já possui.
Para colocar essas ideias em prática, uma das estratégias utilizadas é a interação entre pares. Ela contempla três atividades interligadas e complementares: o trabalho individual, o trabalho em pequenos grupos e o momento coletivo.
Em certa ocasião, ao refletir sobre essa questão com uma professora do 5º ano, resolvemos verificar o que os alunos sabiam e como refletiam sobre a divisão exata, considerando dois algarismos no divisor. Elaboramos, então, a seguinte situação-problema para ser aplicada com a turma: Kátia faz salgados para vender. Um dia, ela recebeu uma encomenda de 750 salgados para uma festa de aniversário. Ao terminar de fazer os salgados, ela os organizou em caixas onde cabiam 25 salgados cada. Quantas caixas ela utilizou para empacotar todos os salgados?
A primeira etapa de trabalho foi individual: cada aluno tentou resolver o problema sozinho, enquanto a professora circulou entre as crianças observando as estratégias que utilizavam. Resolver individualmente o problema é extremamente importante, pois considera os alunos como sujeitos que pensam, possuem ideias próprias e precisam explorar e registrar seus pensamentos no papel. Caso haja algum aluno que não consiga desenvolver a atividade, o docente pode fazer intervenções, oferecendo dados e informações que o ajude a pensar.
A segunda etapa foi organizar pequenos grupos (duplas ou trios) para compartilhar as estratégias que cada um havia utilizado. Esse momento garante que os estudantes interajam entre si, expliquem como pensaram, certifiquem se o resultado está ou não correto, analisem a estratégia do colega e argumentem sobre as diferentes hipóteses. Nesse momento, a educadora também observou os grupos e ajudou os alunos a refletir sobre a estratégia do outro.
Para finalizar a atividade, foi proposto um momento coletivo de socialização das aprendizagens dos grupos, promovendo um intercâmbio de ideias. Isso fez com que a turma percebesse que um problema pode ser resolvido de várias maneiras, e também que identificasse e discutisse sobre as incorretas. Nessa fase, cabe ao professor organizar a situação para garantir a participação de todos e promover uma troca de saberes.
Após a finalização, as estratégias podem ser registradas em cartazes, que servirão de apoio para a resolução de novos problemas. Além de desenvolverem laços afetivos entre as crianças, as diferentes formas de organização da sala oferecem novas possibilidades de aprendizagem aos alunos.
E vocês, como organizam as salas para trabalhar com a resolução de problemas? Compartilhe suas ideias!
Abraços,
Eduarda